Carlos Chagas
É certo que a presidente Dilma, quando candidata, negou, com gravação agora retransmitida, qualquer hipótese de privatizar a Petrobras e o petróleo brasileiro. Também é certo que, após a descoberta do pré-sal, ficou claro não ter a Petrobras capital para explorar a imensa reserva. Entre deixar a riqueza no fundo do mar ou tirar proveito dela, Dilma optou pela solução mais lógica: oferecer a empresas estrangeiras parceria na extração do petróleo, devendo realizar-se o primeiro leilão do campo de Libra, segunda-feira.
Parece justa a indignação de funcionários da Petrobras e de economistas de formação nacionalista, mas a pergunta que se faz é se eles terão alguma alternativa. Porque no fundo, até do oceano, estão os interesses das multinacionais e das estatais, no caso, as chinesas. Cabe-nos fiscalizar essas empresas e verificar se cumprirão os contratos que destinam ao Brasil mais da metade do petróleo extraído.
Precisamos estar preparados para enfrentar golpes baixos. A simples presença de uma frota permanente da Marinha americana no Atlântico Sul levanta dúvidas quanto às intenções de Washington: querem o petróleo a qualquer custo. O grave na questão é que nossa Marinha carece de meios para defender o pré-sal. O tal submarino nuclear não sairá antes de vinte anos. A espionagem sobre a Petrobras constitui fato inegável.
Por ironia, a presidente Dilma autorizou que o Exército vá para as ruas do Rio garantir a realização do leilão, na hipótese de manifestações violentas em torno do hotel onde estarão os interessados na divisão do pré-sal. Houve tempo em que o Exército garantia a campanha do “Petróleo É Nosso”.
Fonte: Tribuna da Imprensa.
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