Merval Pereira ingressará no PSOL?
Por Altamiro Borges
Merval Pereira, o “imortal” da Academia Brasileira de Letras, deveria se dedicar mais aos seus “talentos literários”. Na política, ele só tem se dado mal. No ano passado, ele sofreu baita frustração com a cassação do “ético” Demóstenes Torres, o senador demo que ele tanto bajulou nas páginas de O Globo. Agora, nesta semana, ele voltou a se decepcionar com o seu partido do coração, o PSDB, por causa da traição de vários tucanos que votaram em Renan Calheiros. Deprimido, ele hoje ele fez rasgados elogios ao... PSOL!
Para o “analista político”, as traições dos tucanos na votação do Senado “são consequência da esterilização da política levada a efeito pelo governo petista”. No seu entender, todos os partidos foram cooptados pelo PT desde quando Lula buscou “montar uma maioria que fosse forte o suficiente para prevenir qualquer nova possibilidade de impeachment”. Para ele, a eleição da presidência do Senado poderia ajudar a reverter este quadro, mas novamente vingou o “pragmatismo”. Neste cenário, afirma pessimista, só sobrou o PSOL:
“A ‘Política com P maiúsculo, a política que é História’, como definia Joaquim Nabuco, sempre renasce, garante, esperançoso, o documento do PSOL. Nessa luta, não se trata de checar ideologias ou apoiar programas partidários. Trata-se de unir os poucos que ainda acreditam nessa política para ‘acertar o passo do Legislativo Nacional com as grandes questões que afetam a vida do nosso povo’. Mas isso não passa de um sonho. O pragmatismo de Lula tratou de colocar os 300 picaretas, que um dia denunciou, ao seu lado, não para garantir a governabilidade como apregoam, mas o pedaço de cada um no imenso butim nacional”.
A desilusão de Merval não significa que ele tenha qualquer coisa contra o senador alagoano. Quando Renan foi ministro da Justiça de FHC, ele nunca lhe fez maiores críticas. Ela também não se deve a questões éticas – afinal, o jornalista sempre garantiu visibilidade a notórios corruptos. Na sua coluna no jornal e nos comentários na TV Globo, Merval militou para derrotar Renan por razões políticas. O seu desejo explícito era o de debilitar a “ampla maioria” do governo, inclusive possibilitando futuros processos impeachment.
Já a sua declaração de amor ao PSOL também se dá por razões políticas. Ele propõe uma aliança tática, momentânea. Como ele mesmo enfatiza, “não se trata de checar ideologias ou apoiar programas partidários”. Do ponto de vista estratégico, Merval Pereira detesta o PSOL. A legenda se proclama socialista; e o colunista é um neoliberal convicto, um adorador do “deus-mercado”. O partido presidido pelo deputado Ivan Valente defende Hugo Chávez e a revolução bolivariana; Merval já “matou” o presidente venezuelano várias vezes. O PSOL também luta pela regulação democrática da mídia, o que causa calafrios fascistóides no jornalista da famiglia Marinho.
Respondendo à pergunta do título: Merval Pereira não ingressará no PSOL. Que o seu artigo de hoje no jornal O Globo não seduza algum parlamentar do partido mais “pragmático”!
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