O informante e o jornal
Por que o New York Times não cobre o julgamento da fonte do Wikileaks?
Acusado de vazamento para o site, soldado americano não teve em suas audiências a presença do jornal
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Na semana passada, em uma cena de tribunal ao estilo do escritor John Grisham, o soldado do Exército norte-americano Bradley Manning, acusado de vazamento de registros de guerra e de telegramas do Departamento de Estado dos EUA para o WikiLeaks, testemunhou publicamente pela primeira vez desde sua prisão, em maio de 2010.
Leia mais: Saúde de Assange causa preocupaçãoLeia mais: Por que exigir a extradição de Julian Assange?Leia mais: Caso Assange pode ir parar em Haia
Por mais de cinco horas, Manning descreveu os dois meses que passou preso dentro de uma tenda escura no Kuwait e os nove meses que ficou em confinamento solitário, 23 horas por dia, em uma Brigada do Corpo de Fuzileiros Navais, em Quantico, Virgínia. Em um momento teatral, Manning se levantou de onde estava e caminhou ao longo de uma fita no chão, num esboço de 1,80 por 2,40 metros, para demonstrar o tamanho de sua cela na prisão. Em outro momento, ele colocou o blusão anti-suicídio que foi obrigado a vestir.
O testemunho de Manning foi o clímax de uma semana de audiências pré-julgamento sobre sua experiência em Quantico, a qual seu advogado argumentou ser ilegal, além de ser motivo para que as acusações contra ele sejam esquecidas. Revelados nas audiências, os detalhes sobre os algozes de Manning, que chamavam sua cueca de calcinha, que levavam à noite sua roupa íntima para que ele não se enforcasse, que escreveram um poema sobre suas supostas tendências suicidas e que ignoraram as recomendações de um psiquiatra para que houvesse menos restrições, fizeram os despachantes lerem o processo judicial como se fosse uma cena de “As Vidas dos Outros”.
Contudo, havia uma grande ausência no tribunal: o jornal The New York Times. O jornal, que não cobriu as audiências, publicou apenas um informe feito pela Associated Press. A atitude é estranha, especialmente considerando que o veículo se beneficiou enormemente do material vazado por Manning. Após fechar uma parceria com o WikiLeaks para revelar os telegramas em julho de 2010, o Times continuou a contar com os documentos de Manning transmitidos pelo criador do site Julian Assange em seus relatórios periódicos. Em abril de 2011, uma análise do site The Atlantic mostrou que 54 das 115 edições impressas do New York Times até agora este ano continham matérias que “citavam documentos do WikiLeaks como fontes”.
“É muito louco”, diz Michael Ratner, um advogado de direitos humanos do Centro para os Direitos Constitucionais, que defende Assange. “Ele [Manning] é o vazador chave da história dos EUA na última década, e eles não cobrem o seu julgamento? Ele é a única fonte de materiais que eles usaram e não o cobrem? Eu não entendo. Eles tiveram que tomar a decisão de não fazê-lo”, declarou.
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Por mais de cinco horas, Manning descreveu os dois meses que passou preso dentro de uma tenda escura no Kuwait e os nove meses que ficou em confinamento solitário, 23 horas por dia, em uma Brigada do Corpo de Fuzileiros Navais, em Quantico, Virgínia. Em um momento teatral, Manning se levantou de onde estava e caminhou ao longo de uma fita no chão, num esboço de 1,80 por 2,40 metros, para demonstrar o tamanho de sua cela na prisão. Em outro momento, ele colocou o blusão anti-suicídio que foi obrigado a vestir.
O testemunho de Manning foi o clímax de uma semana de audiências pré-julgamento sobre sua experiência em Quantico, a qual seu advogado argumentou ser ilegal, além de ser motivo para que as acusações contra ele sejam esquecidas. Revelados nas audiências, os detalhes sobre os algozes de Manning, que chamavam sua cueca de calcinha, que levavam à noite sua roupa íntima para que ele não se enforcasse, que escreveram um poema sobre suas supostas tendências suicidas e que ignoraram as recomendações de um psiquiatra para que houvesse menos restrições, fizeram os despachantes lerem o processo judicial como se fosse uma cena de “As Vidas dos Outros”.
Contudo, havia uma grande ausência no tribunal: o jornal The New York Times. O jornal, que não cobriu as audiências, publicou apenas um informe feito pela Associated Press. A atitude é estranha, especialmente considerando que o veículo se beneficiou enormemente do material vazado por Manning. Após fechar uma parceria com o WikiLeaks para revelar os telegramas em julho de 2010, o Times continuou a contar com os documentos de Manning transmitidos pelo criador do site Julian Assange em seus relatórios periódicos. Em abril de 2011, uma análise do site The Atlantic mostrou que 54 das 115 edições impressas do New York Times até agora este ano continham matérias que “citavam documentos do WikiLeaks como fontes”.
“É muito louco”, diz Michael Ratner, um advogado de direitos humanos do Centro para os Direitos Constitucionais, que defende Assange. “Ele [Manning] é o vazador chave da história dos EUA na última década, e eles não cobrem o seu julgamento? Ele é a única fonte de materiais que eles usaram e não o cobrem? Eu não entendo. Eles tiveram que tomar a decisão de não fazê-lo”, declarou.
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