Denúncia: golpe e corrupção no socorro a bancos americanos
Relatório de Neil Barofsky, inspetor-geral do programa de socorro ao sistema financeiro americano, tem 250 páginas e indica que já foram abertos cerca de 20 inquéritos para apurar irregularidades no uso de recursos públicos para resgatar bancos. Isso inclui desde questões relativas à fraude de títulos afetando investimentos do Programa de Alívio de Ativos Problemáticos (Tarp, na sigla em inglês) até corrupção e irregularidades em hipotecas. Ele não divulgou nenhum caso específico. O Tarp foi aprovado em outubro e liberou US$ 700 bilhões para ajuda a bancos.
O escritório do inspetor-geral conduz atualmente seis auditorias, incluindo uma sobre se os recentes pagamentos de bônus a funcionários da American International Group (AIG) estavam de acordo com as condições de ajuda do governo e se o Tesouro estava ciente de todos os aspectos do plano de indenização da companhia.
O relatório de Barofsky assinala que o Tesouro dos Estados Unidos comprometeu US$ 590,4 bilhões dos US$ 700 bilhões até 31 de março, o que significa que ainda restam US$ 109,6 bilhões para salvar o sistema financeiro. O Tesouro americano espera que durante o próximo ano as instituições financeiras devolvam cerca de US$ 25 bilhões da ajuda recebida, o que aumentaria os fundos disponíveis por parte do governo para US$ 134,6 bilhões.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, testemunhou nesta terça-feira (21) em painel do Congresso americano que supervisiona os esforços do governo para salvar bancos com problemas financeiros. Enquanto discursava, Geithner foi interrompido por manifesntantes, que protestavam contra a crise.
Ele respondeu a várias perguntas de congressistas sobre as parcerias público-privadas propostas pela Casa Branca para limpar os ativos tóxicos dos balanços dos bancos. O secretário do Tesouro insistiu que o modelo de investimento conjunto atinge um "equilíbrio desejado", permitindo que os contribuintes dividam os riscos com o setor privado. Ele disse acreditar que, em parceria com investidores privados, será mais fácil determinar o quanto valem esses títulos podres. Já Barofsky afirmou que o plano do Departamento do Tesouro para comprar ativos tóxicos dos bancos é suscetível a fraudes e abusos.
“Se o governo comprasse sozinho estes ativos, assumiria a perda total e correria o risco de pagar muito (pelos ativos)”, afirmou Geithner. “Se simplesmente esperarmos que os bancos se livrem desses ativos, prolongaremos a crise econômica, o que acabaria por aumentar os custos para os contribuintes”, acrescentou.
Geithner afirmou também que a dificuldade de estabelecer um valor para os ativos podres dos bancos criou um obstáculo para as instituições emprestarem e contraírem empréstimos. Segundo ele, os ativos tóxicos — aqueles sem liquidez — estavam "congestionando" o sistema financeiro de crédito e dificultando os esforços para que o fluxo de crédito retorne ao normal.
Bancos têm mais capital do que precisam
Geithner disse também que a maioria dos 19 bancos que estão passando por testes de estresse tem mais capital do que necessita para ser considerada bem capitalizada. O Tesouro está atualmente conduzindo testes de estresse em 19 dos maiores bancos americanos para verificar a saúde financeira dessas intituições.
“Aqueles bancos que precisarem de mais recursos terão oportunidade de levantar esse capital de fontes privadas ou de solicitar ao Tesouro, sob a forma de ações preferenciais conversíveis”, disse Geithner. “As preocupações sobre as condições econômicas, combinadas com o impacto desestabilizador dos ativos podres, têm criado um ambiente em que a incerteza sobre a saúde de cada um dos bancos reduziu bruscamente o volume de empréstimos”, acrescentou.
A declaração de Geithner desmente a informação divulgada nesta segunda (20) pelo blog Turner Radio Network de que 16 dos 19 maiores bancos americanos não teriam passado nos testes de estresse do governo.
Da redação, com agências
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