A corrupção e a Ditadura Militar
Por Jasson de Oliveira Andrade
O
artigo “O sábio eleitor e sua arma poderosa”, do jornalista Mauro de
Campos Adorno Filho, publicado na Gazeta Guaçuana em 17/1/2013,
deixou-me muito preocupado, principalmente por esse trecho: “Um dia
desses, em uma rodinha de amigos, um deles sugeriu um golpe militar,
com destituição dos legislativos estaduais e do Congresso Nacional,
como forma de se fazer uma reforma geral e irrestrita e implantar leis
que coloquem um fim à corrupção (sic)”. A minha preocupação se
justifica. Para esse amigo do Maurinho, a Democracia é sinônima de
corrupção e o Golpe Militar ( Ditadura ) é sinônimo de honestidade.
Isto não é verdade, como irei demonstrar.
Na “Introdução” do meu livro “Golpe de 64 em São João da Boa Vista,
escrevi: “Preocupa-me, atualmente (2008), que algumas pessoas,
felizmente uma minoria, pretendem a volta da ditadura militar em vista
às denúncias de corrupção. Em artigo escrito no mês de maio de 2007,
revelei que a ditadura, seja de esquerda ou de direita, é pior. No
tempo da Ditadura Militar também houve corrupção. Só que ela não era
divulgada (havia a censura)”. Em seguida, transcrevi trechos de livro
que demonstra que na Ditadura Militar de 64 houve corrupção. Eis o que
mostrei: “Gilberto Dimenstein, no livro “As Armadilhas do Poder –
Bastidores da imprensa”, na página 117, revelou: “O mundo do poder, no
Brasil, está abarrotado de histórias de primeiras-damas, capazes de
influenciar o chefe do Estado – ou provocar escândalos e desgastá-los.
Alvo de uma bateria de mexericos sexuais, Yolanda Costa e Silva chegou
a ser apontada em envolvimento em contrabando, apreço por rapazes
jovens e presentes caros. Gostava de mandar e influenciar. Chegou a
gravar, secretamente, as conversas do próprio marido, o presidente
Costa e Silva. (…) Disseminou-se a versão de que o derrame que atingiu
Costa e Silva e levou-o à morte teve como um dos ingredientes a mulher,
acusada de participar de negócios escusos. E não foi acusada por
adversários. Mas por gente influente do próprio governo como o poderoso
general Muniz de Aragão que, em relatório ao presidente, contou fatos
sobre concorrências públicas envolvendo sua família. O autor fez outros
relatos, mas fico neste”. Terminei com essa observação: “Na democracia,
sem a censura, a corrupção é revelada pela imprensa escrita e falada.
Pode até haver exageros, mas a notícia não é substituída pelas receitas
ou versos de Camões, como acontecia no tempo da Ditadura Militar”.
Tenho um amigo que, em
conversa comigo, também defendeu a implantação de uma Ditadura Militar.
Na oportunidade, outubro de 2007, escrevi um artigo, “Pinochet, o
ditador corrupto”, que, entre outras coisas, afirmei: “Em vista da
corrupção que campeia no Brasil, um conhecido me disse: “Precisamos de
um Pinochet”. Ele desconhecia que o ditador chileno, no poder de
setembro de 1973 a 1990, era um corrupto como se pode verificar com
essa manchete do Estadão (5/10/2007): “Família Pinochet é presa por
desfalque – Viúva do ex-ditador, os cinco filhos e outros 17 aliados
são detidos pelo suposto desvio de US$ 27 milhões”. Ele, portanto, não
serve de exemplo para combater o nossos corruptos. Pinochet é pior.
Antes de morrer, em dezembro de 2005, aos 91 anos, esteve preso. Como
estava doente, ficou em prisão domiciliar. Além de torturar e matar, o
ditador chileno era ainda acusado de suposto desvio de dinheiro”.
Conclui assim o meu texto: “Ditadura não serve de exemplo para nenhum país. Com a censura, os ditadores de plantão impedem que a população tome conhecimento da verdade. Na democracia, conhecemos a corrupção através da imprensa escrita e falada”
A verdade: se é ruim com a democracia, é bem pior com a Ditadura
Militar. Por isto, sempre repito: “DITADURA NUNCA MAIS”!
JASSON DE OLIVEIRA ANDRADE é jornalista em Mogi Guaçu
Fevereiro de 2013
Fevereiro de 2013
Fonte: Juntos Somos Fortes
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