Apesar do apelo ao diálogo, violência volta ao leste da Ucrânia
O chanceler russo Serguei Lavrov enfatizou a incompatibilidade da realização de eleições na Ucrânia, em 25 de maio, com a operação militar do governo interino contra civis, no leste. Nesta sexta-feira (9), as comemorações do Dia da Vitória foram marcadas pelo ataque militar, inclusive com tanques, ao centro da cidade de Mariupol, na província de Donetsk. Duas pessoas morreram e oito ficaram feridas, de acordo com a agência de notícias Interfax.
Russia Today
Tanques
enviados pelo governo interino ucraniano invadem a cidade de Mariupol,
no leste, durante as comemorações do Dia da Vitória contra a Alemanha
Nazista, nesta quinta (8).
Na quinta-feira (8), Lavrov havia conversado por telefone com seu
homólogo francês, Laurent Fabius, reiterando a urgência de um diálogo
político nacional para a reforma constitucional que garanta os
interesses de todas as forças nas distintas regiões.Lavrov também aludiu à tragédia em Odessa, quando grupos neonazistas atearam fogo em um sindicato, em um incidente que deixou entre 40 e cerca de 100 mortos, segundo fontes locais. Para o chanceler russo, este foi um exemplo da preocupação pela crescente militarização do país europeu e pela intensificação dos atos violentos.
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A situação voltou a agravar-se, entretanto, nesta sexta, enquanto civis comemoravam o Dia da Vitória (contra a Alemanha nazista, em 1945) na cidade de Mariupol, na província oriental de Donetsk. As forças militares, comandadas pelo governo interino ucraniano, cercaram o edifício local do Ministério do Interior, onde a polícia havia montado barricadas, recusando-se a cumprir as ordens de Kiev. Depois de os residentes terem começado a fugir do local, os soldados abriram fogo contra os civis, deixando dois mortos e oito feridos, de acordo com testemunhas locais.
Os residentes que reivindicam a federalização da Ucrânia, exigindo um referendo sobre a questão, gritavam contra os “fascistas”, enquanto as forças de Kiev aproximavam-se. Um dos veículos militares blindados que invadiram o centro da cidade abriu fogo contra um grupo de civis desarmados, de acordo com a Interfax, citando representantes das forças de autodefesa organizadas na região.
“Às 12h50,14 tanques foram vistos aproximando-se desde uma base rural em direção a Mariupol. De acordo com fontes médicas, há dois mortos e oito feridos,” afirmou o portal 0629.ua.
O portal também relatou que “na avenida Lênin, duas pessoas ficaram gravemente feridas – uma na cabeça e outra no estômago,” e que não se sabe ainda quantas pessoas, entre as feridas, sobreviveram. O principal edifício do Ministério do Interior também foi incendiado, de acordo com o mesmo portal de notícias.
“Pessoas com uniformes camuflados estão invadindo o departamento do Ministério do Interior na cidade. Um ônibus com soldados aproximou-se desde uma unidade militar localizada na vizinhança de Mariupol. Policiais que se recusam a obedecer as ordens do regime estão sendo detidos,” afirmou um membro das forças de autodefesa à Interfax.
Segundo a mesma fonte, “como resultado, as autoridades de Kiev decidiram invadir o edifício do departamento do Ministério do Interior na cidade e os policiais estão disparando de volta, [mas] o prédio está cercado.”
Grande parte dos residentes do leste ucraniano afirma não reconhecer a legitimidade do governo interino em Kiev, já que assumiu o poder de forma inconstitucional, após o golpe contra o governo do presidente Viktor Yanukóvich, respaldado pelas potências ocidentais apesar das expressões fascistas da extrema-direita empossada.
Da Redação do Vermelho,
Com informações das agências e da emissora Russia Today
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