Madalena Parisi Duarte, jornalista
Agressões com paus, pedras, ovos podres, empurrões, xingamentos. Em decorrência, ferimentos e muita dor. Tal foi a atitude de alguns organizadores e participantes do evento puxada de cavalos, realizado em Pomerode, SC, domingo passado, em represália à presença de membros de algumas ONGs de proteção animal que, democrática e pacificamente, manifestavam seu protesto contra essa prática indigna e que confronta a Constituição e outras leis de âmbito federal.
A repercussão negativa fora de nosso Estado não tardou, conforme o comprova o manifesto da doutora Irvênia Prada, médica veterinária e professora emérita da Universidade de São Paulo (USP), docente e orientadora no curso de pós-graduação em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, consultora, parecerista e articulista, autora dos livros A Alma dos Animais e A Questão Espiritual dos Animais, a seguir reproduzido.
“É lamentável que a população do maravilhoso Estado de Santa Catarina permita que uma minoria de consciência adormecida persista na prática inaceitável da utilização de animais de maneira cruel e desumana, em deprimentes espetáculos chamados de diversão, como a farra do boi e, agora, as puxadas de cavalos. Como médica veterinária, sei que o esforço físico exagerado, que no caso é imposto aos cavalos nas atividades de puxadas (sendo obrigados a arrastar pesos de até duas toneladas por 10 metros), pode levar a um quadro de exaustão muscular conhecido tecnicamente como rabdomiólise, que se caracteriza por uma lise do tecido muscular, ou seja, uma destruição da estrutura muscular, o que resulta metabolicamente em insuficiência renal e sofrimento orgânico, que pode culminar com a morte. Há também, nestes casos, sobrecarga das funções cardiovascular e respiratória, com elevação da pressão arterial, além de sofrimento mental, o que ocorre pela situação de subjugação a que o animal se acha submetido. O ser humano, de inteligência tão pródiga na aquisição de tantas conquistas científicas e tecnológicas, já teria condições de recorrer à vivência de harmonia com os animais e outros elementos da natureza, o que certamente lhe dignificaria a personalidade. Sabendo também que o silêncio dos bons representa sempre um fator de engrandecimento das ações dos irresponsáveis, faço votos para que a população se insurja contra essa prática absolutamente inaceitável por todos os padrões de ética que se possam imaginar.”
MADALENA PARISI DUARTE é Jornalista
Artigo publicado simultaneamente no jornal de Santa Catarina, Blumenau-SC.
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