Pedro do Coutto
Terça-feira que passou não foi um bom dia para a campanha de José Serra à presidência da República. Dois fatos: primeiro, a matéria do repórter Leandro Mazini, publicada no Jornal do Brasil, divulgando os resultados de pesquisa do Ibope no Estado e na cidade do Rio de Janeiro. Segundo, as declarações de Aécio Neves feitas em Belo Horizonte – manchete de página da Folha de São Paulo – de que não existe obrigatoriedade de que um mineiro seja candidato a vice-presidente na chapa de José Serra, embora nomes de Minas possam ser avaliados. As palavras – acentua a FSP – repercutiram mal no comando do PSDB. Deu idéia de que voltar a fala em vice com o ex-governador causa até uma certa irritação. Foram, na realidade, duas duchas frias no comando da oposição.
O Ibope apontou em todo o Estado do Rio de Janeiro 44 pontos para Dilma Roussef, 27 para José Serra e 10 para Marina Silva. A parcela de 19 por cento contém os que ainda não decidiram e aqueles que hoje pretendem anular o voto ou votar em branco. Um diferença de 17 pontos da primeira para o segundo. Na cidade do Rio, a frente em favor da candidata é ainda maior: 25. Ela alcança 46 por cento contra 21 de Serra e 14 de Marina Silva. A mesma faixa percentual de 19 reúne os que ainda não decidiram qual será seu rumo nas urnas de outubro.
O Estado do Rio de Janeiro é o terceiro maior colégio eleitoral do país com 11 milhões e 400 mil eleitores como revelou O Estado de São Paulo em sua edição de segunda-feira. Porém sua importância como amostragem não é apenas essa. É que pode sintetizar um tendência nacional, uma vez que o Datafolha em seu último levantamento apontou um recuo geral do ex-governador de São Paulo e um avanço da ex-chefe da Casa Civil.
Se os números do Ibope no Rio de Janeiro representarem uma tendência nacional a ser confirmada pelas próximas pesquisas, o panorama fica muito ruim para José Serra e muito bom para Dilma Roussef. Sobretudo porque o patamar de indecisos e dos que no momento se dispõem a esferilizar seus votos tende a baixar sensivelmente. Não passará, no final, da metade da escala atual. E se Serra encontra-se em queda, será ele o menos indicado para obter uma decisão dos que se encontram indecisos à espera de uma inspiração que só o desenrolar da campanha possibilita. O movimento contrário projeta-se naturalmente no sentido de Roussef. Inclusive o percentual de Marina Silva vai baixar com o passar dos dias e, principalmente, a partir do início da campanha na televisão. Ela – todos os levantamentos coincidem – não possui a menor possibilidade de êxito. Hoje, há um impulso romântico que mantém a atração de uma parcela expressiva do eleitorado em sua direção. Mas política é, sem dúvida, a luta pelo poder. A partir do instante em que seus adeptos sentirem a absoluta impossibilidade, ela vai inevitavelmente recuar da altura em que se encontra. Todas as eleições são assim. Quem será mais beneficiado?
Pra o governo do RJ, Sérgio Cabral lidera disparado com 43 por cento. O Datafolha acusou 41 pontos para ele. Os números coincidem. Divergem quanto a segunda colocação. O Datafolha apontou 19 para Fernando Gabeira e 18 para Anthony Garotinho, cuja candidatura passou a depender do que decidir o TSE. O Ibope encontrou 21 para Garotinho e apenas 12 para Gabeira. Vinte e quatro por cento estão indecisos entre anular e escolher um candidato. A divergência entre o Datafolha e o Ibope, neste caso, é total. Vamos esperar as próximas pesquisas para definir a dúvida. Estão vindo por aí.
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