sexta-feira, 9 de julho de 2010

FUTEBOL - Meia corintiano Edu e sua amizade com os espanhóis.

Do site Terra Magazine.

Meia corintiano troca mensagens com artilheiro da Copa

Eliano Jorge

O meio-campista corintiano Edu tem seis grandes motivos para torcer para a Espanha contra a Holanda na final da Copa do Mundo domingo, 11, e nenhum deles se refere à eliminação do Brasil pela Laranja nas quartas de final. As razões chamam-se David Villa, Juan Manuel Mata, David Silva, Carlos Marchena, Raúl Albiol e Cesc Fábregas, seus amigos e ex-colegas de time.

Amigos mesmo, sem forçar a barra. "Criamos uma certa intimidade com o pessoal na Espanha. Passamos Ano-Novo e Natal juntos, na minha casa, em Valência. Estavam sempre juntos comigo", conta Edu.

Em entrevista a Terra Magazine, ele revela as mensagens que trocou, durante o Mundial, com o atacante Villa, artilheiro da competição com cinco gols, ao lado do holandês Wesley Sneijder, carrasco da Seleção.

- É um cara muito bacana, muito tranquilo, bom de grupo, brincalhão para caramba, sempre está de bom humor, dificilmente você o vê reclamando ou falando mal de alguém. É um cara que merece o que está passando - testemunha o corintiano, que defendeu o espanhol Valencia entre 2005 e 2009.

Edu ressalta a principal característica que observava no ex-colega de clube: "A facilidade com que ele chuta a bola com as duas pernas. Isso sempre me chamou muito a atenção no clube lá. E a facilidade para fazer gols".

Ele acredita que o amigo Villa vai estourar no Barcelona, na próxima temporada. E explica como é difícil marcá-lo.

No inglês Arsenal, entre 2001 e 2005, Edu, de 32 anos, testemunhou o início de carreira do holandês Van Persie e do espanhol Fabregas. Agora, analisa a decisão do Mundial que opõe seus dois ex-parceiros.

Leia a entrevista.

Terra Magazine - Você, que jogou com alguns desses finalistas, o que pensa sobre a decisão da Copa do Mundo?
Edu
- É uma surpresa, né? Porque são duas seleções que não têm título mundial ainda. Todas as seleções mais cotadas estão fora, mas acho que os dois (finalistas) foram os que mostraram o melhor futebol nessa Copa, junto com a Alemanha.

Por ter jogado lá, você está torcendo para a Espanha?
Eu, sim. Estou com a Espanha. Tenho amigos lá no time espanhol.

Tem muita gente do Valencia, né?
É, exatamente. Tem cinco lá que são amigos meus. Estou torcendo por eles.

Você falou com eles recentemente?
Só com o Villa, o atacante. Mas evito ligar nesse momento. Eu mando uma mensagem, ele me responde. É tudo: "boa sorte", "bom jogo", "parabéns". Aí eu fiz uma brincadeira, que era pra tomar cuidado. No primeiro jogo, eles perderam (para a Suíça), ele falou: "Não tem problema, vamos ganhar do Chile", na primeira fase, que ia dar tudo certo. Uma coisa normal, assim. Mas eu não procuro ficar toda hora (mandando mensagem) não. Ele deve estar com a cabeça a 200 por hora lá, mas já nos falamos algumas vezes neste Mundial.

Então vocês têm uma proximidade mesmo, têm um bom relacionamento.
Tenho, tenho um ótimo relacionamento com todo mundo lá. Graças a Deus, por todos os lugares em que passei, deixei uma boa amizade. A gente se fala, sim, porque criamos uma certa intimidade com o pessoal na Espanha. Passamos Ano-Novo e Natal juntos, na minha casa, em Valência. Estavam sempre juntos comigo. O Villa foi, o Marchena já foi, o Mata... A gente sempre combinava, fazia uma festa, participava, o grupo era junto, fazia tudo junto, era bacana.

E como é pessoalmente Villa, o artilheiro da Copa?
É um cara muito bacana, muito tranquilo, bom de grupo, brincalhão para caramba, sempre está de bom humor, dificilmente você o vê reclamando ou falando mal de alguém. É um cara que merece o que está passando.

Villa é das Astúrias, como o piloto de Fórmula-1 Fernando Alonso. Tem alguma particularidade por isto?
Não, não. Ele coloca na chuteira dele a bandeira das Astúrias. Mas não falava nada não.

O que você destaca nele como jogador? Que pontos fortes?
A facilidade com que ele chuta a bola com as duas pernas. Isso sempre me chamou muito a atenção no clube lá. E a facilidade para fazer gols. Chuta muito bem. Tanto é que ele está vindo com o Valencia, sendo vice-artilheiro, terceiro lugar, há bastante tempo. E num time que não é tão ofensivo como Barcelona e Real Madrid.

O Barcelona faz mais de 100 gols na temporada, fica mais fácil para os atacantes...
Exatamente. É o que eu falo. Mas o Villa está sempre ali, em segundo ou terceiro (da artilharia), sempre perto do primeiro. Então é um cara que realmente sabe fazer gol, né?

E jogará no Barcelona, na próxima temporada.
Agora, sim. Agora ele vai estourar.

E no que ele ainda precisa melhorar? O que tentava corrigir?
É o cabeceio, você pode ver. Mas não é o ponto fraco dele. É a altura (1,75 m), né? Ele não é alto. Mas não tem nada específico que me chama a atenção.

E como se marca um cara desse, rápido, que conclui com os dois pés?
É, meu, é complicado. Tem que estar no pé do cara os 90 minutos, não dar espaço. É difícil porque ele tem velocidade também, tem o pessoal do lado dele que é muito bom e passa muito bem a bola. É difícil, mas tem que estar muito em cima, muito próximo dele, acho que é a única maneira.

Existe algum atacante brasileiro no mesmo nível dele atualmente?
Bom, eu gosto muito também dos nossos atacantes. Não sei se está no mesmo nível porque todos nós vivemos momentos especiais como o Villa está vivendo agora, porém temos atacantes até mais completos do que ele. Se for pegar o momento que ele está vivendo agora, não tem um brasileiro. Ele está na frente aí.

Você jogou com alguém dessa seleção holandesa?
Joguei com Robin Van Persie, no Arsenal. Joguei contra Robben, essa turma toda.

Manteve esse grau de proximidade que tem com os espanhóis?
Não. Com ele, menos. Só quando a gente se encontra nos jogos, a gente se fala, a gente conversa bastante. Também criei uma boa relação com ele, que é um cara muito bacana, que gostava muito de mim, me citava como grande jogador nas entrevistas. Mas não tinha a mesma intimidade que tenho com os espanhóis.

E com Fabregas, da Espanha, que foi seu colega no Arsenal?
Com Fabregas, muito. Conheci os pais dele. Iam no centro de treinamento, ele era bem novinho, eu conversava bastante com eles e com Fabregas.

Ele foi seu sucessor naquela posição, no Arsenal, né?
Mais ou menos. Foi ali. Porque logo depois que saiu todo mundo daquele time, ele assumiu.

Você tem alguma explicação para o fracasso da Inglaterra na Copa?
Eu não sei, meu. Pelo que eu via, parecia que eles estavam jogando uma partida normal. Você olhava para a cara dos ingleses, e era um jogo frio, eles não passavam aquela emoção de vestir a camisa da seleção inglesa, "vamos dar o sangue, vamos correr, vamos fazer o possível para ganhar", sabe? Para eles, entrar no Mundial parecia que era entrar num jogo normal. Isso me chamou muito a atenção.

Até Rooney, que teve uma temporada sensacional, não foi nem sombra do que se esperava?
Ele teve uma contusão antes da Copa, se recuperou, a gente não sabe se ele estava 100%. Mas não é só ele, né? Ali bastante gente deixou de fazer uma boa competição.

Nenhum comentário: