sábado, 25 de dezembro de 2010

POLÍTICA - A dupla derrota da direita em 2010.

Do blog Democracia&Política.

“A oposição conservadora perdeu a eleição presidencial e afundou-se no pântano da desagregação. Para o futuro, precisará decifrar o enigma da enorme aprovação popular de Lula no final do governo

Por José Carlos Ruy

A direita, capitaneada pelo PSDB e pelo DEM, com o PPS como coadjuvante, sofreu uma dupla derrota em 2010.

A primeira foi causada pela alienação de dirigentes políticos que não compreenderam as mudanças políticas ocorridas nos últimos oito anos e acreditaram que seu discursinho chocho baseado na “competência” e na “boa governança” ainda podia sensibilizar um eleitorado beneficiado por um governo que, pela primeira vez em décadas, teve o bem estar do povo e a economia e a soberania nacional entre suas principais prioridades. Foi a derrota da alienação de gente que nunca falou a linguagem do país e dos brasileiros, mas a dos donos do dinheiro. Vivendo ainda em um passado político superado, sonharam com vitória fácil sobre a candidata das forças democráticas, progressistas e patrióticas; fizeram uma iníqua campanha eleitoral e perderam.

A outra derrota foi a da soberba. O candidato tucano, autoungido para a disputa presidencial, colecionou adversários particularmente entre seus próprios partidários e aliados. Agindo como se tivesse direito ‘por la gracia de dios’ ao mandato presidencial após Lula, como os fundamentalistas religiosos que o cercaram pareciam crer, começou fugindo de qualquer consulta democrática dentro de seu próprio partido, atropelou as pretensões do tucano mineiro Aécio Neves, fez uma campanha errática, e perdeu, deixando um saldo de desagregação dentro de seu próprio partido, o PSDB.

A DERROTA DA ALIENAÇÃO

Essas duas derrotas começaram a ser desenhadas já no final de 2009, quando houve o embate com Aécio Neves. E a pretensão tucana era do tamanho do bico da ave. A campanha ainda não estava oficialmente nas ruas e a revista Veja pretendeu fincar a imagem de Serra como um “pós-Lula”. Imaginaram que a autopropaganda de um Serra “mais preparado” o ajudaria a vencer uma Dilma que, diziam, era o “poste de Lula”. Calculavam que, mal aberta a campanha eleitoral e a propaganda no rádio e na tevê, Serra decolaria. Mas sua carreira foi, como registrou naqueles meses o jornalista Elio Gaspari, uma cavalgada rumo ao nada.

Para desespero do tucanato, já no início de julho Dilma e Serra estavam empatados nas pesquisas de opinião, na faixa dos 39%, e a popularidade de Lula explodia, beirando os 80% e alimentando as expectativas favoráveis em relação a Dilma Rousseff, numa projeção crescente que se manteve até o final da disputa e consagrou a vitória de Dilma e das forças avançadas reunidas em torno de sua candidatura. Era a “onda vermelha” que já se prenunciava.

Serra colecionou descalabros. A escolha do vice foi um desastre provocado pela prepotência do candidato, que não levou em conta nem ouviu seus aliados e, no final, improvisou indicando um vice sem envergadura para o segundo principal posto da República, o de substituto legal do presidente. E que trouxe consequências danosas para uma aliança política trincada como a que se reuniu em torno de José Serra.

O destempero tucano face a uma realidade política que se recusava a seguir o roteiro imaginado pela politicologia emplumada começou a se traduzir também na baixaria que passou a dominar a campanha. Serra ainda mantinha um comportamento ambíguo. Ora ainda se apresentava como um “pós-Lula” e uma espécie de herdeiro ilegítimo do presidente (chegou a apresentar, indevidamente, a imagem de Lula em seu programa de televisão). Mas usou imagens fortes e caluniosas, sugerindo a conivência do governo com o tráfico de drogas, com as FARC e com a criminalidade, e a complacência com o governo boliviano que, disse Serra, era cúmplice do contrabando de drogas para o Brasil.

Ainda em maio, Serra introduziu o tema do aborto na campanha, reafirmado numa sabatina na Folha de S. Paulo (“considero o aborto uma coisa terrível”, disse), caro aos religiosos mais carolas e conservadores, na campanha eleitoral. Era um afago na hipocrisia conservadora que, algumas semanas depois, custaria caro ao candidato tucano.

Se a derrota não tem paternidade assumida, o prenúncio dela não é um bom conselheiro – foi o que se assistiu nos arraiais tucanos desde o mês de julho, quando a campanha de José Serra caminhava aos cambalhões. O tucano apelou para o “discurso do medo” e começou o festival de acusações falsas, saídas da boca do candidato, do vice, de seus aliados ou da grande mídia. O noticiário e a campanha foram inundados, assim, com acusações de espionagem do segredo fiscal de um cardeal tucano, Eduardo Jorge, que serviria para elaborar um dossiê antiSerra. Depois, as acusações envolviam também a filha do candidato, Verônica, como vítima de espionagem. Depois começaram as alegações de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva rompia com a liturgia (e com uma pretensa neutralidade partidária) do cargo ao participar da campanha de Dilma.

Mesmo assim, a derrota tucana ia ganhando cores firmes e fortes. No início de agosto, um mês depois da abertura oficial da disputa, a popularidade de Lula seguia na casa dos 80%, a rejeição ao nome de José Serra era alta, e Dilma abria uma vantagem de dez pontos sobre ele.

Já em meados de agosto o gosto da derrota aparecia em previsões de que a eleição seria decidida no primeiro turno, e a favor de Dilma, cujo desempenho nas pesquisas era crescente, repetindo, aliás, a aprovação do presidente Lula e de seu governo.

CALÚNIAS E MENTIRAS

A cara feia da derrota começava a aparecer no próprio campo tucano, onde candidatos a governador do PSDB ou aliados de Serra escondiam qualquer referência a seu nome em seus santinhos, adesivos e cartazes para não contaminar suas próprias candidaturas com a rejeição ao candidato da direita. Calculou-se na época que os Estados onde Serra era rifado por seus próprios aliados tinham, juntos, nada menos que 94 milhões de eleitores (70% do eleitorado nacional).

O mau desempenho de Serra e a tentativa de construir obstáculos para Dilma caminharam juntos. Em setembro, Serra mudou seu slogan de campanha para uma hipotética — e defensiva — “hora da virada" e seus partidários passavam agora a rezar por um fato bombástico que pudesse mudar o quadro. As acusações de espionagem na Receita Federal se acentuaram, os ataques midiáticos contra a candidata se repetiam e, mesmo assim, o eleitorado parecia indiferente a eles, e as pesquisas de opinião mostravam que Dilma continuava muito à frente de Serra no apreço popular.

Pode-se ouvir então outro mantra nos acampamentos tucanos, o mantra da “mexicanização” entoado por analistas tucanos que, ante a derrota, viam uma evolução político-eleitoral semelhante ao que ocorreu no México cuja política foi dominada, entre a década de 1930 e o ano 2000, por um único partido o PRI (Partido Revolucionário Institucional), que elegeu todos os presidentes naquele período. Argumento pobre, que não prosperou até mesmo porque se o Brasil não é o México, o PT e seus aliados não formam um PRI e a escolha do presidente da República é uma prerrogativa livre do eleitorado.

Teses igualmente esdrúxulas e desqualificadoras da escolha popular começaram a circular, como aquela segundo a qual a democracia requer alternância de partidos à frente da Presidência. Ora, quem escolhe os ocupantes do mais alto cargo da nação não são “teóricos iluminados” em busca da legitimação de seus próprios interesses, mas o eleitor que manifesta sua vontade na solidão da urna eletrônica.

Em setembro, no auge do desespero tucano, a revista Veja socorreu Serra com as acusações contra a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra e seu filho, por tráfico de influência. A Folha de S. Paulo tentou engrossar o caldo com uma denúncia de irregularidades no BNDES que caiu no ridículo quando o próprio banco estatal divulgou uma nota deixando claro que foi o desconhecimento do jornal e de seu repórter sobre os critérios de funcionamento da instituição que fundamentou uma denúncia tão estapafúrdia como a tentada pelo diário paulistano.

Apesar do bombardeio, Dilma parecia refratária aos ataques e continuava favorita nas pesquisas, a ponto de o diário espanhol ‘El País’ prever, no dia 20 de setembro, que José Serra teria uma “derrota humilhante” em 3 de outubro.

A retórica da baixaria foi fortalecida, quase na véspera da eleição, pela exibição, pelo programa eleitoral de Serra, de vídeos extremamente ofensivos aos partidários de Dilma, retratando-os como ‘pitt bulls’ e demolidores da democracia. A reação negativa foi tão forte que Serra não teve outra alternativa senão renegar publicamente aquelas peças publicitárias que, suspeita-se, ele próprio teria aprovado, mas diante do insucesso disse desconhecer sua autoria.

Dilma chegou à véspera da eleição com 55% das intenções de voto, Lula com a aprovação recorde de 85% ao seu governo. Mas o eleitor decidiu dar um tempo e levar a decisão para o segundo turno, e Dilma não alcançou a maioria necessária para vencer em 3 de outubro. Ela teve 47,6 milhões de votos (47% do total), Serra teve 33 milhões (32,6%) e, uma surpresa, Marina Silva teve 19,6 milhões (19,3%),

O APOIO DA TFP E DA EXTREMA DIREITA A JOSÉ SERRA

Na campanha para o segundo turno o tom apocalíptico do conservadorismo tucano cresceu em panfletos clandestinos distribuídos pelo país a fora, e pelo uso de temas religiosos que tomaram o lugar, na campanha tucana, do necessário debate das questões programáticas e nacionais.

Os tucanos montaram uma central de boatos à base do telemarketing, que foi proibida pela justiça eleitoral, para difundir o veneno antiDilma. A ala conservadora da Igreja Católica mandou imprimir milhões de panfletos, apreendidos pela Polícia Federal. Outros, ligando a campanha de Serra à arquirreacionária TFP ilustraram o apoio da direita extremista e religiosa ao candidato do PSDB, e muitos eleitores de José Serra – principalmente entre a intelectualidade e entre professores universitários – desistiram de votar nele. Um jornalista descobriu, e divulgou pela internet, a conexão entre a central de boatos da campanha tucana e um antigo militante da extrema direita, Nei Mohn, que foi da Juventude Nazista Brasileira, informante da repressão durante a ditadura militar e suspeito de atentados a bomba contra bancas de jornal na década de 1980.

Na outra ponta da campanha bizarra do tucano, a Folha de S. Paulo pressionava o Superior Tribunal Militar pela liberação do processo contra Dilma Rousseff movido pela ditadura na década de 1970. O objetivo, evidente, era a construção de uma imagem de guerrilheira e “assaltante de banco”. Não conseguiu, pois a prudência política dos juízes daquele tribunal impediu o acesso a documentos que poderiam ter uso político na campanha eleitoral.

A busca da “bala de prata” contra Dilma beirou o ridículo. Em setembro, a mulher de Serra, Mônica, havia chamado os defensores do aborto de matadores de criancinhas, subindo em muitos decibéis o tom apocalíptico e fundamentalista religioso da campanha de seu marido. Mas a capacidade de criação de bumerangues que, na volta, atingiam o próprio candidato tucano manifestou-se quando, em meados de outubro, divulgou-se que a própria Mônica havia feito um aborto na década de1970. Pegou mal e o assunto foi aposentado.

Ainda em outubro, Serra e sua ‘entourage’, com o candidato ao Senado Tarso Jereissati a tiracolo, entrou em conflito com um padre que celebrava uma missa na Basílica de São Francisco das Chagas, no município de Canindé (CE). O padre simplesmente pediu, do púlpito, que os fiéis não acreditassem nos panfletos mentirosos contra Dilma que os tucanos distribuíram durante a missa, desrespeitando o ofício religioso. Outra vez pegou mal, agora entre os sertanejos do Nordeste.

Mas a cena mais ridícula da campanha tucana ocorreu quando, durante uma caminhada numa rua no bairro de Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro, em 19 de outubro, Serra foi atingido na cabeça por uma bolinha de papel, e aproveitou o episódio para encenar uma agressão. Virou chacota na internet e a tentativa de explorar o caso, através da TV Globo e do programa de televisão, deu com os burros n’água: nos dias seguintes as pesquisas voltavam a registrar o crescimento de Dilma e também da rejeição do candidato tucano, que beirava 40% do eleitorado.

A FALSA CASTIDADE MORAL DOS TUCANOS

Aquilo que os tucanos sempre apresentaram como um patrimônio político inatacável – sua castidade moral – ficou comprometido com inúmeras denúncias de irregularidades que, como de costume, repercutiram pouco na mídia ligada a eles. Como já ocorrera, aliás, com graves denúncias, nunca apuradas, durante a Presidência de Fernando Henrique Cardoso e os governos tucanos em São Paulo.

A revista CartaCapital revelou, na campanha eleitoral, que o presidente tucano Sérgio Guerra e o senador Agripino Maia, do DEM, foram citados como beneficiados pelo esquema de desvio de dinheiro público investigado pela chamada Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. Ficou-se sabendo também que um ex-integrante do governo de José Serra, Paulo Vieira de Souza (o “Paulo Preto”) teria embolsado quatro milhões de reais de doações de empresários para a campanha de José Serra. Depois as acusações contra ele cresceram.

Ele teria, quando diretor de engenharia da empresa Desenvolvimento Rodoviário S.A, participado de esquema de propinas em obras públicas investigado pela Operação Castelo de Areia da Polícia Federal. Pior: as denúncias iam além dos chamados “crimes do colarinho branco” que envolvem a malversação de dinheiro público e resvalaram na criminalidade comum: em junho, Paulo Preto chegou a ser preso, acusado de receptação de joia roubada.

O resultado deste festival de baixarias, calúnias, fundamentalismo religioso, acusações inexplicadas, resultou na esperada derrota de José Serra em 31 de outubro, quando Dilma alcançou 56 milhões de votos (56% do total) contra 44 milhões de José Serra (44%). A campanha de maledicências naufragou nas urnas, na principal derrota da direita em 2010.

A DERROTA DA SOBERBA

O outro infortúnio tucano – a derrota da soberba – estava anunciado desde 2009, pela autossuficiência com que Serra tratou Aécio Neves e a todos os que, no campo conservador, não aceitavam a candidatura automática do então governador paulista.

Ela reverberou na coleção de arestas que Serra colecionou com seu estilo centralizador e “endemoninhado”, como sugeriu seu mentor mor, Fernando Henrique Cardoso. Essa derrota teve duas facetas importantes: a representação parlamentar da direita e seus aliados minguou e o principal aliado do PSDB, o DEM, conheceu redução eleitoral e parlamentar condizente com o papel que ele hoje representa no cenário político brasileiro; depois, o próprio PSDB não teve como deixar de expor publicamente as graves rachaduras que cresceram durante a campanha eleitoral. Caciques importantes da direita, como os tucanos Artur Virgílio (Amazonas) e Tasso Jereissati (Ceará) ou os demo Marco Maciel (Pernambuco) e Cesar Maia (Rio de Janeiro) não conseguiram manter seus mandatos no Senado e foram mandados para casa pelo eleitorado.

O caso dos dossiês, alardeado durante a campanha eleitoral, acabou azedando de vez as relações entre Serra e Aécio Neves, com repercussões decisivas dentro do PSDB. Os tucanos tentaram acusar a campanha de Dilma de tentar construir, pela bisbilhotagem feita nos computadores da Receita Federal, dossiês contra José Serra. Mas ao final confirmou-se uma suspeita antiga: o jornalista Amaury Ribeiro Jr, responsável por aquela coleta de dados irregular, teria sido contratado por gente próxima ao mineiro Aécio Neves, num movimento defensivo contra o esquema de espionagem de José Serra (acionado durante a disputa, em 2009, pelas prévias que escolheriam o candidato do PSDB à presidência) contra o então governador mineiro e principal adversário do paulista naquela disputa intratucana.

Na noite do dia 31, com a derrota nas urnas confirmadas, Serra teria tido um bate-boca telefônico com Aécio Neves. Ele pronunciou um deselegante discurso reconhecendo a derrota: me aguardem, insinuou ao se despedir com um “até logo” e não um esperado “adeus”. A clara indicação da vontade de voltar como candidato em 2014 provocou profunda irritação entre os tucanos, entre os quais já eram visíveis os sinais de cansaço do hegemonismo do grupo paulista articulado em torno de José Serra e Fernando Henrique Cardoso.

Xico Graciano, um dos coordenadores da campanha tucana, ainda na noite da derrota, saiu acusando os mineiros pela derrota; na segunda feira, um dia depois do desastre eleitoral, foi a vez de FHC atacar os tucanos que não “defendem a sua história”, numa clara cobrança contra aqueles que, na campanha eleitoral, prudentemente esconderam seu nome e seu período de governo para não agravar a rejeição eleitoral ao PSDB.

As entranhas tucanas ficaram expostas na crise. Enquanto uma ala fala em refundação do partido e adequação de seu programa e discurso aos novos tempos, outra insiste em reafirmar a identidade perdida. Um sinal nítido da profundidade da divergência entre os tucanos e do grau de rejeição ao núcleo Serra/FHC é a própria formação do governo de Geraldo Alckmin, cujo rearranjo da administração estadual foi uma verdadeira limpeza da presença serrista, com o expurgo de secretários ligados ao ex-governador. O mais significativo deles foi a troca do Secretário da Educação: sai o cardeal tucano Paulo Renato, indicado por FHC, entra o reitor da UNESP Herman Woorwald.

FERIDAS ABERTAS

A disputa tucana está aberta, as feridas da campanha eleitoral ainda sangram, e ao vencedor caberá a direção da oposição conservadora ao governo de Dilma Rousseff e, em 2014, a indicação de um candidato à sucessão de Dilma Rousseff, uma questão que, nesta véspera da posse da presidente eleita em 31 de outubro, é extravagantemente fora do tempo e de propósito. Basta olhar o comportamento dos oito governadores tucanos que saíram das urnas: reunidos em Maceió, em dezembro: eles anunciaram um relacionamento civilizado e cooperativo com o governo federal, deixando para a bancada parlamentar conservadora desempenhar o papel mais ativo na oposição.

Do lado do DEM, a crise foi a crônica de uma decomposição. Falou-se em fusão de partidos (entrada do DEM no PMDB ou fusão com o PP de Paulo Maluf), depois em mudança nos quadros de direção e o representante da família Maia, o presidente Rodrigo Maia, foi defenestrado. Enquanto isso as páginas dos jornais alardeavam a saída daquele que se transformou na principal estrela da agremiação, o prefeito paulistano Gilberto Kassab, rumo ao PMDB da base governista. A família Maia, por sua vez, ainda acreditava num reforço do conservadorismo do DEM e no afastamento em relação ao PSDB em busca da reunificação e na construção de uma candidatura própria em 2014.

O PPS, por sua vez, que nunca teve expressão parlamentar tão significativa quanto o PSDB ou o DEM, emagreceu a ponto de sua aliança perder o interesse para qualquer um dos dois grandes partidos da direita. A saída que seus dirigentes encontraram foi a proposta de formação de um bloco de oposição com o PV na próxima legislatura, objetivo que não será fácil dada à própria heterogeneidade da bancada parlamentar verde.

LULA TERMINA COM 87% DE APROVAÇÃO. E AGORA?

O cenário político está mudando. O poderio dos caciques conservadores e suas oligarquias tende ao declínio. Um novo comportamento pode ser observado no eleitorado. Na nova situação conquistada, em que o avanço na renda e no emprego cria condições para maior autonomia na hora de decidir em quem votar, ele revela nível de consciência mais elevado.

A consolidação dessas mudanças significará enorme avanço na democracia brasileira e no protagonismo popular no cenário político. Assim, é difícil prever o que vai acontecer em 2014, principalmente no campo conservador e oposicionista. Conseguirão se recuperar da dupla derrota de 2010? Conseguirão articular alternativas viáveis numa situação de maior democracia? Em torno de qual discurso e programa essa nova oposição vai se organizar?

São perguntas cujas respostas ainda não estão no horizonte. E elas não dependem dos próprios caciques conservadores, mas, fundamentalmente, da vontade do eleitor que, desde 2002, vem dados sinais claros e cada vez mais veementes de que não aceita mais a velharia articulada em torno de partidos como o PSDB, o DEM e o PPS e quer avançar.

Lula termina seu governo com 87% de aprovação popular. É um dado cujo significado tanto a oposição conservadora como os demais participantes da luta política precisam decifrar. Quem conseguir a resposta terá, com certeza, um papel a desempenhar no futuro da democracia brasileira.”

FONTE: escrito por José Carlos Ruy e publicado no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=144307&id_secao=1).[imagem obtida no Google e adicionada por este blog]

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