quinta-feira, 1 de março de 2012

POLÍTICA - Kassab incendeia: Serra sairá do PSDB.

Por Altamiro Borges

Após namorar com a petista Dilma Rousseff e casar com o tucano José Serra, o prefeito de São Paulo e líder do PSD desembestou e resolveu virar incendiário. Segundo Josias de Souza, da Folha, “em seus diálogos privados, Gilberto Kassab informa que, se for eleito para a prefeitura, o tucano José Serra vai romper com o PSDB e abandonar os quadros da legenda”. A especulação incendiou o ninho tucano.

O clima de desconfiança no PSDB já era pesado. Isolado e desgastado, mas sem perder a pose, Serra fez o tucanato de “palhaço”. Depois de muito enrolar, disse que toparia a “missão” de disputar a prefeitura e bagunçou a “palhaçada” das prévias partidárias. Mesmo assim, ele deixou todos de pulga na orelha ao explicitar que o seu sonho presidencial está apenas “adormecido”. Aécio Neves, o inepto rival, deve ter perdido o sono. Agora, a sua cria ainda insinua que ele poderá deixar o PSDB caso seja eleito.

Vale conferir alguns trechos da bombástica matéria de Josias de Souza, que nunca dá ponto sem nó:

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Na versão difundida por Kassab nos subterrâneos, Serra pretende articular a formação de um novo partido. A base dessa legenda seria o PSD. Ao partido presidido por Kassab seriam incorporadas outras agremiações.


Nesses diálogos travados a portas fechadas, Kassab repete algo que disse sob holofotes. Segundo ele, Serra não cogita disputar a Presidência da República em 2014. Planeja dedicar-se à prefeitura.


Em conversa com o blog, um dos ouvidos que escutaram Kassab juntou as duas pontas da argumentação e concluiu: não faz nexo. Indaga-se: por que Serra iria à nova legenda se não pretendesse ressuscitar o projeto presidencial que o PSDB lhe sonega?

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Duas visões distintas do Brasil

Na primeira entrevista que deu como pré-candidato, Serra deixou patente que a sua maior preocupação é com a questão nacional. Como ele mesmo já confidenciou, a prefeitura paulistana é um “enterro” – ele nunca se sentiu motivado para discutir os problemas da cidade. Ele só aceitou ingressar na disputa para “deter o avanço do PT como força hegemônica na política nacional”.

Na entrevista, Serra definiu a eleição municipal como um embate entre “duas visões distintas de Brasil”. Ele sabe que uma derrota na principal cidade do Brasil terá impacto negativo na disputa pelo governo estadual, controlado pelos tucanos há quase 20 anos, e na sua obsessão de se candidatar pela terceira vez à presidência da República. O bloco neoliberal-conservador ficaria ainda mais fragilizado.

A sua aposta é de alto risco. Mas ele não descarta nenhuma hipótese – pelo jeito, nem mesmo a de deixar o PSDB, como revelou seu fiel amigo. Neste ponto é preciso reconhecer a coerência de José Serra. Ele sabe que o que está em curso é o embate entre “duas visões distintas de Brasil” - uma neoliberal e outra, ainda em construção, pós-neoliberal. O pragmatismo exacerbado costuma ofuscar este referencial.

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