SOLIDARIEDADE
CUT ataca Barbosa e anuncia desagravo a Genoino, Dirceu e Delúbio
Presidente da central diz que ministro do STF age movido a rancor,
ressentimento e vingança: 'tudo nessas prisões explicita o caráter
político, de perseguição que marca o julgamento da AP 470'
por Redação RBA publicado 21/11/2013 17:13, última modificação 21/11/2013 17:49
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ROBERTO PARIZOTTI/CUT
São Paulo – O presidente da CUT, Vagner Freitas, declarou hoje (21)
solidariedade aos petistas José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares,
presos na semana passada a mando do presidente do STF, Joaquim Barbosa.
Em texto publicado na página da central na internet, Freitas faz vários
ataques a Barbosa, “um magistrado que atropelou a lei que jurou defender
e demonstra, com fartura de provas, estar psíquica e intelectualmente
despreparado para o cargo que ocupa”.
Na
avaliação do presidente da CUT, o ministro move-se por “ressentimento e
desejo de vingança”. Freitas cita em particular o estado de saúde de
Genoino, cujos problemas cardíacos têm sido sistematicamente
desconsiderados por Barbosa.
Freitas
também critica todo o julgamento da Ação Penal 470, conhecida como
processo do mensalão, que levou à prisão de Genoino, Dirceu e outros.
“Tudo
nesse caso é exceção. Tudo nessas prisões explicita o caráter político,
de perseguição que marca, desde o início, o julgamento da AP 470”,
afirma o sindialista.
Segundo
ele, a CUT fará um ato de desagravo aos três petistas em 9 de dezembro,
durante a cerimônia de entrega do prêmio Democracia e Liberdade Sempre -
2013, cujo tema é “Nada vai nos calar”.
Leia a íntegra do texto:
Joaquim Barbosa abusou: quer ver Genoino morto
Vagner Freitas, presidente da CUT
Depois de oito anos de execração pública, decisões arbitrárias,
autoritárias e sem base legal, o julgamento da Ação Penal 470 terminou
com o mais deprimente espetáculo de violação de direitos
constitucionais: a prisão ilegal, em pleno feriado de Proclamação da
República, dos companheiros José Genoino, José Dirceu e Delúbio Soares.
Condenados
– sem nenhuma prova – a regime semiaberto foram colocados em regime
fechado durante quatro dias, por ordem da autoridade máxima do Poder
Judiciário, Joaquim Barbosa. O ministro não teve o menor pudor em deixar
de cumprir sua obrigação, que é preservar o Estado de Direito, o
cumprimento das regras democráticas e da Carta Magna do País. Expediu os
mandatos de prisão contra os companheiros sem encaminhar, como lhe
cumpria fazer, a carta de sentença de cada um deles, e foi para o Rio de
Janeiro comemorar o feito com a sua torcida. Uma ilegalidade que deixou
o juiz da Vara das Execuções Criminais de Brasília sem saber o que
fazer. Também por ordem de Barbosa, todos foram levados para Papuda, em
Brasília.
Entre
tantas ilegalidades, a prisão de Genoino, um cidadão com um currículo e
uma biografia exemplares e que está extremamente doente, precisando de
cuidados médicos constantes, é uma crueldade que deixa claro o
ressentimento, o desejo de vingança que move Joaquim Barbosa.
Nem
Barbosa, nem tampouco a mídia conservadora do País esperavam uma reação
tão forte e sistemática da sociedade contra a desumanidade que
representa a prisão, sem direitos a cuidados específicos, de uma pessoa
com a história de vida e de luta de Genoino que neste momento vive sua
segunda tortura – a primeira foi no Araguaia.
Eu,
como presidente da CUT, e representante de mais de 23 milhões de
trabalhadores, conclamo a parcela sensata e honesta da sociedade, a
exigir Justiça, que prevaleça o Estado de Direito. Genoino precisa ser
imediatamente solto ou cumprir prisão domiciliar. Esta é uma questão
humanitária. O estado de saúde dele é gravíssimo e todos sabem disso. O
parecer do IML comprovou. Se alguém ainda duvidava dos laudos dos
médicos que operaram o deputado em junho e o do IML, depois de hoje, não
há mais do que duvidar. Genoino passou mal de novo e precisou ser
internado.
Já
Joaquim Barbosa, a própria história o julgará. Como já o fazem vários e
vários juristas sérios do mundo inteiro. No momento, ele está
escrevendo a história de um magistrado que atropelou a lei que jurou
defender e demonstra, com fartura de provas, estar psíquica e
intelectualmente despreparado para o cargo que ocupa. Ele colocou seus
interesses pessoais, rancores e desejos de vingança acima da
Constituição. A decisão do ministro coloca em risco a credibilidade do
Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente da corte foi irresponsável e
agrediu o bom senso nacional.
A
sociedade brasileira não quer impunidade. Nós não queremos impunidade.
Prova disso é que nunca houve tanta liberdade de ação da Polícia Federal
e dos órgãos de controle como nos últimos dez anos. Mas isso não
significa que uma única pessoa possa rasgar a Constituição e tomar
decisões descabidas, autoritárias e ilegais, como se estivesse acima da
Lei, da Ordem Jurídica, do poder supremo do País.
Para
acabar com a impunidade, temos de acabar com a esse tipo de
comportamento intempestivo, emotivo, violento, agressivo e sem ética que
desestabiliza as instituições e põe em risco a democracia brasileira.
Essa
manipulação da Justiça, que se tornou marca de Joaquim Barbosa, ao
prender José Genoino e deixar tantos outros sequer sem julgamento, ao
contrário do que imaginava a mídia conservadora, não vai melhorar a
imagem que o povo tem do Judiciário e aprofunda o mal-estar causado pela
sensação de impunidade. A demora em julgar o mensalão mineiro, que
chegou no STF antes da AP 470, é uma prova disso.
Tudo
nesse caso é exceção. Tudo nessas prisões explicita o caráter político,
de perseguição que marca, desde o início, o julgamento da AP 470.
Por
tudo isso, exigimos a anulação da sentença e a imediata revisão do
processo. Está mais do que claro que não existe provas de crime. O
julgamento foi político e transcorreu como uma novela que mais parece um
queijo suíço – cheio de buracos – para ser explorada pela mídia
conservadora que há muito queria criminalizar o PT, a CUT e os
movimentos sociais.
Acima
de tudo foi claramente armado para desconstruir os avanços sociais do
governo Lula. Os conservadores não suportam ver ou saber que o pobre tem
oportunidade de ascender socialmente, frequentar a universidade, viajar
de avião, ter máquina de lavar e carro zero.
E
como não conseguiram vencer nas urnas a nossa proposta de
desenvolvimento social com distribuição de renda, valorização do
trabalho e igualdade de direitos para homens e mulheres, apelaram para a
manipulação da Lei e o desrespeito à democracia. Não é assim que vão
nos derrubar.
Queremos
Justiça e não vingança e ódio. Vamos lutar para garantir a lisura, a
legalidade do processo e que a lei seja para todos. Jamais aceitaremos
essa punição dupla: aos companheiros e também a nós. Somos solidários
aos companheiros José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. Sabemos que
eles são inocentes. Temos consciência de que eles são, junto com a
militância, os construtores da luta por um Brasil melhor e mais justo.
Não
vamos baixar a cabeça. Ninguém vai punir a militância nem diminuir
nossa capacidade de luta e resistência contra decisões ilegais e
arbitrárias que visam impedir que o nosso projeto de transformação do
Brasil, iniciado e construído na luta diária há 30 anos, junto com os
companheiros condenados na AP 470, continue avançando e mudando a cara
do País.
No
próximo dia 26, a Executiva da CUT vai a Brasília visitar os
companheiros Dirceu, Genoino e Delúbio e prestar solidariedade. E no dia
9 de dezembro, data da entrega do 2º Prêmio CUT - Democracia e
Liberdade Sempre - 2013, cujo tema é “Nada vai nos calar”, vamos fazer
um ato de desagravo, uma homenagem aos companheiros.
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