Nem Tancredo, nem FHC: quem faz a cabeça de Aécio é Lobão. Por Kiko Nogueira
ADVERTISEMENT
Desde a derrota na campanha presidencial, o ex-senador se destacou não pela originalidade ou contundência das opiniões, mas pelo golpismo tresloucado que lhe confere ares francamente napoleônicos (no sentido clínico).
Organizou uma viagem de fancaria à Venezuela com os colegas, uma farsa desde o primeiro momento com a suposta proibição da comitiva. Bateu boca com Renan Calheiros. Na semana passada, referiu-se a si próprio em entrevistas como “presidente da República” e declarou que o PSDB era o “maior partido de oposição ao Brasil”.
Como Lobão, ele se julga acima do bem e do mal, alguém que não deve desculpas jamais. A responsabilidade pelas bobagens é sempre exteriorizada.
Ambos se tornaram auto paródias. Lobão acha normal interpretar versões adulteradas porcamente das próprias canções em shows com meia casa, se tanto, para agradar gente que não está interessada em ouvir música. Sua turnê, diz ele, “é um sucesso”.
Os dois ficaram reféns de um público canalha. Falam para os revoltados on line e off line de sempre, que esperam deles um comportamento à altura — que eles entregam de bom grado.
“Golpista é esse governo”, diz Aécio. Lobão, por sua vez, afirma que “é um espanto” afirmar que ele faz um espetáculo “panfletário”. Antes, sua apresentação é “engraçada”. “Não falo o tempo todo sobre o PT, Dilma Rousseff e o caralho a quatro”, garante. É tudo fofoca. “Eu sou um artista e exijo respeito por parte da imprensa”.
Quanto mais eles falam, quanto mais eles aparecem falando, seja na TV ou na internet, mais fazem outros paranóicos parecerem razoáveis por comparação.
Há quem veja método nessa loucura. Método onde? Se Aécio fugiu de Lobão num protesto, o encontro das águas dos dois se deu agora esplendorosamente, numa mesma esfera mental.
Nenhum comentário:
Postar um comentário