quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

MEIO AMBIENTE - As novas mercadorias capitalistas.

Água, ar e carbono, perto de serem as novas mercadorias capitalistas.


Grandes potências e empresas transnacionais pretendem utilizar a Cúpula Climática (COP 16) para criar uma arquitetura financeira capaz de salvar o capitalismo da crise atual, para o que converterão a água, o ar e o carbono nas novas mercadorias do sistema, assegurou a pesquisadora Camila Moreno, da organização brasileira Amigos da Terra.

A reportagem é de Hugo Martoccia e está publicada no jornal mexicano La Jornada, 07-12-2010. A tradução é do Cepat.

A crise do capitalismo precisa de novas mercadorias, e querem que sejam a água, o ar e o carbono, criando uma indústria de serviços ambientais em escala mundial, disse a ambientalista em um painel no Fórum Internacional de Justiça Climática, que se realiza na Casa da Cultura, em Cancún.

Além disso, denunciou que a própria ONU leva adiante todos esses mecanismos e se pretende que a nova casa da moeda do sistema sejam as florestas.

Moreno assegurou que os países centrais buscam uma contrarreforma agrária global, e o programa REDD (de redução de emissões de carbono) é o cavalo de Troia desse projeto. Busca-se colocar as florestas em um mercado; o mundo maravilhoso que nos propõem está muito longe de suas intenções, manifestou.

Assegurou que no Brasil e na Colômbia já existem experiências similares ao REDD, que expulsaram os camponeses de suas terras.

Acrescentou que não se pode ver as florestas apenas como sumidouros de carbono, e caso não se respeitarem os costumes das comunidades e se pretenda deixar de fora os habitantes originais, o projeto REDD será um fracasso.

A Alba irá bloquear a abertura ao mercado de carbono

Enquanto isso, países agrupados na Aliança Bolivariana da América (Alba), entre eles o Equador, Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Cuba, anunciaram às organizações não governamentais que realizam fóruns alternativos à Cúpula Climática de Cancún, a COP 16, que seus delegados estão dispostos a bloquear os acordos para evitar que se abra o mercado de carbono. Em compensação, exigiram grandes manifestações civis que os apóiem.

“Necessitam que estejamos na rua demonstrando a nossa força”, disse Víctor Menotti, diretor do Fórum Internacional sobre Globalização. No Fórum Internacional de Justiça Climática, que se realiza na Casa da Cultura, o ativista disse que é preciso se preparar para um cenário muito grave neste fim de semana, nas negociações da COP 16.

O problema, segundo essa visão, é que se aprove o mecanismo REDD, considerada a maior ameaça da COP 16, pois trata-se do novo paradigma que os Estados Unidos querem impor ao mundo.

Fonte: IHU

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