Marina e o PSB: o “pragmático” vence o “sonhático”
Quem disser "eu sabia" estará mentido. A adesão de Marina Silva ao
PSB de Eduardo Campos (PE) é o mais inesperado e impactante movimento
dessa campanha presidencial antecipada. Com incertezas e múltiplos
significados.
As manchetes e a reação, mesmo as negativas, já dizem muito do
impacto. E logo veremos se o resultado será maior, ou menor, do que o
barulho por essa união provocado.
Pesquisas, o tempo e a Política dirão quem será cabeça da chapa.
Mas a ação torna Eduardo Campos ainda mais candidato à presidência. Só
muito fanatismo para crer que essa junção é, agora, nesse momento, ruim
para Campos.
No que vai dar, são outros quinhentos, mas é solar que a ação vitamina o candidato do PSB.
Marina dizia querer uma "nova política" e que seu plano era "a Rede
e só a Rede". Sua adesão mostrou o que é, qual é a realidade da
Política no Brasil.
Marina não teria como deixar no sereno os seguidores que querem
mandato em 2014. E nem os que financiam a "Rede de Sustentabillidade".
Marina trocou o “sonhático” discurso de ocasião pelo ação pragmática.
Como fazem todos os partidos.
No discurso de Marina no sábado, um ato falho digno de Freud. Ela
queria dizer "aliança programática", mas terminou dizendo "aliança
pragmática"; a verdade escapou, surgiu ao vivo.
A propósito. No livro "Psicopatologia da vida Cotidiana" Freud faz
um relato. Em Viena, Áustria, um presidente do parlamento pretendia
anunciar "a sessão está iniciada". Terminou decretando:
-A sessão está encerrada.
A ação Marina/PSB encolhe espaços de Aécio Neves nesse momento, aí
incluída a mídia. Aécio que segue com Serra no cangote. Serra continua
querendo.
Governistas desdenham, mas a ação de Marina não estava nos planos.
Erro de cálculo, senão burrice, a torcida acintosa, o deboche, os
ataques pessoais a Marina. O beabá da política ensina que não se
fortalece adversário.
Deveriam ter ouvido Lula. Político que conhece a alma humana, Lula
elogiou Marina em recente entrevista. Ele sabe que também o rancor pode
se tornar combustível.
Análises à parte, os fatos. Pelo menos 52 deputados federais
trocaram de partido. A habitual arca sem Noé. No Acre de Marina, por
exemplo, o seu PSB é aliado do PT e apóia a reeleição do governador Tião
Viana.
Eduardo Campos dizia querer "os melhores". Bem, o PSB tem apoio do
DEM de Ronaldo Caiado em Goiás. Heráclito Fortes no Piauí e os
Bornhausen em Santa Catarina agora são "socialistas". Assim como é o
“astronauta brasileiro” Marcos Pontes(SP).
O PMDB busca a perfeição na arte da adesão.
A senadora Kátia Abreu (TO) deixa o filho no PSD de Kassab e
embarca no maior aliado do governo Dilma, o PMDB. Kátia Abreu, ícone da
bancada ruralista e premiada pelo Greenpeace, em 2010, com a "Motossera
de Ouro".
O PT ganhou um reforço de peso no time: o ex-boleiro Marcelinho Carioca (SP).
O cirurgião plástico Dr Rey fará companhia ao pastor Feliciano no
PSC e o pagodeiro Belo enfeitará o PTB. Giba e Giovane, do vôlei, foi
saque duplo do PSDB, um no Paraná, outro em São Paulo.
No sábado em que Marina trocou o "sonhático" pelo "pragmático"
vencia o prazo para mudanças na lei eleitoral. Quatro meses depois das
ruas de junho nada mudou na carcomida política brasileira e seus 32
partidos.
A seguir veremos ações e denúncias sobre compra e venda para o
horário eleitoral; que, como se sabe e se vê, nada tem de gratuito.
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