segunda-feira, 13 de julho de 2015

POLÍTICA - A "perturbação de idéias" de Aécio.

A ‘perturbação de ideias’ de Aécio, segundo Jânio de Freitas


De Jânio de Freitas, na Folha:

A mais recente acusação de Aécio Neves a Dilma Rousseff, segundo a qual a presidente estaria pressionando o Tribunal Superior Eleitoral, tem sequer indício de realidade, mas fornece uma prova cômica da alienação que aciona o ataque incessante do senador à sua vencedora adversária eleitoral.
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O TSE deverá ouvir Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC/Constran. Conforme um dos vazamentos da delação premiada que está sob alegado segredo de Justiça, o empreiteiro afirmou que a campanha de Dilma recebeu doação proveniente da corrupção na Petrobras. Não deu comprovação, mas os oposicionistas consideraram a afirmação suficiente para pedir ao TSE a cassação do mandato de Dilma.
As boas almas podem entender que Aécio Neves é ingrato. Pode-se achar que são outras as carências que o levaram à ação na Justiça Eleitoral. O certo é que, a haver pressão de Dilma contra a aceitação de Ricardo Pessoa como declarante veraz, Aécio Neves deveria ser o primeiro a manifestar gratidão à presidente.
A fonte e a espécie de dinheiro que favoreceram a campanha de Dilma foram as mesmas, no dizer do delator premiado, que favoreceram as campanhas de Aécio Neves à Presidência e de Aloysio Nunes Ferreira ao Senado. Na perturbação das ideias, Aécio e suas forças imitam os militares americanos, craques no que chamam, para abrandar ao menos nas palavras, de “fogo amigo”.
No caso de Aécio e do PSDB, porém, o fogo é ainda mais consequente: é fogo suicida. Aécio Neves não se deu conta de que, se Dilma perdesse o mandato por consequência da afirmação de Ricardo Pessoa, no mesmo dia poderia dar entrada em um pedido de cassação dos mandatos dos senadores Aécio Neves e Aloysio Nunes Ferreira, para obter a sentença de efeitos judiciais idênticos em fatos iguais.
Também na política, e sobretudo na democracia, não se deve brincar com fogo.

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