Dilma promete ser exigente quanto à "ficha" da equipe de primeiro escalão
Correio Braziliense, por Denise Rothenburg
Escaldada pelo caso Erenice Guerra e com a certeza de que não pode errar na largada, a presidente eleita, Dilma Rousseff, vai passar um verdadeiro pente-fino nos currículos e no passado de todos os indicados para compor o primeiro escalão do governo. Dilma não quer o desgaste de ver um nome, avalizado por um partido, terminar recusado em função de problemas na Justiça. Ela já repassou essa ideia a alguns aliados e fez chegar a todos o ritmo que pretende empreender nesses 57 dias antes da posse. A previsão é de que a escolha dos nomes comece tão logo Dilma retorne da Coreia do Sul com o presidente Lula.
O primeiro bloco de nomes a ser anunciado será o da equipe econômica, onde a permanência de Guido Mantega na Fazenda é apontada por todos como uma possibilidade forte. Depois, ela tratará dos indicados do PT, do PMDB e do PSB. Em seguida, virão os demais partidos. Do ponto de vista político, o anúncio dos principais nomes da área econômica em primeiro lugar tem a função de blindar esses postos da ambição dos aliados e acalmar o mercado.
Creio que junto à equipe econômica, será anunciado também os titulares das pastas de coordenação política, e também o desenho institucional dessa área. Dilma terá um articulador na Casa Civil ou um técnico tocador de obras. Será as atribuições de gerência de projetos ficarão vinculados diretamente ao seu gabinete? O ministério de Articulação Política vai ser esvaziado ou mantido? Esses são pontos chaves para a montagem do quebra-cabeça. Como o perfil de Dilma é diferente do de Lula, pode ser que ela prefira uma Casa Civil mais política que técnica, ganhando força assim o nome de Antônio Palocci.
A presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, conta com total simpatia de Dilma Rousseff. O mesmo ocorre com o atual homem forte do Banco do Brasil, Aldemir Bendime. Luciano Coutinho, titular do BNDES, pode ser deslocado, assim com Nelson Barbosa, secretário de Política Econômica da Fazenda, a quem Dilma tentou emplacar no início do ano como presidente do Banco Central.
A Denise destaca bem os nomes da área econômica do governo Lula que mais agradam a presidenta eleita. É possível que os presidentes da Caixa e Banco do Brasil sejam mantidos nos mesmos postos, já que os dois bancos são parceiros fundamentais para os principais projetos tocados por Dilma na casa Civil. Maria Fernanda chegou a ser cotada para a Fazenda, mas seu nome perde força nesse primeiro momento. Coutinho é que pode ser deslocado ou para a Fazenda ou para uma super pasta do Desenvolvimento, que conta inclusive com o BNDES. Nelson Barbosa corre por fora para o Banco Central ou Planejamento.
Feito o anúncio da área econômica, Dilma cuidará dos espaços dos aliados. PT, PMDB e PSB formam hoje o que os fiéis escudeiros da futura presidente chamam de tripé da governabilidade. PT e PMDB são as maiores bancadas no Senado e na Câmara. O PSB, com seis governadores - o maior número da base aliada - ganhou a condição de terceira força. Isso porque, além de aliado histórico do PT, existe todo um trabalho de manter o partido próximo do Planalto. Assim seria mais fácil evitar que, ali, o senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG) semeie o espaço de uma futura candidatura à Presidência contra o PT. Afinal, o presidente do PSB, Eduardo Campos, já convidou Aécio a ingressar no PSB há alguns anos e, ontem, o governador do Ceará, Cid Gomes, jogou o nome do senador eleito como uma possível aposta para presidir o Senado. A proposta não ganhou força imediata, mas todos consideram que foi dado o recado de que os socialistas podem escolher outro caminho se não forem protagonistas no projeto dilmista.
Esse parágrafo da matéria vai ao encontro do meu post de ontem. O PSB precisa ser muito bem tratado para que não vire algo fácil para à oposição, que virá com um discurso bem mais "ameno". Não vamos nos esquecer que a grande parte dos "pit-bulls" do Congresso não foram reeleitos. Aécio mineiramente vai procurar comer pelas bordas, tentando minar a heterogênea base aliada de Dilma. Eduardo Campos tem sido um aliado leal, mas no caso de no futuro naufragar a relação com o PT, os socialistas certamente não estarão sozinhos.
POSTADO POR ALEXANDRE PORTO
Fonte: Blog do Alê.
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