Suíça e os ricaços. E se a moda pega? Blog do Miro
Por Altamiro Borges
No domingo passado, um inusitado plebiscito na Suíça apontou que 67,9% dos votantes apoiam um projeto contra as “remunerações abusivas” no mundo empresarial. A consulta democrática, batizada de “iniciativa contra os gatos gordos”, confirmou que há uma forte indignação na sociedade contra os altos salários e os privilégios dos ricaços. Enquanto uma minoria ostenta riqueza, a maioria sofre as consequências da crise capitalista no velho continente, com a explosão do desemprego, o arrocho salarial e a regressão trabalhista.
Entre outras medidas, o projeto prevê que caberá à assembleia-geral de acionistas votar, a cada ano, a soma global das remunerações do conselho de administração e da diretoria. Ele também veta os “paraquedas dourados”, como são chamados os bilionários bônus concedidos aos “gatos gordos” quando deixam a empresa, e os prêmios por compra ou venda de companhias. Num país famoso por guardar os segredos dos ricaços, o plebiscito representa “uma pequena revolução”, conforme alertou o jornal Monde.
A revolta contra os “salários abusivos” foi detonada no mês passado, depois que o presidente da empresa Novartis, Daniel Vasella, foi obrigado a abrir mão de uma “indenização” de 72 milhões de francos suíços (R$ 150 milhões). A rápida mobilização popular forçou a realização do plebiscito nacional, previsto em lei, no qual 46% dos eleitores do país compareceram às urnas. Caberá agora ao parlamento transformar o projeto em lei. As entidades empresariais, porém, já anunciaram que tentarão sabotar a sua aprovação.
O plebiscito na Suíça é expressão do agravamento da crise capitalista e do aumento da indignação popular, com a explosão de várias revoltas – indignados da Espanha, grevistas de Portugal e da Grécia, movimento “Ocupe Wall Street” nos EUA. Em decorrência desta pressão, o capital é obrigado a recuar, mesmo que seja adotando medidas cosméticas. Desde a eclosão da crise, em 2008, Alemanha, EUA e outros países já aprovaram leis para controlar os salários dos executivos – mas sem tocar nos lucros do capital.
Como observa Vladimir Safatle, em artigo na Folha, “aplicada ao Brasil, uma lei como essa aprovada pela Suíça levaria as empresas a se preocuparem com a competitividade, dando salários decentes para seus funcionários, em vez de tentar utilizar a última teoria de administração da moda para justificar extorsões produzidas por seus executivos”. Ele lembra que 94% dos empregos formais criados no Brasil nos últimos dez anos têm remuneração de, no máximo, um salário mínimo e meio. No outro extremo, os empresários e seus executivos esbanjam em fortunas e vive na opulência. Aí se a moda suíça pega no Brasil!
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Carlos Augusto de Araujo Dória, 82 anos, economista, nacionalista, socialista, lulista, budista, gaitista, blogueiro, espírita, membro da Igreja Messiânica, tricolor, anistiado político, ex-empregado da Petrobras. Um defensor da justiça social, da preservação do meio ambiente, da Petrobras e das causas nacionalistas.
quarta-feira, 6 de março de 2013
POLÍTICA - E se a moda pega?
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