"EUA farão de tudo contra Assange", diz líder de manifesto.
Líder de um manifesto em prol do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, a advogada australiana Lizzie O'Shea sai em defesa do homem que foi preso nesta terça (7) na Inglaterra por conta de acusações de estupro contra ele na Suécia. Ela vê um risco de que ele seja levado aos Estados Unidos, onde, prevê, seria mais fácil que as acusações ganhassem contornos políticos.
- Tenho certeza de que encontrariam alguma acusação para fazer contra ele, puni-lo por espionagem ou liberar informação secreta. Eu acho que fariam tudo que tiverem ao alcance para tentar acabar com ele.
A carta elaborada por Lizzie, especializada em direitos humanos, e pelo professor Jeff Sparrow, da Universidade de Victoria, pede que o governo da Austrália garanta a transparência do processo de Assange, que é cidadão australiano. O manifesto já recebeu mais de 4 mil assinaturas de internautas e conta também com um time de intelectuais e políticos. Até mesmo o renomado intelectual americano Noam Chomsky se uniu ao grupo.
A advogada defende ainda o trabalho do WikiLeaks e acredita que Assange tem colaborado com a Justiça.
Leia a entrevista.
Terra Magazine - A carta diz que muitas das pessoas que assinaram têm opiniões diferentes sobre Julian Assange e o WikiLeaks, mas concordam que o governo australiano tem que apoiá-lo. Por quê?
Lizzie O'Shea - As pessoas têm opiniões diferentes sobre ele como pessoa ou o que ele faz, mas todos concordam que o governo australiano tem que dar assistência a ele. Tem que defender seus interesses e garantir que qualquer processo contra ele siga os preceitos da lei.
Você acha que a prisão dele foi injusta?
Eu temo que as acusações contra ele tenham motivação política. Mas não vejo nenhum problema se ele ter que ir a julgamento. O problema é o potencial que ele tem de ser extraditado e a forma como o julgamento pode ganhar contornos políticos e tratar do que ele faz no WikiLeaks. Se ele cometeu um crime, o tribunal vai julgar. Mas precisa ser isento de política e Assange tem que ter a garantia da melhor defesa possível.
Por que o medo de que ele seja extraditado? O que poderia acontecer nos Estados Unidos?
Eu tenho certeza de que há uma porção de coisas que poderiam acontecer. Tenho certeza de que encontrariam alguma acusação para fazer contra ele, puni-lo por espionagem ou liberar informação secreta. Eu acho que fariam tudo que tiverem ao alcance para tentar acabar com ele. Tenho certeza, eles provavelmente estão planejando isso agora mesmo. Também me preocupa que tentem extrair dele informações sobre quem são suas fontes e obviamente é aí que a tortura entra em cena. Não posso afirmar que isso vai acontecer, mas é preocupante.
A Inglaterra negou a ele a fiança. Por que você acha que isso aconteceu?
Eu fico surpresa. Os relatórios sugerem que ele colaborou com as autoridades e que fez o possível para colaborar. A alegação é que ele poderia fugir, mas ele é um homem bastante procurado e eu não acredito que isso fosse acontecer.
O que exatamente o governo australiano deveria fazer?
Deve oferecer a ele a assistência que deve ser oferecida a qualquer cidadão australiano que tem problemas com a lei. O governo da Austrália não é muito bom nisso. Acho que o governo tem que condenar os ataques violentos. Um grande número de políticos americanos defendeu o assassinato de Assange e acho que condená-los é um dever do nosso governo. Devem ainda garantir que ele seja tratado de forma justa.
Você considera que a prisão afeta a liberdade do WikiLeaks?
O WikiLeaks continua a publicar os telegramas mesmo com a prisão. Mesmo com ele preso, o princípio do WikiLeaks - que é a transparência e a liberdade de informação - deverá continuar.
Você pessoalmente concorda com o trabalho do WikiLeaks?
Sim, eu acho que é um teste para a democracia. Precisamos de uma imprensa forte e de uma democracia forte. As críticas são bem vindas, mas eu acho que é importante para a robustez da mídia, da liberdade de informação e para a democracia.
Fonte: Terra Magazine.
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