Ronaldo acha cartilha de Dunga “exagerada” e diz que seleção de 2006 não saiu da linha
Por Luciano Borges
A cartilha do Dunga - uma série de normas de comportamento que incluem “comprometimento” total em treinos e jogos, poucas entrevistas e folgas, contato limitado com torcedores, parentes e empresários - é um exagero. A opinião é do atacante Ronaldo que, nesta segunda-feira, se tornou “tuitero patrocinado” por uma empresa de telefonia.
O atleta corintiano gosta de Dunga, mas não aceita o discurso do treinador que repete sempre: “Vocês não queriam que o que houve em 2006 não se repetisse?”. Atrás da pergunta vem a imagem de que o grupo dirigido por Carlos Alberto Parreira perdeu o foco no Mundial.
“É uma forma dele puxar a sardinha para o lado dele”, disse Ronaldo ao Blog do Boleiro, depois da entrevista coletiva desta segunda de manhã. Para ele, trata-se de dizer que o comportamento dos jogadores mudou, ficou mais sério e focado. “Mas o grupo de 2006 estava focado”, afirmou.
Blog do Boleiro – Você trabalhou com o Dunga em duas Copas do Mundo. Em 1994, ele montou uma espécie de quartel-general com Ricardo Gomes e Jorginho, que controlava e criava uma série de regras para os jogadores.
Ronaldo – Eram jogadores experientes, que quiseram evitar erros do passado. Trabalhei com ele e ele é um cara sério, que exercia uma liderança muito grande. Ele é bravo. Com experiência, ele exerceu uma liderança muito boa.
Há muita semelhança no comportamento dos jogadores exigido por ele em 1994 e o que ele vem fazendo hoje na seleção brasileira?
Acho que é exagerado e é mais, como vou dizer, mais para puxar a sardinha pro lado dele. Falou-se muito em 2006, mas a seleção brasileira agiu da mesma maneira que se faz agora. Não teve nada de errado lá. E sempre, na seleção, existiram grupos fechados, grupos de amigos. O que determina muito as críticas ou não ao comportamento são vitórias e derrotas.
O Adriano disse uma vez que, quando não faz gols, qualquer coisa que ele faça vira notícia ruim. E que, quando faz seus gols, tudo passa. É isso?
Eu que o diga. A cada gol que marco, fico mais magro. Quando não estou bem, as críticas começam e entram até na vida particular. Contra o Flamengo, fui criticado porque joguei com pouca mobilidade. O campo estava alagado. Ninguém mostrou mobilidade num gramado daqueles. Mas sobrou para mim.
Na entrevista coletiva você disse que não andou bem neste primeiro semestre, mas que “tem pouca gente jogando muito bem por aí”. Na sua posição, isso acontece?
Não tem mesmo nenhum atacante se destacando muito. O destaque é o Neymar, pelo momento em que está vivendo. O Luis Fabiano se garante muito bem. O Adriano também. O Neymar ainda pode repetir uma história legal que começou com Pelé em 1958, passou por mim em 1994 e pode se repetir agora com ele. Eu e Pelé com 17 anos e ele com 18.
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