Esse pictograma indica uma área preferencial para idosos. Costumamos vê-lo, por exemplo, em transportes públicos e estacionamentos de carros. Honestamente? Eu nunca quis me tornar essa pessoa frágil que precisa de bengala para conter a escoliose, mal consegue ficar de pé e tem uma séria dificuldade de se locomover pelas ruas da cidade. Essa é a história que a imagem acima me conta sobre quando eu envelhecer. Mas não só ela parece irreal para mim (que ralo tanto para ficar de cabeça para baixo na ioga toda semana) como não se aplica a grande parte dos meus amigos com mais de 60 anos. Caso da Biba Russo essa atleta aí de baixo que, aos 63, acorda todos os dias antes do primeiro raio de sol incidir sobre a terra para se preparar para correr.
Pictogramas são representações gráficas simplificadas de uma ideia, pessoa ou objeto. Eles precisam dar conta de, em uma imagem, passar uma informação de forma simples, clara e compreensível ao maior número possível de pessoas. A questão é: as pessoas com mais de 60 anos não são mais velhos frágeis indefesos. Essa ideia da velhice envelheceu.
No último fim de semana, participei do TEDxFloripa e conheci o publicitário Max Petrucci, que quis mudar a cara da terceira idade nas cidades brasileiras. Ele contou em sua palestra que qualquer pessoa pode pleitear a mudança de um pictograma junto à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Para decidir que novo símbolo ele proporia à ABNT, arrecadou dinheiro por crowdfunding, abriu a possibilidade de qualquer pessoa mandar suas ideias e criou uma página no facebook para documentar o processo. Os mais de 74 mil likes em A Nova Cara da Terceira Idade mostram a relevância desse assunto. O resultado desse trabalho colaborativo foi entregue a designers que devolveram a Max três opções para o novo pictograma. Ele então abriu essas opções para a votação das pessoas:
Hoje, dia internacional do idoso, o vencedor foi divulgado: é o primeiro deles, à esquerda. A bengala, tecnicamente tida como um elemento importante de representação da idade avançada, foi reprovada pela grande maioria das pessoas. Max agora tem um novo símbolo em mãos para propor à ABNT.
Esse novo símbolo conta uma história diferente sobre o que é envelhecer. O Mário Quintana diz que “tempo é um ponto de vista. Velho é quem é um dia mais velho que a gente”. Eu quero viver em uma cidade que me acolha quando meu ponto de vista mudar e eu passar a ser mais velha que as pessoas. E acredito que um símbolo que conte uma nova história é parte desse processo. Tomara agora que seja adotado nos ônibus, estacionamentos, empresas e assim por diante.
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