Por Altamiro Borges
Âncoras e colunistas da mídia demotucana atingiram o orgasmo múltiplo nas últimas horas. Na televisão, por exemplo, é visível a alegria de Boris Casoy, Carlos Nascimento, Willian Bonner, Merval Pereira e Cristiana Lôbo, entre outros, com a realização do segundo turno das eleições presidenciais. Os espaços concedidos a José Serra, que obteve 32,61% dos votos (33.132.174), e a Marina Silva, que colheu 19,33% (19.636.337), são bem maiores e vistosos do que os cedidos a Dilma Rousseff, que quase venceu o pleito no primeiro turno – 46,91% dos votos (47.651.280).
As edições dos telejornais apresentam os derrotados como vitoriosos – festa dos tucanos em São Paulo e imagens angelicais da candidata verde – e mostram a candidata vitoriosa abatida, como se fosse a grande derrotada. O objetivo desta manipulação grotesca é animar a oposição de direita e desarmar os setores que apostam na continuidade da mudança. O esforço unificado da mídia é para tentar ofuscar o favoritismo de Dilma Rousseff no segundo turno. Ela tenta vender a idéia que será uma nova eleição, como se a realizada neste domingo não tivesse qualquer importância.
Moto-Serra e os votos verdes
De concreto, a oposição demotucana foi derrotada nas urnas. No início da campanha eleitoral, José Serra aparecia como franco favorito – com quase o dobro da intenção de voto da ex-ministra do governo Lula. Antes mesmo do horário eleitoral, ele perdeu milhões de votos e passou para a segundo colocação. A possibilidade de vitória no primeiro turno de Dilma Rousseff, que nunca disputou um pleito e era pouco conhecida da sociedade, era real. Ela só se inviabilizou na reta final graças ao fenômeno da chamada “onda verde”, em boa parte criada pela própria mídia.
Numa análise fria, sem a partidarização apaixonada da mídia demotucana, Dilma Rousseff é a franca favorita para vencer as eleições em 31 de outubro. Ela conseguiu colocar mais de 14,5 milhões de votos a frente de Serra. Dos 19,6 milhões de votos dados pelo eleitor seduzido pela verde Marina, ela precisa colher cerca de 4 milhões para ser eleita a primeira mulher presidente do Brasil. Nem o maior torcedor do tucanato, convertido recentemente ao eco-capitalismo, avalia que Serra conseguirá abocanhar aproximadamente 15 milhões de votos da candidata verde.
Derrota do bloco liberal-conservador
Os colunistas da mídia demotucana destacam apenas os fatores favoráveis a Serra. Dizem que agora Aécio Neves, que manteve com folga o governo de Minas Gerais, estará livre para fazer campanha. Mas ele nunca esteve preso. Se não abraçou na campanha do concorrente paulista foi por outros motivos. Afirmam ainda que Geraldo Alckmin, novamente eleito ao governo paulista, será um importante reforço para sua campanha – mas é bom não esquecer a traição que o mesmo sofreu na eleição para a prefeitura da capital paulista. A vingança pode ser maligna!
Já no caso de Dilma Rousseff, os colunistas da mídia direitista preferem ocultar seu favoritismo. Na primeira eleição em que disputou, ela teve o mesmo percentual de votos de Lula no primeiro turno de 2002 – após três tentativas castradas de chegar à presidência e uma sólida projeção nas lutas sindicais. Além disso, ela contará agora com vários governadores, senadores e deputados eleitos – a vitória do seu campo político nos pleitos estaduais foi acachapante. A correlação de forças se alterou nesta eleição, com a derrota do bloco neoliberal-conservador.
Em síntese, o favoritismo de Dilma Rousseff para o segundo turno é visível – só mesmo a mídia demotucana tenta ofuscá-lo com seus padrões de manipulação. Mas o favoritismo, por si só, não garante a vitória. O segundo turno exigirá muita energia. Será uma guerra sangrenta!
Fonte: Blog do Miro.
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