Uma boa pergunta agora que a Folha está tentando desconstruir a Dilma Roussef.Mais uma oportunidade deste jornal mostrar a isenção que alardeia tanto e tantas vezes desmentida.Poderia utilizar a mesma jornalista que fez aquela entrevista por telefone com aquele militante que também combateu a ditadura.
Carlos Dória
O jornal Folha de São Paulo vem demonstrando interesse em recuperar o passado da ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, com especial atenção ao período da ditadura militar. Blog gaúcho resgata memória do período e questiona se esse interesse jornalístico será ampliado a outras figuras da política nacional, como, por exemplo, o atual chefe da Casa Civil do governo José Serra (PSDB), Aloysio Nunes Ferreira Filho, que participou de assaltos e outras ações armadas durante o regime militar.
Redação - Carta Maior
O interesse da Folha de São Paulo em recuperar o passado da ministra Dilma Rousseff, particularmente durante a ditadura militar, será ampliado para outras figuras da política nacional? O blog Cloaca News, de Porto Alegre, levantou essa questão com o sarcasmo que lhe é habitual. Em uma bem humorada nota intitulada “Serra nomeia assaltante para Casa Civil de São Paulo”, o blog recorda:
“O advogado paulista Aloysio Nunes Ferreira Filho, de 64 anos, podia estar roubando, podia estar matando. Mas, não. Atualmente, ele é o secretário da Casa Civil do governo tucano de José Serra. Ferreira já foi presidente de centro acadêmico, já foi deputado estadual, já foi deputado federal, já foi vice-governador. Já foi até ministro de estado. O que poucos recordam - e, quem sabe, a Folha de S.Paulo destaque sua repórter Fernanda Odilla para "investigar" o caso - é que o brioso elemento, outrora conhecido pelo cognome "Mateus", um dia empunhou um tresoitão para ajudar a surrupiar a assombrosa quantia de NCr$ 108 milhões da antiga Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, dinheiro que seria utilizado no pagamento dos salários dos ferroviários”.
“O memorável assalto (ou "expropriação") ao trem-pagador”, prosseguiu o blog em seu exercício de resgate histórico, “deu-se no dia 10 de agosto de 1968”. “Segundo relatos da imprensa da época, a ação foi fulminante e sem que houvesse sido disparado qualquer tiro. Aloysio era o motorista do Fusca no qual os assaltantes deram o pira com os malotes cheios da grana. Essa, porém, não fora a primeira ação espetacular do braço direito de José Serra. No mesmo ano, ele partipara do assalto ao carro-pagador da Massey-Fergusson, interceptando uma perua Rural Willys da empresa em plena praça Benedito Calixto, no bairro paulistano de Pinheiros. Ferreira participou destes eventos na condição de guerrilheiro da recém-nascida Ação Libertadora Nacional (ALN), a organização dos líderes comunistas Carlos Marighela e Joaquim Câmara Ferreira, o Toledo”.
O próprio Aloysio Nunes recordou esses episódios em matéria de Luiz Maklouf Carvalho, publicada no Jornal do Brasil, no dia 4 de março de 1999:
“O primeiro assalto a gente nunca esquece - e certamente por isso é que o relator da Comissão Especial da Reforma do Judiciário, deputado federal Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), ainda tem a memória afiada quando o relembra, 31 anos depois. "Foi uma expropriação impecável", avalia, em linguagem da época, uma das primeiras ações armadas de vulto contra a ditadura militar (64-85): o espetacular e bem-sucedido assalto ao trem-pagador Santos-Jundiaí, em 10 de agosto de 1968. Ferreira estava lá na condição de guerrilheiro da recém-nascida Ação Libertadora Nacional (ALN), a organização dos líderes comunistas Carlos Marighela e Joaquim Câmara Ferreira, o Toledo, uma das mais aguerridas na luta armada”.
"Coube ao então advogado de 23 anos a tarefa de recolher e transportar, num fusca, imediatamente após o assalto, o guerrilheiro João Leonardo Rocha e todas as armas usadas na ação. "Deu tudo certo porque o Marighela era muito exigente na logística", diz Ferreira. "O planejamento foi rigoroso, exigiu muitas viagens no trem, e possibilitou uma ação perfeita, sem o disparo de um tiro", lembra. Pouco antes do trem-pagador, ele participou, "na logística", de outro assalto ousado - ao carro-pagador da Massey Ferguson, em plena Praça Benedito Calixto, no bairro de Pinheiros (Zona Oeste de São Paulo). "Simulamos uma blitz, com cavalete, guarda fardado e tudo o mais", conta o deputado, lembrando, com um sorriso nostálgico, o momento tenso em que o guerrilheiro Arno Preiss fez as vezes do guarda, "orientando" o trânsito e fazendo parar a Rural Willys da Massey Ferguson. Por conta de ações como essa, Aloysio (ou Mateus, um de seus codinomes) foi parar nos cartazes dos "terroristas procurados".
A Folha terá interesse em resgatar também o passado deste brasileiro que decidiu participar da resistência armada à ditadura militar? Ou suas atribuições atuais na Casa Civil do governo tucano de São Paulo inviabilizam essa pauta?
Fonte:Agência Carta Maior.
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