Há 4 meses, furo deste repórter, revelando conspiração-corrupção para favorecer o Qatar, que ganharia (como ganhou) a realização da Copa de 2022. Tudo confirmado, agora, no Parlamento inglês.
Helio Fernandes
Contei, com nomes (alguns) e as desconfianças-quase-certezas, sobre outros. Só que rolou tanto dinheiro, que muitos acreditaram que o objetivo era derrotar a Inglaterra e impedir que fosse sede da Copa de 2018.
O próprio David Triesman, ex-presidente da Comissão para a Copa em 2018 na Grã-Bretanha, disse muita tolice. Ele foi incompetente, o país não realiza Copa desde 1966 (a única), portanto em 2018 iriam se completar 52 anos, mais do que razoável.
Diante disso, o Qatar entrou na jogada, abriu os cofres, o dinheiro rolou. Para começo de conversa, mudaram as regras do jogo, como contei antecipadamente. Em toda a historia da FIFA, jamais escolheram duas SEDES DA COPA no mesmo dia.
Sempre indicam uma sede, e a luta já é muito grande. Só que os dirigentes do Qatar, com a fortuna poderosa de que sempre dispõem, inovaram, com opção realmente sensacional: queriam realizar a Copa de 2018, se não conseguissem, já tinha garantida, no mesmo momento, a Copa de 2022.
Mas o adversário que temiam, não era a Grã-Bretanha, nenhuma chance. E sim a Espanha ou a Rússia, Agora vem o lépido, fagueiro e afortunado Blatter e diz, publicamente: “Só posso responder por mim e não pelos outros”.
Acontece que para mudar o que a FIFA faz há mais de 60 anos, o presidente tem que dar o seu aval ou referendo, palavra que está na moda. Consultado, Blatter concordou inteiramente. Não participou da conspiração-corrupção, mas é quase o mesmo.
O que interessava e continua interessando a Blatter é a conspiração-reeleição, que não é nada de saudável, digno e decente. Ele tinha tudo acertado para a reeleição, mais uma, agora em 2011, mas pretendia garantir mais outra, em 2019. E não havendo luta para a escolha da sede de 2018 e 2022 (já referendadas), o caminho para ele seria (e será) menos pedregoso.
O Qatar tinha muitos aliados, que citei nominalmente: Ricardo Teixeira, o espantoso paraguaio Nicolas Leoz, mais antigo na presidência da Commebol do que Teixeira na CBF. Falei, o inglês “esqueceu” da participação importantíssima da Nike.
Esse representante da Nike morava no Brasil, imprescindível, a empresa é uma das muitas patrocinadoras da CBF. Que enriquece usando os jogadores profissionais, enquanto os clubes empobrecem.
Lógico, esse “nikeano” e Ricardo Teixeira ficaram intimissimos. Necessidades da Nike transferiram o alto empregado para a Espanha, o presidente da CBF adorou. A razão?
Eu não disse isso, fiquei surpreendido com a afirmação do inglês, mas ele não ia inventar, o que Teixeira fala mesmo no Brasil: “Lula não é nada, eu mando nele”.
O que eu disse várias vezes: “Lula não deveria aparecer publicamente com Teixeira, nem recebê-lo no Planalto”. Isso, assumo, está escrito.
O funcionário da Nike continuou intimíssimo de Ricardo Teixeira. E na conspiração-corrupção, o candidato que precisava ser derrubado era precisamente a Espanha. O que trataram de fazer com a “competência” financeira de sempre.
Contei com total exclusividade na época: “Ficaram só a Rússia e o Qatar. Mas Putin tinha tal certeza de que não ganharia que avisou que não iria assistir o sorteio-votação, “ficarei em Moscou”
E foi em Moscou que recebeu a notícia da vitoria da Rússia para 2018. Putin não lê este blog, saberia da “vitoria surpreendente”. Para ele e não para nós. Dirigentes do Qatar, entre “disputar” 2018 e “ganhar” na certa em 2022, nenhuma dúvida.
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PS – O representante da Grã-Bretanha confirmou tudo que eu revelara, talvez por ressentimento. Sua derrota pessoal é irrecuperável. E o pais só poderá tentar novamente em 2026, dentro de 15 anos.
PS2 – Quanto às acusações aos “quatro personagens” que garantiram a vitória do Qatar, nada surpreendente. Mesmo sem acusações ou até provas, o inglês acertou o perfil de todos.
PS3 – O presidente da FIFA, que disse que não sabia de nada, “menas” verdade. Só que ele desconhece um fato; seu adversário para continuar presidente em 2019, não é Teixeira ou Walker.
PS4 – Beckenbauer e Platini estão tentando um acordo para vencer em 2019. Os dois são candidatos. Se só um deles disputar, difícil derrotá-los.
Fonte: Tribuna da Imprensa.
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