É de fundamental contribuição para a nossa história, a série de reportagens recentemente veiculadas, dentre outros, pela Rede Record de TV, a revista IstoÉ e a Folha de S.Paulo sobre episódios ainda obscuros dos tempos da ditadura militar no Brasil, relacionados a desaparecidos políticos.
A Folha na semana passada, a Isto É desta semana e a Rede Record ontem, por exemplo, veicularam matérias sobre as investigações relacionadas a valas clandestinas para o sepultamento de desaparecidos políticos no cemitério de Vila Formosa, em São Paulo. Outras valas já foram ali encontradas nos 80 e 90.
Tudo indica que lá estão os corpos de alguns dos bravos da Vanguarda Popular Revolucionário (VPR) e da Aliança Libertadora Nacional (ALN). Tratam-se de heróis, amigos e companheiros dos anos de luta da minha geração, que por amor ao Brasil, arriscaram a vida engajando-se na luta armada na qual enfrentaram o Estado opressor e tirânico montado pela ditadura militar.
Marcados para morrer
Ontem, outro exemplo: no Jornal da Record, vocês puderam conhecer a história de João Leonardo da Silva Rocha, levado para o exílio em Cuba como um dos presos políticos trocados pelo embaixador norte-americano Charles Elbrick, sequestrado em 1969.
João Leonardo foi assassinado a tiros em 1975, em Palmas de Monte Alto, no interior da Bahia, em confronto com a polícia baiana. O caso foi encerrado oficialmente como uma questão de disputa de terras. Uma mentira deslavada porque João Leonardo, como bem explica em entrevista à Record nossa amiga comum Ana Corbisier, era um dos exilados em Cuba, condenados à morte pelo regime de opressão brasileiro, caso retornasse ao país.
Por amor ao Brasil e para lutar pelo direito à liberdade e à democracia, João Leonardo, como muitos outros, voltou para nosso país. Pagou com a vida para que hoje pudéssemos respirar a liberdade e a democracia e, por exemplo, eleger a primeira mulher presidente do Brasil, Dilma Rousseff, uma legítima representante daquela geração-68, também torturada e presa durante três anos em presídio político de São Paulo.
Exemplos de coragem
Até hoje, os corpos de muitos desses corajosos amigos, companheiros, e militantes da liberdade não foram encontrados. Tampouco, seus familiares sabem em toda a extensão o que aconteceu com eles. Aguardam, assim, o momento para um dia sepultá-los dignamente.
O país lhes deve isso. A verdade é um direito inquestionável de todos nós. Também esta, um dia virá à tona, ainda que demore e que aqueles que os assassinaram e covardemente esconderam tais atos imaginem que isso nunca acontecerá.
Fonte: Blog do Zé Dirceu.
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