Argentinos "Mártires de Chamical": justiça é feita
Os mártires da outra Igreja, aquela que não comungou com o terrorismo de Estado, começaram a encontrar justiça na terra. O Tribunal Oral Federal de La Rioja, na Argentina, publicará nesta sexta-feira, dia 07, a sentença do ex-general Luciano Menéndez e de outros dois repressores acusados pelos assassinatos, em 1976, dos sacerdotes terceiromundistas Carlos de Dios Murias e Rogelio Gabriel Longueville. Comunidades cristãs de base, Assembleias pela Vida de La Rioja e organizações sociais iniciaram à noite uma vigília que se estenderá até o momento da leitura da sentença. Em uma instância anterior, no entanto, o juiz federal Daniel Herrera Piedrabuena encerrou a etapa de instrução e elevou a julgamento a causa pelo homicídio do bispo Enrique Angelelli, assassinado justamente enquanto investigava os crimes dos “Mártires de Chamical”, como Murias e Longueville ficaram na memória do povo de La Rioja.
A reportagem está publicada no jornal Página/12, 07-12-2012. A tradução é do Cepat.
O pároco francês Longueville e seu vigário Murias foram sequestrados, na noite de 18 de julho de 1976, na Paróquia El Salvador, de Chamical. Seus corpos fuzilados, com os olhos vendados, apareceram em um descampado ao sul da cidade. Murias tinha sinais de tortura. Em 4 de agosto, munido de um caderno com informações que havia recolhido sobre os homicídios, Angelelli partiu de Chamical rumo à capital de La Rioja acompanhado pelo sacerdote Arturo Pinto. A seis quilômetros de Punta de los Llanos, na estrada federal 38, um carro conduzido por desconhecidos alcançou o do bispo e o fechou para a direita, segundo reconstrução posterior. O carro tombou e acabou matando Angelelli. Pinto perdeu a memória, embora durante as suas noites de delírio no hospital tenha repetido frases que abonaram a tese de homicídio: “Apresse-se, monsenhor, já vão nos alcançar”, gritava.
Nesta sexta-feira, dia 07, será conhecida a sentença pelos assassinatos dos dois sacerdotes. Os autores materiais não foram identificados. Quem está no banco dos réus são três dos autores mediatos. Menéndez, ex-comandante do Terceiro Corpo do Exército, ouvirá o veredito por videoconferência da prisão de Ezeiza. Mas estarão presentes o vice-comodoro Luiz Fernando Estrella, ex-segundo chefe da Base Aérea de Chamical, e o ex-comissário Domingo Benito Vera, que estava a cargo da seccional de polícia dessa localidade. A partir das 9h30, os acusados poderão fazer uso de suas últimas palavras. À tarde, será conhecida a sentença do tribunal integrado pelos juízes José Quiroga Uriburu, Carlos Lascano e Jaime Díaz Gavier. Todos pediram condenações à prisão perpétua. À noite, na explanada da Prefeitura de La Rioja, começou a vigília das comunidades cristãs de base, Assembleias pela Vida de La Rioja, ex-presos políticos, militantes de organizações sociais e de direitos humanos.
Na investigação pelo assassinato de Angelelli são incriminados Menéndez, Estrella, o ex-ditador Jorge Rafael Videla e Juan Carlos “Bruja” Romero, ex-diretor de investigações da polícia provincial. Durante a instrução, o juiz Herrera Piedrabuena considerou provado que se tratou de “um acidente automobilístico provocado”, detectou “a existência de irregularidades na investigação policial, a presença de pessoal de inteligência do Exército no local do suposto acidente, assim como a existência de um processo policial paralelo”.
A reportagem está publicada no jornal Página/12, 07-12-2012. A tradução é do Cepat.
O pároco francês Longueville e seu vigário Murias foram sequestrados, na noite de 18 de julho de 1976, na Paróquia El Salvador, de Chamical. Seus corpos fuzilados, com os olhos vendados, apareceram em um descampado ao sul da cidade. Murias tinha sinais de tortura. Em 4 de agosto, munido de um caderno com informações que havia recolhido sobre os homicídios, Angelelli partiu de Chamical rumo à capital de La Rioja acompanhado pelo sacerdote Arturo Pinto. A seis quilômetros de Punta de los Llanos, na estrada federal 38, um carro conduzido por desconhecidos alcançou o do bispo e o fechou para a direita, segundo reconstrução posterior. O carro tombou e acabou matando Angelelli. Pinto perdeu a memória, embora durante as suas noites de delírio no hospital tenha repetido frases que abonaram a tese de homicídio: “Apresse-se, monsenhor, já vão nos alcançar”, gritava.
Nesta sexta-feira, dia 07, será conhecida a sentença pelos assassinatos dos dois sacerdotes. Os autores materiais não foram identificados. Quem está no banco dos réus são três dos autores mediatos. Menéndez, ex-comandante do Terceiro Corpo do Exército, ouvirá o veredito por videoconferência da prisão de Ezeiza. Mas estarão presentes o vice-comodoro Luiz Fernando Estrella, ex-segundo chefe da Base Aérea de Chamical, e o ex-comissário Domingo Benito Vera, que estava a cargo da seccional de polícia dessa localidade. A partir das 9h30, os acusados poderão fazer uso de suas últimas palavras. À tarde, será conhecida a sentença do tribunal integrado pelos juízes José Quiroga Uriburu, Carlos Lascano e Jaime Díaz Gavier. Todos pediram condenações à prisão perpétua. À noite, na explanada da Prefeitura de La Rioja, começou a vigília das comunidades cristãs de base, Assembleias pela Vida de La Rioja, ex-presos políticos, militantes de organizações sociais e de direitos humanos.
Na investigação pelo assassinato de Angelelli são incriminados Menéndez, Estrella, o ex-ditador Jorge Rafael Videla e Juan Carlos “Bruja” Romero, ex-diretor de investigações da polícia provincial. Durante a instrução, o juiz Herrera Piedrabuena considerou provado que se tratou de “um acidente automobilístico provocado”, detectou “a existência de irregularidades na investigação policial, a presença de pessoal de inteligência do Exército no local do suposto acidente, assim como a existência de um processo policial paralelo”.
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