A mancha de lixo plástico do Pacífico Norte, do tamanho do Texas, é o maior vertedouro de lixo do mundo, mas não é o único. O lixo se acumula também nas correntes oceânicas do Índico e do Atlântico, ao mesmo tempo em que as 76 amostras de água coletadas em uma expedição do 5 Gyres Institute Atlántico Sur, entre o Rio de Janeiro e a Cidade do Cabo revelam pedaços de plástico.
A reportagem é de Lali Camba e publicada pelo jornal El País, 13-12-2010. A tradução é do Cepat.
Esse material é ingerido por peixes que integram a cadeia alimentar humana. As Nações Unidas, cujo programa do meio ambiente, integra a pesquisa do 5 Gyres, calcula que a contaminação do oceano causa a morte de mais de um milhão de pássaros marinhos e de 100 mil mamíferos aquáticos e tartarugas que confundem o plástico com comida.
“O plástico vai se tornando menor com o tempo, mas não desaparece e forma uma espécie de confete que os peixes ingerem e que encontramos em seus estomagos. Em cada uma das mostras de água, nos 5.400 quilômetros e 28 dias de travessia, apareceu o confete de plástico”, diz o fundador do 5 Gyres Institute, Markus Eriksen. Ele lembra que 80% do lixo oceânico procede do tratamento inadequado ou inexistente de resíduos no continente, enquanto os outros 20% restantes são formados por redes, aparelhos de pesca ou dejetos de barcos. A produção mundial de plástico é de umas 225 milhões de toneladas anuais, das quais se recicla apenas 5%.
O objetivo do 5 Gyres Institute não é apenas o de alertar que a mancha do Pacífico Norte entre Califórnia e Japão existe, mas de analisar o efeito da ingestão do plástico no pescado e suas consequências para a saúde humana.
Resíduos de pesticidas
A co-fundadora do 5 Gyres Intitute, Anna Cummins, destaca que faltam estudos sobre o comportamento do lixo plástico no oceano. “O plástico foi apresentado nos anos cinquenta com um produto maravilhoso, inofensivo. Mas, não se pensou no longo prazo e como iria afetar o meio ambiente, um produto cujos elementos químicos podem acabar em nosso corpo”.
Durante a travessia pelo Atlântico Sul, a tripulação recolheu amostras de peixes para analisar se sua carne absorve as contaminações do lixo. O plástico no oceano, de acordo com Eriksen, atrai químico como o DDT, bifenilos e ploriclorados (PCB em inglês, similares às dioxinas) ou pesticidas com concentrações muito altas.
A ingestão de plástico não oferece risco apenas para a saúde animal e humana, os resíduos não degradados também causam uma elevada mortandade em animais marinhos. A metade dos pássaros aquáticos, todas as espécies de tartarugas (confundem sacos plásticos com medusas e as comem) e 22 mamíferos ficam feridos ou morrem por ingerir plástico e estragulam-se e se enredam pelo lixo jogado na água pelos barcos pesqueiros.
“Não somos contra o plástico, mas contra o seu uso irresponsável e na falta de políticas de reciclagem no qual as empresas que o fabricam também se responsabilizem uma vez que são usados”, diz Cummins. “É preciso parar de aumentar a produção de lixo e isso precisa de uma ação internacional e também passa pela mudança de pauta de consumo diária”.
A tripulação do 5 Gyres navegará pelo Pacífico Sul no mês de março e completará assim a primeira pesquisa dos cinco itinerários pelos maiores oceanos, regiões onde as correntes e a falta de vento fazem com que se acumule o lixo.
Fonte:IHU
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