Folha apresenta sua agenda econômica e a atribui a Eduardo Campos
Reportagem da Folha de S.Paulo no fim de semana (no domingo) informa que o presidenciável Eduardo Campos (PSB) avalia que quem quiser governar o Brasil a partir de 2015 terá de fazer um duro ajuste fiscal. A matéria afirma que a avaliação é reproduzida por diversos de seus interlocutores.
O problema é que essa é uma avaliação da Folha de S.Paulo sobre o que Campos diz. Mais até, é um desejo, talvez, da Folha. É o que ela diz, prega e cobra no dia a dia em seu noticiário. Nos editoriais, então, nem se fala; é a reprodução, sem tirar nem pôr, do que defende o jornal no dia a dia. Ou do que querem em matéria de política econômica para o Brasil as fontes do jornal próximas ao governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB.
De qualquer forma é um mau sinal para o Brasil e um sinal excelente para os mercados: o presidenciável Eduardo Campos pregaria o fim do aumento real do salário mínimo e a volta do superávit primário a qualquer custo e preço. Mas o que a Folha diz que ele prega já é praticado hoje.
Se é a política econômica de Campos, ele adotou a mesma do tucanato
Não há como manter superávit alto com juros elevados na atual conjuntura, sem cortar gastos e sem desvalorizar os salários. Vamos esperar para ver o que Campos propõe ao país – ele não propôs nada até agora além desse negócio vago, que repete diariamente de que “é possível fazer mais”!!!! Vamos ver que rumo e que agenda ele apresenta, já que não é nada boa a que a Folha apresentou como a dele nesse domingo.
Fora o fato de que é preciso atentar para mais um detalhe na agenda do jornal, apresentada como sendo do presidenciável Eduardo Campos: ajuste fiscal duro e fim do aumento real do salário mínimo soam como música para o mercado e vai na linha do tucanato. É o mesmo discurso do senador presidenciável tucano Aécio Neves (PSDB-MG).
Mas, vamos lá… Vamos aos principais pontos da agenda da Folha que o jornal diz ser do governador Eduardo Campos: ele tem defendido em diálogos recentes o que chama de “choque de responsabilidade”, um gesto na linha de recuperar a confiança do mercado financeiro para tornar o país governável pelos próximos anos.
Presidenciável quer mudar política do salário mínimo?
“Qualquer que seja o resultado da eleição, será um ano difícil. Vai ter de ser duro para resgatar a confiança. O que conta é a previsibilidade, sem maquiagens”, disse o governador durante conversa com auxiliares na semana passada, conta a Folha de S.Paulo.
O jornal acrescenta que Eduardo Campos sinaliza com um “mix” da doutrina liberal e da pauta desenvolvimentista, corrente na qual afirma se encaixar melhor sempre que um rótulo lhe é cobrado. Em outras situações, apenas responde secamente: “Defendo o crescimento”. O governador defende, ainda, a definição de metas de longo prazo para o superavit primário e o cumprimento estrito da meta de inflação fixada pelo governo federal, matéria em que mostra simpatia pelo regime de bandas.
De acordo com o que reproduz o jornal, nesse sistema pendular, a União economiza mais para pagar juros da dívida quando o PIB estiver crescendo mais; e promove aperto menor nos gastos quando houver desaceleração da atividade econômica. “Não tem cabimento um superavit de 3% do PIB”, diz com frequência.
O presidente nacional do PSB se mostraria contrário, também, ao método de reajuste do salário mínimo automático, com base na inflação do período e no crescimento do PIB de dois anos antes. Concorda em garantir ganho real ao trabalhador, sem indexação. Se concorda e não acredita em milagres, deveria explicar como conseguir isso. E mais: como pretende mudar a política do salário mínimo, tão duramente conquistada e negociada pelo governo, centrais sindicais e aprovada pelo congresso Nacional.
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