Plano da UE para Grécia é inviável sem perdão de dívida, diz FMI
Em um surpreendente comunicado emitido na noite de terça-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) fez duras críticas à União Europeia pela recusa do bloco em considerar o perdão de parte das dívidas da Grécia nas negociações para o terceiro pacote de ajuda financeira ao país em cinco anos.
O órgão, que também faz parte da lista de credores gregos, tendo emprestado 10% do mais de R$ 1 trilhão devido por Atenas, afirmou que apenas uma anistia considerável poderá evitar o colapso econômico do país.Segundo uma porta-voz, o FMI, que vinha resistindo a participar da nova leva de empréstimos sem o que chamou de um plano claro para a recuperação econômica grega, fez a recomendação diretamente aos ministros da área econômica dos países que adotam o euro como moeda. E também ofereceu possíveis cenários de perdão de dívidas.
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Especialistas do fundo recomendaram um período de 30 anos para o pagamento das dívidas - entre elas, a dos novos empréstimos -, além de uma extensão considerável da incidência de juros. Sem isso, segundo o órgão, apenas uma redução considerável na massa de débitos poderá fazer do endividamento um processo sustentável.
Drama no Parlamento
Foi a primeira vez que divergências mais substanciais entre o FMI e a União Europeia vieram a público.O novo pacote de ajuda grega, além de não conter qualquer tipo de perdão de dívidas, impõe duras condições a Atenas que incluem o compromisso de levantar um fundo com ativos gregos no equivalente a R$ 170 bilhões, além de medidas de austeridade que não apenas o governo grego tinha prometido não adotar, mas que também foram recusadas por 61% dos gregos em um plebiscito realizado há duas semanas.
As divergências internas dão contornos mais dramáticos aos compromissos dessa quarta-feira, quando vence o prazo dado à Grécia para aprovar no Parlamento quatro projetos de lei exigidos em troca de mais crédito.
Para o editor de economia da BBC, Robert Peston, as críticas do FMI podem ter "implodido" um novo acordo.
"Fica difícil imaginar os deputados gregos votando por algo que um dos credores gregos condena."
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