Vieira avisou Rose sobre pedido de prisão de Dirceu
Dez dias antes da deflagração da Operação Porto Seguro, o ex-diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Vieira alertou a então chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, sobre uma suposta estratégia da Procuradoria-Geral da República para pedir a prisão do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu "nas férias de dezembro".
No telefonema interceptado pela Polícia Federal no dia 13 de novembro, Paulo Vieira, acusado de chefiar a quadrilha que se instalou na administração pública para compra de pareceres técnicos, disse que fora informado do plano por uma "alta autoridade do Ministério Público". Ele pede que Rose avise ao ex-ministro e sugere que a defesa de Dirceu providencie um habeas corpus preventivo.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, solicitou a prisão imediata dos réus condenados no mensalão no dia 3 de agosto, logo no início do julgamento, durante sua sustentação oral. Porém, ao longo dos cinco meses que se seguiram, o procurador não mais se manifestou formalmente sobre a prisão.
Na última sessão, segunda feira, dia 17 - 34 dias depois do telefonema de Paulo a Rose -, o chefe do Ministério Público Federal, provocado pelo ministro Celso de Mello, disse que iria reapresentar o pedido por escrito - feito, de fato, na quarta-feira quando o plenário do Supremo não poderia mais avaliar a solicitação em razão do recesso do Judiciário. A atitude suscitou na Corte a suspeita de que Gurgel manobrou para que o requerimento fosse analisado apenas pelo presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, plantonista durante o recesso. Na sexta-feira, Barbosa negou o pedido garantindo aos 22 condenados em regime fechado ou semiaberto - entre eles Dirceu - o direito de ficar em liberdade até o julgamento dos recursos.
No telefonema de 4 minutos e 50 segundos gravado pela PF,Paulo Vieira conta a Rose sobre a visita que fez a um membro da "alta cúpula" do MP, com quem havia viajado para a China. "Eu queria que você discretamente contasse para aquele amigo nosso de Vinhedo", diz, observando que recebeu a informação de que o MP iria " reiterar o pedido de prisão."
Rose foi assessora de Dirceu, que tem casa em Vinhedo (SP). Paulo Vieira era quem estava sendo monitorado pela PF. "Eles estão preparando um pedido de prisão para José Dirceu nas férias de dezembro, tá?", afirma o ex-diretor, que destaca que a solicitação seria analisada pelo atual presidente do STF. "O plantão judiciário não tem distribuição (...) fica o presidente. Você entendeu a ideia? (...) se chegar o pedido lá, vai cair na mão do Joaquim Barbosa."
"Para prender ele (Dirceu) nas férias, antes do recurso?", indaga Rose. "Essa prisão provavelmente vai ser derrubada depois, Rose, mas aí já teria feito o estrago", pondera Paulo, que sugere "tocar um habeas corpus preventivo" e pede que ela não diga ao ex-ministro que foi ele quem passou a informação.
Rose solicita que Paulo mande uma mensagem por escrito, para seu endereço de e-mail, prometendo repassá-la ao ex-ministro.
Procurado, o advogado de Dirceu, José Luís Oliveira Lima, disse que não iria se manifestar. A assessoria de Gurgel não respondeu aos questionamentos da reportagem.
O grupo que comprava pareceres técnicos aproximou-se de Rosemary Noronha, então chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, para garantir "apoio político" e acelerar a realização de seus objetivos. Na denúncia à Justiça, a Procuradoria da República inclui Rose como integrante da "nova composição" da organização. A acusação, em 137 páginas, descreve os passos de Paulo Vieira e suas relações com o ex-senador Gilberto Miranda. Por um período, Paulo e seus irmãos, Rubens e Marcelo, atuaram sem a parceria de Rose. A partir de 2004, Paulo passa a se valer dos préstimos de Rose, sua amiga. À página 122, a denúncia apresenta organograma do grupo, incluindo Rose no papel de "apoio político". "Verificamos que Rosemary, juntamente com Paulo, Rubens e Marcelo, compõe nova quadrilha ou bando, diversa daquela composta pelos irmãos Vieira", diz a procuradoria. / F.M.
No telefonema interceptado pela Polícia Federal no dia 13 de novembro, Paulo Vieira, acusado de chefiar a quadrilha que se instalou na administração pública para compra de pareceres técnicos, disse que fora informado do plano por uma "alta autoridade do Ministério Público". Ele pede que Rose avise ao ex-ministro e sugere que a defesa de Dirceu providencie um habeas corpus preventivo.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, solicitou a prisão imediata dos réus condenados no mensalão no dia 3 de agosto, logo no início do julgamento, durante sua sustentação oral. Porém, ao longo dos cinco meses que se seguiram, o procurador não mais se manifestou formalmente sobre a prisão.
Na última sessão, segunda feira, dia 17 - 34 dias depois do telefonema de Paulo a Rose -, o chefe do Ministério Público Federal, provocado pelo ministro Celso de Mello, disse que iria reapresentar o pedido por escrito - feito, de fato, na quarta-feira quando o plenário do Supremo não poderia mais avaliar a solicitação em razão do recesso do Judiciário. A atitude suscitou na Corte a suspeita de que Gurgel manobrou para que o requerimento fosse analisado apenas pelo presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, plantonista durante o recesso. Na sexta-feira, Barbosa negou o pedido garantindo aos 22 condenados em regime fechado ou semiaberto - entre eles Dirceu - o direito de ficar em liberdade até o julgamento dos recursos.
No telefonema de 4 minutos e 50 segundos gravado pela PF,Paulo Vieira conta a Rose sobre a visita que fez a um membro da "alta cúpula" do MP, com quem havia viajado para a China. "Eu queria que você discretamente contasse para aquele amigo nosso de Vinhedo", diz, observando que recebeu a informação de que o MP iria " reiterar o pedido de prisão."
Rose foi assessora de Dirceu, que tem casa em Vinhedo (SP). Paulo Vieira era quem estava sendo monitorado pela PF. "Eles estão preparando um pedido de prisão para José Dirceu nas férias de dezembro, tá?", afirma o ex-diretor, que destaca que a solicitação seria analisada pelo atual presidente do STF. "O plantão judiciário não tem distribuição (...) fica o presidente. Você entendeu a ideia? (...) se chegar o pedido lá, vai cair na mão do Joaquim Barbosa."
"Para prender ele (Dirceu) nas férias, antes do recurso?", indaga Rose. "Essa prisão provavelmente vai ser derrubada depois, Rose, mas aí já teria feito o estrago", pondera Paulo, que sugere "tocar um habeas corpus preventivo" e pede que ela não diga ao ex-ministro que foi ele quem passou a informação.
Rose solicita que Paulo mande uma mensagem por escrito, para seu endereço de e-mail, prometendo repassá-la ao ex-ministro.
Procurado, o advogado de Dirceu, José Luís Oliveira Lima, disse que não iria se manifestar. A assessoria de Gurgel não respondeu aos questionamentos da reportagem.
O grupo que comprava pareceres técnicos aproximou-se de Rosemary Noronha, então chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, para garantir "apoio político" e acelerar a realização de seus objetivos. Na denúncia à Justiça, a Procuradoria da República inclui Rose como integrante da "nova composição" da organização. A acusação, em 137 páginas, descreve os passos de Paulo Vieira e suas relações com o ex-senador Gilberto Miranda. Por um período, Paulo e seus irmãos, Rubens e Marcelo, atuaram sem a parceria de Rose. A partir de 2004, Paulo passa a se valer dos préstimos de Rose, sua amiga. À página 122, a denúncia apresenta organograma do grupo, incluindo Rose no papel de "apoio político". "Verificamos que Rosemary, juntamente com Paulo, Rubens e Marcelo, compõe nova quadrilha ou bando, diversa daquela composta pelos irmãos Vieira", diz a procuradoria. / F.M.
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