PSDB, DA PETROBRAX, ENSINA COMO GERIR A PETROBRAS.
PSDB, da Petrobrax, ensina como gerir Petrobras
Tucanos fazem seminário em Brasília, nesta terça-feira 12, para dar sua fórmula de gestão para a estatal presidida por Graça Foster; “Recuperar a Petrobras é o nosso desafio – A favor da Petrobras, a favor do Brasil”; repetição do nome da empresa é fundamental para o partido; no governo FHC, em 2000, proposta foi a de mudar o nome da estatal para Petrobrax, em sinal de preparação para privatização; documento oficial resgatado por 247 (acima), de 1999, mostra comunicação do Ministério da Fazenda ao FMI com promessa de vender “ações não-votantes da PETROBRAS” e, antes, dar início a desembarque público do Banco do Brasil, da Caixa e do BNDES; qual é a ideia agora, privatização de novo?O PSDB está preocupado com a maior empresa do País, a Petrobras. A queda de cerca de 40% no valor das ações da companhia nos últimos meses, motivada, basicamente, pela decisão de segurar altas nos preços dos combustíveis ao consumidor, está levando o partido a centrar críticas na gestão da estatal presidida por Graça Foster.
Nesta terça-feira 12, no Congresso Nacional, em Brasília, os
tucanos realizam o seminário “Recuperar a Petrobras é o nosso desafio –
A favor da Petrobras, a favor do Brasil”, no qual debaterão os atuais
problemas e apontarão suas soluções para a companhia. A repetição do
nome Petrobras no título pode ter sido proposital.
Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), a
natural preocupação do PSDB com a estatal já existia. A ponto de, num
Memorando de Política Econômica do Ministério da Fazenda, datado de 8
de março de 1999 (trechos abaixo), os responsáveis pela área econômica
deixarem claro que, conforme combinado antes com o FMI – Fundo
Monetário Internacional -, estava mantida a intenção de vender “o
restante de suas ações não-votantes da PETROBRAS”. O trecho, retirado
do tópico 27 do Memorando, subtítulo Políticas Estruturais, é o
seguinte:
“O Governo também anunciou que planeja vender ainda em 1999 o
restante de sua participação em empresas já privatizadas (tais como a
Light e a CVRD) bem como o restantes de suas ações não-votantes na
PETROBRAS. O arcabouço legal para a privatização ou arrendamento dos
sistemas de água e esgoto está sendo preparado. O Governo também
pretende acelerar a privatização de estradas com pedágios e a venda de
suas propriedades imobiliárias redundantes. Estima-se que a receita
total do programa de privatização para o ano de 1999 seja de R$ 27 8
bilhões (quase 2 8 por cento do PIB) (do total cerca R$ 24 2 bilhões
serão gerados no nível federal) com mais R$ 22 5 bilhões no período
2000 – 2001.”
Neste mesmo documento, no ponto 18 (Políticas Financeira e
Monetária), o governo de FHC fazia profissão de fé em “possíveis
alienações de participações” em instituições como o Banco do Brasil, a
Caixa Econômica Federal e o BNDES. Da seguinte forma:
“Ademais o Governo solicitou à comissão de alto nível encarregada
do exame dos demais bancos federais (Banco do Brasil Caixa Econômica
Federal BNDES BNB e BASA) a apresentação até o final de outubro de 1999
de recomendações sobre o papel futuro dessas instituições tratando de
questões como possíveis alienações de participações nessas instituições
fusões vendas de componentes estratégicos ou transformação em agências
de desenvolvimento ou bancos de segunda linha. Essas recomendações
serão analisadas e decisões serão tomadas pelo Governo antes do final
do ano sendo que as determinações serão implementadas no decorrer do
ano 2000. O Governo já se decidiu sobre a privatização da
administradora de ativos afiliada ao Banco do Brasil (BB/DTVM) e do
Instituto de Resseguros do Brasil (IRB BRASIL-RE).”
O pano de fundo do Memorando foi a primeiro acordo daquele governo
com o FMI e o Banco Mundial, empréstimo de US$ 41,5 bilhões consumado
em novembro de 1998. Tratava-se de uma atualização de compromissos com
os organismos internacionais de crédito. Mais dois empréstimos seriam
tomados pelo governo junto ao FMI, dentro das mesmas bases de política
econômica, em agosto de 2001 (US$ 15,7 bilhões) e agosto de 2002 (US$
30 bilhões).
Os tucanos sempre negaram a iniciativa de privatizar a Petrobras,
mas, em 26 de dezembro de 2000, numa espécie de presente de Natal
atrasado em 24 horas, o então presidente da estatal, Henri Philippe
Reichstul, anunciou como fato consumado a mudança de nome da companhia.
A Petrobras passaria a se chamar Petrobrax. “Perdemos o monopólio em
1997, mas o nome (da empresa) continuava associado a ele”, justificou
Reichstul. A mudança do S para o X, explicou ele, durante entrevista
para apresentação da nova logomarca (foto abaixo), fora estudada
durante oito meses, e já contava com o aval do Conselho de
Administração da companhia. O custo desse processo, soube-se depois,
por outras fontes, fora de R$ 70 milhões em estudos de marketing.
Senadores da oposição reagiram fortemente e, tanto a decisão não pegou
bem que já no dia 28 de dezembro daquele ano o porta-voz da Presidência
da República anunciava que Fernando Henrique em pessoa determinara a
Reichstul para abortar os planos e manter a Petrobras como Petrobras –
deixando por isso mesmo a Petrobrax.
Nesta terça 12, em Brasília, os tucanos retomam o debate. O
seminário “Recuperar a Petrobras é o nosso desafio – A favor do Brasil,
a favor da Petrobras” deve começar às 14h, em um dos plenários da ala
das comissões da Câmara. Também estarão presentes integrantes do DEM e
PPS. Entre os tucanos, já confirmaram presença o presidente nacional do
PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE) e o presidente do Instituto Teotônio
Vilela, ex-senador Tasso Jereissati. O senador Aécio Neves (MG) deve
fazer um pronunciamento. Haverá palestra dos quatro autores do livro
“Petróleo – reforma e contrarreforma do sistema petrolífero
brasileiro”: Wagner Freire, engenheiro, geofísico e ex-diretor da
Petrobras, Luiz Paulo Vellozo Lucas, ex-prefeito de Vitória (ES),
engenheiro e funcionário de carreira do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Adriano Pires, economista e
diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), e Alfredo
Renault, engenheiro químico e superintendente da Organização Nacional
da Indústria do Petróleo (Onip). O prefácio do livro é de FHC. Ele não
participará do seminário porque está fora do país.
A expectativa é: os tucanos irão propor claramente a privatização
da Petrobras e a retomada do projeto Petrobrax ou, agora, têm outra
alternativa para a estatal?
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