Carlos Chagas
Dois anos para decolar ou desistir – é o prazo do PSDB. Três vezes derrotado na disputa pela presidência da República, o partido perderá asas, penas e bico caso não elabore um plano de vôo no mínimo capaz de levá-lo para o segundo turno, nas eleições de 2014. As pesquisas indicam a reeleição de Dilma, mas se os tucanos continuarem assediados por candidaturas alternativas do tipo Marina Silva, Eduardo Campos e até Joaquim Barbosa, o risco será de desaparecerem como alternativa eleitoral.
Importa, para o PSDB, sedimentar uma candidatura que no mínimo incomode os atuais donos do poder. Não parece necessário encontrar o candidato, porque ele já existe. É Aécio Neves. Resta convencer aquele grupo de pretensos e fracassados paulistas que se imaginam donos da legenda.
O ex-governador de Minas precisa adotar postura e linguagem diferenciada de José Serra, Geraldo Alckmin, Fernando Henrique e outros. Nada de exaltar as privatizações ou reviver o neoliberalismo. Muito menos fazer coro com as elites interessadas em pagar menos impostos e beneficiar-se de favores e concessões oficiais. Não se trata de ocupar espaços retóricos já tomados pelos companheiros, mas de demonstrar que de Lula a Dilma, fora o assistencialismo, o PT carece de um programa efetivo de mudanças estruturais. Deveria ser esse o caminho de Aécio: um elenco de realizações de que o país necessita. Um PAC que dê certo, fora do papel.
Se for necessário buscar um exemplo no passado, aí está a lembrança de como Juscelino Kubitschek se elegeu. Nada de centralizar a campanha na crítica aos mal-feitos do governo, ainda que referi-los se torne importante. Jogar pedras no passado jamais significou estratégia eficaz. Melhor usá-las para construir o futuro.
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E SE DER CERTO?
E SE DER CERTO?
Irritou-se o general Douglas MacArtthur quando informado de que os Estados Unidos lançariam a bomba atômica no Japão. Estava preparando uma invasão maior do que a do Dia D, na França, e não podia admitir que um simples capitão da Força Aérea, pilotando um bombardeiro, ganhasse as homenagens pelo fim da guerra. Um auxiliar indagou: “E se essa bomba falhar, o que acontecerá?”A resposta veio pronta: “Estou preocupado com o que acontecerá se ela não falhar…”
O episódio se conta, guardadas as proporções, a respeito do desvio das águas do rio São Francisco. Tudo indica que a obra não se completará nos próximos dez anos ou mais. No entanto, caso se complete no prazo de dois anos, como programado, qual o efeito sobre o rio já agonizante? O Brasil sem o São Francisco equivale ao Natal sem Papai Noel.
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QUANDO VOLTARÁ?
QUANDO VOLTARÁ?
Corre uma bolsa de apostas na Esplanada dos Ministérios, com todo mundo se preparando para viajar na próxima semana, já que Dilma Rousseff também ficará fora de Brasília. A dúvida é saber quanto tempo a presidente agUenta à beira-mar, na Bahia. Seu retorno ao palácio do Planalto está previsto para o dia 7, mas tem ministro imaginando receber bem antes aquele telefonema cruel: “Você não vem trabalhar?”
Tribuna da Imprensa
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