Copiado do blog Cidadania.com - Uol blog, do Eduardo Guimarães.
É triste constatar, mas a mídia está conseguindo manter em banho-maria um evento histórico em curso neste momento. Trata-se de um evento para o qual a sociedade brasileira, sujeitando-se à hierarquização da notícia imposta pelos meios de comunicação, não está dando a menor importância.
A história está sendo feita em Port Of Spain, neste momento, e a mídia põe em nossa ordem do dia, de forma quase exclusiva, a interminável epopéia do delegado Protógenes Queiróz, que, como se sabe, terminará no início de uma longa e promissora carreira política dele e no desvio das atenções sobre as investigações contra Daniel Dantas.
Enquanto isso, enquanto essa bobagem previsível vai ocupando as discussões, a história das Américas acontece no meio do Caribe, na capital de Trinidad e Tobago, ali pertinho da Venezuela, onde Barack Obama aparece no meio de todos os mais importantes líderes deste imenso continente portando-se com camaradagem e se dispondo ao diálogo, secando assim a última gota do soro de ódio, de intolerância e de ignorância que vem mantendo vivo o embargo imposto pelos Estados Unidos a Cuba.
Trata-se de um embargo cruel e injusto imposto a um governo legítimo, apoiado amplamente pelo seu povo, como demonstram fatos inegáveis sobre Cuba que relatarei a seguir e que foram extraídos da cobertura da grande mídia.
Leia, abaixo, trecho da história da independência cubana no fim do século XIX pela ótica das Organizações Globo.
Do portal G1:
18/04/09 – 08h00
Independente, pero no mucho
A ilha da América Central ficou independente da colonização espanhola em 1898, após uma sangrenta guerra. No entanto, continuou ocupada pelo EUA (que entraram no final da guerra) até 1902.
Os americanos só foram embora depois de conseguirem deixar oficializado seu poder na região. Por meio de uma emenda na nova Constituição cubana, a emenda Platt, eles ficavam autorizados a intervir em qualquer assunto interno da ilha.
A revolução de Castro
Desta maneira, Cuba vivia como um protetorado americano. Seus cassinos e hotéis de luxo abrigavam reuniões da máfia americana e eram destino de luxo de endinheirados.
Apoiado pelos americanos, o general Fulgêncio Batista deu um golpe em 1952 e impôs em Cuba um regime repressor e alvo de muitas denúncias de corrupção.
Em 1953, um opositor chamado Fidel Castro organizou um ataque ao quartel Moncada, em Santiago de Cuba. O ato foi frustrado, e seus líderes foram presos.
Três anos depois, Fidel liderou uma revolução que marchou da fronteira com o México até a Sierra Maestra, para entrar triunfante em Havana.
Em janeiro de 1959, vitorioso, Fidel assustou de verdade os americanos com seu “espírito nacionalista” - em plena Guerra Fria.
A partir daí, tudo mudou na relação com os EUA.
Chega a ser meio ridícula a hipótese de algumas centenas de revolucionários armados com rifles “assustarem” a que já era, então, a maior potência econômica e militar do planeta. E o que mudou na relação de Cuba com os EUA? A meu ver, os norte-americanos continuaram agindo em relação à ilha como sempre agiram, ou seja, como se fossem seus donos.
Além disso, como revela a reportagem da Globo, em 1980 o regime cubano permitiu a quem quisesse que deixasse a ilha. Eram os exilados de Miami de hoje já sofismando ao denominarem o êxodo a que se dispuseram como “A Fuga de Mariel” (Do porto de onde saíram rumo aos EUA). Quem ficou na ilha, que foi 99% daquele povo, ficou porque acreditava na Revolução.
Mas vamos em frente que o assunto aqui não é preciosidade histórica, ainda que ela seja sempre um paradigma a ser observado.
O fato é que está caminhando celeremente para o fim uma era de mentiras históricas sobre a Revolução Cubana e sobre o que gerou a situação que hoje todos conhecem. Logo, ficará claro à humanidade que o apoio ao regime dos Castro ainda é estratosfericamente alto na ilha.
E logo ficará claro que o que tem mantido Cuba fechada e governada com mãos duras tem sido o bloqueio imposto ao país pelos Estados Unidos.
Trata-se de um embargo que teria conseqüências duríssimas para qualquer país. Só para ficarmos nas duas leis mais duras das sanções estadunidenses, adotadas, respectivamente, em 1992 e em 1996, a lei Torricelli e a lei Helms-Burton, essas leis previram que o presidente americano em exercício pudesse “punir” até hoje países que tenham negócios com Cuba, e depois que empresas que mantivessem tais negócios também pudessem ser “punidas”.
Planos para assassinar Fidel Castro, intervenções em países sul-americanos como Brasil, Chile, Argentina e Uruguai a fim de implantar ditaduras militares anticomunistas, tudo isso foi efeito do eterno mandonismo norte-americano em relação a Cuba.
Não é por outra razão, portanto, que o encontro de Port Of Spain adquire a importância extraordinária à qual aludo. E é nesse sentido que exorto você, leitor, a se informar como puder sobre o que está acontecendo naquele encontro de 34 chefes de Estado em Trinidad e Tobago, pois nele poderá estar sendo moldada a história das Américas nas próximas décadas e até, talvez, nos próximos séculos.
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