Mauro Santayana
A insistência da Espanha de associar sua imagem à do Brasil em condições neocoloniais não tem limites. Quebrado, com cerca de 30 bilhões de euros em reservas internacionais, contra quase 400 bilhões de dólares das nossas, e uma dívida total e per capita astronômica, o Reino da Espanha anunciou que está cunhando 14.000 moedas de ouro e de prata de cem e de dez euros, com a menção à Copa do Mundo do Brasil e à conquista da Copa da África do Sul pela Espanha.
Nas moedas de ouro e prata, onde se lê “2012 – Rei Juan Carlos I de España – Copa del Mundo de la Fifa – Brasil 2014″ de um lado aparecem, na moeda de prata, o mapa do Brasil e os territórios da África do Sul e da Espanha, assinalado por uma enorme bandeira espanhola, e uma ligação entre a África do Sul e o Brasil, sugerindo a transferência das sedes (e a transposição da vitória da Espanha) de 2010 para 2014, e, na de ouro, o mapa e uma bandeira estilizada do Brasil,tendo, a duas, na outra face, a efígie do Rei Juan Carlos da Espanha.
Como perguntar não ofende, cabe que as autoridades brasileiras responsáveis pela Copa do Mundo, começando pelo Ministério dos Esportes, esclareçam quem deu licença de colocar símbolos de nossa bandeira e a menção à Copa do Mundo do Brasil, 2014, em uma moeda que carrega o perfil do Rei Juan Carlos, cunhada pela “Real Casa da Moeda da Espanha”.
HOMENAGEM???
Se o caso é de uma homenagem, ou associação, meramente esportiva, entre uma coisa e outra, cabe colocar nessa moeda apenas a marca da FIFA, e a menção ás Copas de 2010 e 2014. Se a intenção, que está clara, é comemorar a vitória espanhola na Copa da áfrica do Sul, que a Espanha se limite a abordar, em suas moedas, a Copa de 2010. Se entrar a cara do Rei, como a dos antigos césares que afirmavam a sua autoridade sobre os territórios que controlavam com a circulação de moedas com a sua efígie, a questão torna-se política, e é preciso saber se esse absurdo é fruto da irresponsabilidade de alguém que autorizou a cunhagem dessa moeda, no Brasil, ou arrogante provocação, no caso da decisão ter se originado na Espanha, sem autorização brasileira.
País escolhido para a realização do evento é prerrogativa do Brasil ou, quando muito, da FIFA, cunhar moedas relativas à Copa do Mundo de 2014. Não somos vassalos do Rei Juan Carlos e a memória de “nossa” Copa não pode estar associada (e eternizada em ouro e prata) a uma monarquia ridícula, envolvida com nepotismo, corrupção, e, em pleno século XXI, com a caça de elefantes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário