A Pesquisa Isto É–Sensus e o fim da estratégia de “uma cama para três”.

Dilma ainda se elege no 1º turno, mas Eduardo Campos está fora do jogo.


Pesquisa Sensus de intenção de votos para a eleição presidencial de 2014, divulgada pela Revista ISTO É de 03/05/2014, permite várias leituras. Uma delas é a de que Aécio rompeu o pacto de não agressão com Eduardo Campos e “partiu para cima”.
A pesquisa apresenta uma série de fragilidades estatísticas ou espertezas, leia como quiser quem não é partidário de Aécio Neves, pois ele é o grande beneficiário dela. As tais fragilidades estão muito bem descritas por José Roberto de Toledo, no Estadão.
Até o momento de sua divulgação, após os discursos de Dilma no 1º de Maio e o de Lula no 14º Encontro do PT, onde Dilma foi sagrada pelo próprio Lula como a única candidata do partido, é estranho, mas favorável à oposição.
Há um hiato de uma semana, a pesquisa foi feita antes (entre 22 e 25 de abril), mas só divulgada agora. Seus resultados podem ter sido, e com certeza foram, influenciados por aqueles dois eventos, mas o momento da divulgação faz parecer que eles não tiveram maior impacto no eleitorado.
Esperteza? Leia como quiser quem não é partidário de Aécio Neves.
Uma hora o rompimento entre Aécio e Eduardo Campos iria acontecer. Em uma eleição em dois turnos, no 1º turno, o segundo colocado briga com o terceiro para ver quem vai para o 2º turno. Aí, começa outra eleição. Portanto, até o presente momento, o adversário de Aécio é Eduardo Campos e vice versa.
Só o fim do pacto justificaria a divulgação dessa pesquisa.
Na prática, ela não muda nada, Dilma ainda vence no primeiro turno.
Na pesquisa estimulada com apenas os três primeiros colocados, Dilma tem 35% dos votos e a soma de Aécio e Eduardo Campos resulta em 34,7%. Como bastam 50% mais um voto para ganhar uma eleição, Dilma se elege no 1º turno.

Com o empate técnico, a esperteza estatística, aqui, seria somar a margem de erro da pesquisa (2,2%) a favor da oposição, embora, o erro, por aleatório que é, possa acontecer para qualquer um dos dois lados.
Aliás, mesmo com a diluição de votos provocada pelos candidatos dos “partidos nanicos”, Dilma leva no 1º turno. Dilma tem 34% e a soma de todos os outros resulta em 32,3%. Ou seja, os “nanicos” tiram mais votos da dupla Aécio-Campos do que de Dilma.
Os petistas poderiam até alegar que Aécio, com 23,7%, está em terceiro lugar, atrás de “indecisos, brancos e nulos” que possuem 30,4% das intenções de voto. Como Dilma ainda não entrou na campanha, mas Aécio sim, não é possível saber para onde esses votos irão com Dilma e Lula mostrando os dentes a partir de agora.  Aécio está há meses na mídia batendo no governo.  
Até porque, corrupção e inflação, os temas em que a mídia centrou fogo cerrado contra o governo, não são as principais preocupações dos eleitores. Aparecem em 4º (9,9%) e 8º (1,4%) lugares, respectivamente. Para as duas primeiras, saúde (44,6%) e educação (11,3%), Dilma tem o “Mais Médicos” e os PROUNI e PRONATEC e a oposição nenhuma proposta.

Enfim, como a Isto É-Sensus nos prometem mais 4 pesquisas, aguardemos. Nesta, quem deve ser preocupar é Eduardo Campos, pois parece que Aécio resolveu cantar a velha canção onde “em uma casa de caboclo, um é pouco, dois é bom e três é demais”.