Blog do Rovai.
Comunicação foi o tema principal, mas não o único.
Por Glauco Faria
Hoje pela manhã, durante pouco mais de duas horas, o presidente Lula concedeu uma entrevista a dez blogueiros e também respondeu a questões formuladas pelo Twitter pela blogueira Conceição Oliveira, que participou via Twitcam (com direito a pito do presidente por ter aparecido fumando). O ineditismo do encontro, com pessoas que trabalham prioritária ou exclusivamente na internet, já é algo a se comemorar, pois representa o reconhecimento de quem hoje produz informações e análises relevantes e que não seguem necessariamente a agenda da mídia antiga. Ainda que o formato da entrevista amarrasse um pouco a fluência e evitasse o contraditório (como lembra Rodrigo Vianna aqui, não havia direito de réplica, pois se houvesse seria impossível que todos pudessem perguntar), as questões colocadas estiveram bem longe do chapabranquismo que alguns temiam e outros anunciavam.
Lula se sentiu muito à vontade quando o assunto era comunicação. Fez questão, como em outras oportunidades, de ressaltar que ele próprio é “produto da liberdade de imprensa”, mas não deixou de fazer suas críticas pontuais à cobertura jornalística. “Não existe maior censura do que a ideia de que a mídia não pode ser criticada”, disse, ressaltando o papel da internet: “Agora, quando o cidadão conta uma mentira, ele é desmentido em tempo real”. “O cidadão”, no caso, também pode ser lido como “o veículo informativo”.
De fato alguns temas não puderam ser abordados, talvez até pela centralidade que a questão da comunicação adquiriu. Mas outros pontos, que jamais teriam sido abordados em uma entrevista feita pela mídia antiga, estiveram presentes como o racismo nas escolas, o processo das conferências, a redução da jornada de trabalho, o veto presidencial ao fim do fator previdenciário e o PNDH 3, este último abordado não como o apocalipse previsto por parte da imprensa comercial, mas como algo que continha uma série de avanços que foram renegados pelo governo.
Só por ter uma pauta diferenciada, mais ligada a questões debatidas pela esquerda – e muitas vezes espinhosa para o entrevistado – a entrevista já teria valido a pena de ser acompanhada. Mas Lula também contou histórias interessantes como a negociação travada com o presidente iraniano Ahmadinejad para tratar a questão nuclear. Além disso, revelou, perguntado via Twitter, que o dia mais difícil para ele na presidência foi quando houve o acidente com o avião da Tam. Na ocasião, segundo ele, foi vítima de diversas leviandades como editoriais que responsabilizavam o governo pela morte dos passageiros. Uma vez desmentida a versão, nenhum veículo fez mea culpa.
Na entrevista em si e na própria iniciativa de fazê-la, Lula deu uma contribuição importante para a democracia e a transparência. Que Dilma e outros homens públicos sigam o exemplo. Confira a íntegra da entrevista
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