sábado, 10 de julho de 2010

ELEIÇÕES - Ainda sobre o almoço na casa de D. Lily Marinho.

Do blog Vi o Mundo.


No Cosme Velho, entre flamingos rosas, a hora das mulheres


por Mônica Bergamo (Colaborou Marlene Bergamo)

“Se recebi Fidel, por que não o PT?”, indaga Lily Marinho sobre Dilma

Dilma Rousseff (PT) chegou antes de boa parte das convidadas ao almoço oferecido para ela ontem, no Rio, por Lily Marinho, viúva de Roberto Marinho, das Organizações Globo. Eram 13h quando a petista foi recebida pela anfitriã na porta da célebre mansão cor-de-rosa do Cosme Velho, aos pés do Cristo Redentor, onde o casal recebeu por décadas governantes do mundo todo para jantares memoráveis.

“Se o Roberto recebeu Fidel Castro aqui, por que eu não posso receber o PT?”, disse Lily à Folha, num cenário emoldurado por flamingos rosas que nadam nos lagos da mansão — as aves foram presente do cubano, que esteve no Rio em 1992.

Um músico dedilhava ao piano e garçons de luvas brancas serviam champanhe Dom Perignon. “Ô, Jandira, toma um golinho pra mim porque senão vou ficar gorda igual a um boi”, disse Dilma à ex-deputada Jandira Feghali (PC do B), passando discretamente a ela a “flûte”.

Dilma se sentou perto de Lily, em cadeira de rodas por causa de uma queda. “Que tipo de música você gosta?”, perguntou a anfitriã. “Clássica. Gosto de Bach”, respondeu a candidata. “Ela toca piano e fala francês”, revelou uma amiga de ambas a Lily. “Eu tinha curiosidade de conhecê-la”, explicava Lily.

Não, repetia, ela não vai oferecer almoço a José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), adversários de Dilma na campanha presidencial. “Eu não sou política. Se ficarem com ciúmes, o que posso fazer? Nada.”

Aos poucos, o quorum aumentou. “A Lily estava um pouco ansiosa porque muitas têm até medo de chegar perto do PT e da Dilma. Mas todo mundo está chegando, graças a Deus”, dizia uma amiga da anfitriã.

Na hora do almoço, Dilma e Lily dividiram a mesa com a economista Maria da Conceição Tavares, a escritora Nélida Piñon, a produtora Lucy Barreto e a colunista Hildegard Angel, entre outras.

A conversa girou em torno de amenidades. “Todos os candidatos homens já fizeram plástica. To-dos”, dizia Dilma. E as pesquisas eleitorais?

“Deixa eu ficar no empate [com Serra] que tá bom”, respondeu a petista. No cardápio, tartare de salmão com maçã e funcho e filé de cherne com banana caramelada, passas e urucum do chef Claude Troisgros.

Antes da sobremesa, Lily leu um rápido discurso. Disse que ofereceu o almoço para homenagear “a senhora D, a senhora democracia”. E que seria um privilégio ouvir “a outra senhora D, Dilma Rousseff, que se propõe a ser a primeira mulher presidente do Brasil”.

Dilma fez um discurso sob medida. Falou de educação, família e cultura — e das “lutas de milhares de brasileiras anônimas”. “Eu acho que chegou a nossa hora!” Cantarolou com Alcione ao microfone — e se despediu de Lily: “Te espero na minha posse”.

A candidata se foi e as amigas formaram roda para comentar. “Ela está segura, senhora de si”, dizia Andrea Agnelli, mulher do presidente da Vale, Roger Agnelli. “Achei importante ela falar de educação”, disse Beth Floris, dona da editora Ediouro. Dona Lily gostou. “Vou fazer 90 anos. Sou velha para votar. Mas acho que, se votasse, seria na Dilma.”

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10/07/2010
iG
Flávia Salme

Almoço de Lily Marinho à Dilma reúne de Carmem Mayrink à Alcione

No encontro, viúva de Roberto Marinho elogia a petista e diz que não vai convidar mais nenhum candidato

“Sou analfabeta política. Infelizmente, desse assunto, não entendo. Mas ela é tudo o que eu gosto, está sempre impecável”. Foi assim que uma das mulheres mais elegantes do Brasil descreveu a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, estrela do almoço oferecido nesta sexta-feira (9) pela matriarca da família Marinho, dona Lily, na famosa mansão que Roberto Marinho construiu no Cosme Velho, zona sul do Rio. “Com a vida que leva, ela anda muito bem vestida, bem penteada. Com essas qualidades, ela é ótima para tudo”, avaliou Carmem.

Divulgado como um encontro que reuniria o mais feminino do jet set carioca, o evento de dona Lily Marinho chamou mesmo a atenção pela lista eclética de 50 convidadas. No salão principal acomodavam-se, lado a lado, a socialite Carmem Mayrink Veiga, a economista Maria da Conceição Tavares e a cantora Alcione, grifada na lista de nomes confirmados como “a Marron”.

Enquanto dezenas de flamingos impecavelmente cor-de-rosa — como a parte externa da mansão — desfilavam imponentes no jardim projetado por Burle Marx, a estilista e empresária de moda Lenny Niemeyer se aquecia sob o sol refletido em parte do terreno de três mil metros quadrados. A conversa que costurava com a produtora cultural Liége Monteiro foi prontamente interrompida para atender ao pedido de jornalistas interessados em saber se sua presença significava apoio a Dilma.

“O momento é de escutar, minha presença não é uma adesão”, ressaltou. “Lula foi bem, principalmente, na educação. A Dilma seria uma continuidade. Gosto do Serra, talvez ele não tenha esse carisma todo, mas simpatizo com ele. Da Marina, eu não sei. Acho ela uma pessoa super bem intencionada. Mas meu voto vai ficar entre Dilma e Serra”, despistou a estilista.

Liége também disse que ainda não formou opinião sobre o número que vai digitar nas urnas no dia 3 de outubro. “Mas vou formar”, avisou. “Eu gostei do Serra ter convidado o Índio da Costa para vice. O Índio é muito talentoso, já trabalhei para ele e sei. Já disse que ele seria presidente do Brasil”, contou.

Próximo às duas, a economista mais célebre do PT, Maria da Conceição Tavares, amiga de Dilma e de Serra — a quem chamou de “vampirozinho” –, ria da escolha do vice na chapa tucana. “Essa eu acho que realmente foi a única patetada que ele (Serra) fez. É pândego… Índio no Brasil, o vice (risos)! Ele (Serra) não vai poder nem se ausentar (mais risos)”, divertia-se.

No salão principal, as convidadas acomodavam-se enquanto o pianista Vicente Quintella dedilhava Tom Jobim, Vinícius de Moraes e a imortal “Carinhoso”, de Pixinguinha. Aguardavam atentas à apresentação que a anfitriã faria sobre a convidada principal. “Quero saber que proposta ela tem para a cultura. A indústria cultural é a terceira cifra de negócios do mundo, o Brasil não atinou para isso ainda”, cobrou a cineasta e produtora Lucy Barreto, voto declarado em Dilma.

Tartar de salmão, cherne com banana e crepe de maracujá

O salão principal da mansão dos Marinho é famoso pelos célebres eventos que já abrigou. Foi ponto de encontros com artistas, presidentes, príncipes – como o Philip, da Inglaterra -, reis e rainhas. Lustres de prata, peças barrocas e tapeçaria francesa garantem imponência à decoração do lugar, cujas paredes ostentam pinturas famosas, assinadas por nomes como Cândido Portinari.

Ao sinal da anfitriã, todos se posicionaram à mesa: o almoço seria servido. O chef francês Claude Troisgros contou desconhecer a identidade da convidada. “Só soube que era a Dilma depois que ela veio na cozinha me cumprimentar”. Braço-direito de dona Lily há mais de 20 anos, o mordomo Edgard Peixoto correu para retificar a informação. “Aquela senhora que veio aqui não era a Dilma, apaguem tudo”, pediu aos jornalistas.

Para abrir os trabalhos gastronômicos, o chef serviu tartar de salmão com maçã e funcho. O prato principal – receita criada por sua avó, Marie Toigros, em 1930 – ostentava filé de cherne com banana caramelizada, purê de batata, e molho de passas e urucum. De sobremesa, crepe suflê de maracujá.

Convidados impecavelmente servidos, dona Lily discursou. Microfone em punho, disse às amigas que elas estavam ali para homenagear a srª D. “Sim, esta grande dama, a srª Democracia, pois graças a ela nos é permitido esse convívio de diferença de opiniões”, anunciou. “Vivemos um momento de grande importância, estamos prestes a enfrentar o desafio cívico de fazer, nas urnas, a escolha certa daquele ou daquela que irá conduzir nosso país nos próximos quatro anos”.

Ao mencionar Dilma, Lily falou: “Poucos têm a oportunidade de ouvir diretamente os candidatos, sem intermediários nem interferências de pré-julgamento. Hoje, este privilégio nos foi dado por outra srª D, a senhora Dilma Rousseff, candidata da situação que se propõe a ser a primeira mulher presidente da República do Brasil, que gentilmente comparece a este almoço”.

Com discurso às mulheres, Dilma foi aplaudida duas vezes

Vestida com um discreto tailleur em tom creme, Dilma falou pausadamente e ressaltou a questão da mulher. Lembrou que quando criança pensava em ser “bailarina, trapezista ou bombeira, porque o sonho de ser presidente era dos meninos”. E destacou que programas como Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida são entregue às mulheres “porque elas não deixam de botar comida na mesa para seus filhos”.

Ao mencionar o encontro que teve com uma menina chamada Vitória, em um aeroporto, que a questionou se “mulher poderia ser presidente do Brasil”, Dilma avaliou que, se for eleita, trará para o país uma consequência e uma responsabilidade. “A partir daí, as mulheres podem. Acho que vivemos um momento em que mulher pode”, falou, recebendo a primeira salva de palmas.

Em seguida, a presidenciável petista defendeu alguns feitos do governo Lula. “Hoje o mundo nos trata de forma diferente. Enquanto a gente devia ao FMI, não nos respeitavam muito. Agora, quando você paga a dívida e acumula US$ 253 milhões de reserva, e ainda empresta ao FMI, o respeito aumenta”.

Foi aplaudida mais uma vez quando destacou a diversidade cultural brasileira, que prometeu incentivar.

“Ela é muito mais bonita pessoalmente”

De Carmem Mayrink Veiga, passando por Flávia Sampaio, namorada do empresário Eike Batista, à anfitriã Lily Marinho, Dilma foi elogiada pela aparência. “Não a conhecia, ela é muito agradável e bonita, muito melhor pessoalmente do que em fotografia”, disse dona Lily. “Ela é uma política e tanto, tudo que ela falou está certo. Ela está preparada para governar o Brasil”, acrescentou.

Indagada se o almoço foi promovido a fim de conquistar votos para Dilma, a senhora Marinho saiu-se com um savoir-fair que lhe é peculiar. “Eu não gosto nem entendo de política, só queria conhecê-la”, respondeu, para dizer, em seguida, que não pretende organizar almoços para nenhum outro candidato, nem se eles pedirem. “Se eles quiserem… Bom…”, desconversou.

A pedido dos jornalistas para que emitisse sua opinião a respeito do presidente Lula, dona Lily não economizou: “Ele é muito inteligente. Ele conseguiu nesses anos se fazer apreciar na Europa, nos Estados Unidos, é um encanto. Não o conheço pessoalmente, mas acho ele fantástico”.

Flávia Sampaio foi outra convidada que destacou a imagem de Dilma. “Me surpreendeu positivamente. Acho que posso convidá-la para minha clínica de estética, que não vai fazer feio”, observou, acrescentando que não entende de política e que ainda não definiu seu voto. “Preciso ouvir os outros candidatos”.

Ainda sentada à mesa, Alcione recebeu a atenção de Dilma e de dona Lily. Em troca, cantou, à capela, duas canções de Cartola – “As rosas não falam”, a pedido da presidenciável. “Sempre gostei da Dilma, é uma mulher fantástica, um exemplo para todas nós. Vai ser a nossa presidente da República”, falou a Marrom.

Quem também declarou voto na petista foi Ruth Niskier, mulher do ex-presidente da Academia Brasileira de Letras Arnaldo Niskier. “Já conhecia a Dilma. E gostei muito do programa dela para a cultura e a educação. Já defini meu voto, é na Dilma”, anunciou, antes de, ao lado das amigas, deixar o local.

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