Quem quer comprar?
Depois dos rojões do lançamento de uma revista, vem o duro contacto com a realidade das vendas.
Sabemos
todos o que está acontecendo com as revistas. A segunda maior revista
de informações do mundo, a Newsweek, está no cemitério, morta por falta
de leitores e de anunciantes.
A
maior de todas, a Time, aliás a inventora do gênero, foi recentemente
desprezada pelo mercado quando seus donos do grupo Time Warner tentaram
vendê-la. Ninguém quis comprá-la, simplesmente.
Na
era da internet, ninguém lê revistas ou jornais. Ponto. Repare: quando
você vê alguém com uma revista ou um jornal na mão, é um idoso ou uma
idosa que preferiu não abdicar de um hábito vencido pelo tempo.
Tudo
isso posto, poucas coisas mostram mais esse panorama desolador das
revistas no Brasil do que uma foto enviada ao DCM por Marcelo, nosso
leitor.
A
Veja, ignorada pelo público, estava sendo vendida ao chamado preço de
banana numa banca no Largo da Carioca, no centro do Rio. Importante: não
no meio ou no final da semana, quando está chegando uma nova edição. No
começo, quando a revista está tão quente quanto poderia estar no mundo
digital.
Lembro,
em meus anos de Abril, o esforço épico, e caríssimo, feito para
sustentar a carteira de assinantes da Veja na casa de 1 milhão.
Jairo
Mendes Leal, meu colega de Exame e depois superintendente da Veja,
operava milagres para tentar segurar uma carteira que, deixada a si
própria, despencaria espetacularmente.
O
objetivo disso era duplo: primeiro, manter a imagem de revista de
grande circulação. Segundo, captar anunciantes, a 70 000 reais a página
ou coisa parecida, por causa da carteira inflada.
Quem de nós não conhece alguém que, mesmo sem ter renovado a assinatura, continua a receber a Veja?
Com
todo o malabarismo, repare que a circulação no final da década de 1980
era a mesma de hoje – com a diferença de que era real.
Maus
editores contribuem para o declínio, é verdade. Mas ainda que a revista
fosse tocada por jornalistas como Mino Carta ou JR Guzzo, os que a
levaram aos dias de glória, mesmo assim a internet faria seu trabalho
assassino.
Quando
a posteridade estudar a morte das revistas no Brasil, e particularmente
a da Veja, que há 30 anos fez época no jornalismo brasileiro, a imagem
acima dirá mais do que qualquer coisa.
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