sábado, 5 de novembro de 2011

POLÍTICA - O chato do Suplicy

Ainda tem um Suplicy no caminho de Haddad

O esforço concentrado do senador Eduardo Suplicy, que passou o feriado de Finados em casa ao lado de dois telefones para obter apoio à sua pré-candidatura, não deu muito resultado.

Os números informados variam entre 20 e 50 telefonemas, incluindo os que lhe pediram para continuar no Senado.

Para ser inscrito nas prévias do PT, Suplicy precisa recolher 3.800 assinaturas de apoio até a próxima segunda-feira. Até agora, tem cerca de 1.000. Forçado pelos fatos e pelos números, já deve estar preparando seu desembarque, embora continue negando que vá desistir.

Com a desistência de Marta, a principal mudança no cenário para a eleição de 2012 aconteceu do outro lado: o PSDB voltou a insistir com José Serra para ser candidato a prefeito e assim refazer a aliança PSDB-DEM (agora sob a nova sigla PSD). O problema é que Serra sonha apenas em ser presidente da República. Vai continuar sonhando.


Parecia tudo resolvido para o PT, mas ainda não está. A pedido de Lula, Dilma encaminhou o apelo a Marta Suplicy para abrir mão da sua candidatura à Prefeitura de São Paulo, em favor do candidato dos dois, Fernando Haddad, numa rápida conversa que as duas tiveram, no aeroporto de Congonhas, antes do embarque da presidente para Paris, na noite de terça-feira.

Marta já convocou uma entrevista coletiva para esta quinta-feira em que anunciará formalmente sua desistência, assim como deve acontecer em seguida com outros três pré-candidatos coadjuvantes. Só que restou um outro Suplicy, o seu ex-marido Eduardo, que é mais duro na queda, no caminho do ministro da Educação apoiado por Lula e Dilma.

Não é a primeira vez. No final de 2001, contra toda a lógica política e a vontade da quase totalidade do PT, Eduardo Suplicy insistiu nas prévias para a escolha do candidato a presidente da República nas eleições do ano seguinte, disputando a indicação com nada mais, nada menos, do que Lula.

Tomou uma tremenda surra, como ele e o mundo já sabiam, e atrasou por vários meses o início da campanha presidencial de Lula, que não podia se apresentar oficialmente como candidato do PT antes das prévias.

Desde sempre, antes de ser do PT, com seu estilo de songamonga, mas que de bobo não tem nada, Suplicy foi do partido dele mesmo, o Partido do Eduardo Suplicy, sempre voltado aos holofotes da mídia.

Com uma única ideia na cabeça, o projeto da Renda Mínima, que só ele entende e explica até a exaustão a quem encontra pela frente, Suplicy sobrevive no cenário político há mais de duas décadas sem que o eleitor consiga saber se ele pertence à situação ou à oposição. Corre sempre em faixa própria.

Li agora na coluna Poderonline, do portal iG, que Eduardo Suplicy lançou uma campanha pelo twitter com os telefones da sua casa para recolher até segunda-feira as 3.181 assinaturas necessárias para o registro da sua pré-candidatura nas prévias marcadas para 27 de novembro.

"Se vc é filiado do PT em S. Paulo agradeço se puder me ligar nesta 4ª, dia 2/11, entre 10 e 18h", diz o apelo de Suplicy, seguido de dois números de telefone.

Em outra mensagem, insiste: "Filiado, quero a sua assinatura pelo direito de participar da prévia".

Em nome de que ou de quem? Candidato dele mesmo, sem o apoio de nenhuma tendência, articulação ou liderança de expressão do PT, Eduardo Suplicy quer porque quer ser candidato nas prévias e garantiu que vai participar das plenárias dos filiados ao partido com os pré-candidatos marcadas para este final de semana na zona leste de São Paulo. É capaz de ficar falando sozinho, mas ele nunca se importou com isso.

"Não conversei com a Marta e não sei como ela reagiu ao pedido da presidenta. Não posso responder por ela. Eu continuo firme", assegurou ao iG.

Seria tudo muito engraçado, se não fosse patético e ridículo. Quando me perguntam se o ministro Fernando Haddad tem alguma chance de vencer a eleição para prefeito de São Paulo, depois de todas as trapalhadas nos exames do Enem, digo que, com o apoio de Lula e Dilma, qualquer um de nós pode ganhar do candidato do PSDB, que ainda nem existe.

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