Do blog Tijolaço.
O almirante Mullen devia prestar mais atenção no atoleiro em que os EUA se meteram no Afeganistão do que acusar quem o revela
Acho que o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, o almirante Mike Mullen, anda fazendo algum curso de declarações desastrosas com José Serra. Depois de ter a fracassada estratégia dos EUA no Afeganistão, incluindo seus crimes de guerra, divulgada através de documentos vazados pelo Wikileaks, o militar acusou o fundador do importante site, Julian Assange, de ter sangue nas mãos.
É curiosa a tese do Almirante. Então, contar que um grupo de soldados, meses ou anos atrás, saiu disparando sobre civis é sujar as mãos de sangue e massacrar os mesmos civis não é?
O Wikileaks tem se revelado uma ferramenta importante de divulgação de fatos que os Estados gostariam de manter secretos, e Assange recebeu ano passado o prêmio de mídia da Anistia Internacional. Os documentos que o Wikileaks distribuiu para os jornais revelam massacres de civis e um conflito de difícil saída para os EUA, já batizado de Vietstão, em alusão à guerra do Vietnam, da qual os EUA sairam derrotados.
Ao invés de investigar os crimes de suas tropas, que estas sim estão com as mãos repletas de sangue, o almirante Mullens ataca o editor do site que fez a denúncia, e convoca o FBI a ajudar nas investigações para descobrir o responsável pelo vazamento.
Considerado o principal suspeito, o soldado do Exército americano Bradley Manning, foi transferido do Kuwait para uma base na Virginia, onde permanecerá confinado até que o Exército decida sobre o julgamento. A velocidade e aparente eficiência do alto comando militar em encontrar culpados deveria se voltar para examinar o fracasso de sua estratégia no Afeganistão e o atoleiro em que se meteu, do qual terá muita dificuldade para sair.
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