Artur Henrique
Tem razão o nosso Artur Henrique, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), quando criticou, em declaração à Carta Maior, a Focus, pesquisa semanal feita pelo Banco Central sobre as expectativas da inflação, taxas de juros e outros tópicos econômicos.
Essa consulta, a cerca de uma centena de instituições, é tida na imprensa como “a voz do mercado”, uma entidade autônoma, com opiniões e receios próprios – mas, cá para nós, nem sempre racionais. O problema é que essa mesma pesquisa é base para a tomada de várias decisões econômicas que regem toda a sociedade, entre elas a variação da Selic.
“Eu tenho sete milhões de trabalhadores na CUT, como é que eu não sou mercado?”, reclama Henrique, que quer que o BC leve em conta o seu ponto de vista. Em tese, nenhuma outra fonte seria mais representativa desse tal “mercado” do que a CUT.
Fiesp também reclama
A própria Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) também reclama da falta de representatividade da pesquisa. Seu presidente, Paulo Skaf, critica o que chama da “ditadura da Focus”. “Há muito tempo que o mercado montou uma rede de proteção social que só defende o valor da moeda”, denuncia.
Alexandre Tombini, presidente do BC não concorda com a CUT. Para ele, a pesquisa se pauta por critérios internacionais e não deverá ser mudada. Segundo o BC, qualquer entidade pode participar da pesquisa, desde que mantenha, de forma permanente, um departamento de análises econômicas.
A questão que se coloca é: na hora de controlar salários, fazer campanhas contra o consumo, induzir a redução do consumo em prol de uma maior poupança na economia, o BC só consulta o “mercado”? Quem ouvirá as centrais dos trabalhadores? Ou a tarefa ficará a cargo do ministro Gilberto Carvalho, Secretário Geral da Presidência?
Fonte: Blog do Zé Dirceu.
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