Presidente do PMDB descarta ruptura, mas diz que manifesto é alerta a Dilma
Ana Cláudia Barros
Marina Dias
"A insatisfação da bancada do PMDB começa pelas eleições municipais", diz Raupp
Após o manifesto antipetista do PMDB se tornar público, com críticas à maneira de governar do PT e da presidente Dilma Rousseff, o maior partido aliado do governo se tornou foco de observação do Palácio do Planalto. Segundo o presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), o documento assinado por 45 deputados peemedebistas - quase 60% da bancada do partido na Câmara - não significa uma ruptura com o governo. "É mais um alerta", disse.
Em conversa com Terra Magazine, o presidente afirmou que a ideia de produzir o manifesto começou em uma reunião na sala da presidência do PMDB, sedida por ele, na tarde de quarta-feira (29), com deputados do PMDB-RS, como Osmar Terra, Alceu Moreira e Darcísio Perondi. Segundo Valdir Raupp, são "inúmeras" as insatisfações do PMDB em relação ao governo mas, com as conversas da presidente com lideranças da base, "isso deve acalmar logo".
"A insatisfação da bancada começa pelas eleições municipais, porque há um trabalho intenso para neutralizar candidaturas do PMDB em várias cidades do país e as eleições deste ano são muito importantes para quem está visando 2014. Não queremos cargos, isso é secundário para mim e para grande parte do partido. O foco é 2012 e 2014", enfatizou o peemedebista.
Raupp afirmou ainda que não tem conhecimento de que o vice-presidente Michel Temer apoie o manifesto contra a "hegemonia petista" e explicou que a liderança do partido na Câmara, na voz de Henrique Eduardo Alves (RN), liberou o movimento. "Quando o número de assinaturas ficou expressivo, o melhor a fazer foi liberar mesmo... mesmo que ainda não tenha chegado ao Senado", explicou.
"Estratégia equivocada"
O apoio de Alves ao manifesto ajudou a municiar ainda mais as críticas de caciques peemedebistas, insatisfeitos com o enfrentamento que o parlamentar tem travado com o governo nos últimos meses. O entedimento de alguns dirigentes é de que a postura adotada pelo líder diante do levante é equivocada e só provocará mais "atrito na base".
"Henrique está errado de novo. Primeiro, porque está criando um problema com o Michel (Temer). Segundo, como ele quer ter o apoio do PT, que é o dono da vaga (para a presidência da Câmara), espizinhando o partido? A função do líder é conversar com a bancada, ver quais são os questionamentos, as reclamações e levar isso a quem é de direito", disse um integrante da alta cúpula do PMDB, destacando que, inicialmente, o movimento dos deputados era contra o próprio Henrique Eduardo Alves e que, por isso, seu apoio à bancada provocou estranhamento.
O cacique enfatizou que a estratégia do líder do PMDB na Câmara será mal vista pelo Planalto. "Henrique não pode ser, depois de dez mandatos, inocente em achar que o governo não sabe que ele está apoiando isso. Se o capitão-mor da bancada dele, se o comandante do Henrique, que é o Eduardo Cunha, está à frente desse movimento, obviamente está combinado com o Henrique. Será que ele acha que o Palácio não sabe que esta é uma estratégia de pressão"?
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