Do blog do Luis Nassif.
Minas é intemporal. A cultura política do estado é única. E pouco compreendida pelos meus colegas analistas políticos de São Paulo e Rio.
Quando Aécio Neves tomou a decisão fundamental de se retirar da disputa pela presidência e se concentrar em Minas, seu discurso foi para dentro – para o estado. Chamaram-no de provinciano.
Quando Patrus Ananias foi indicado candidato a vice-governador na chapa de Hélio Costa, seu primeiro passo foi conseguir a aprovação da mãe. Deve ter ganho uns 5% a mais de eleitores.
Essas observações me vêm à cabeça nessa visita ao estado.
E aí me recordo de um almoço que tive em 2008 com velhas raposas mineiras, aqui em Belo Horizonte.
Aécio tinha fechado o pacto com Pimentel, que assegurara a prefeitura a Márcio Lacerda. Serra fechou com Kassab e Quércia e rifou Geraldo Alckmin – o mais popular dos tucanos. paulistas. A Dora Kramer saudou como a prova maior de que o verdadeiro Aécio – no sentido de habilidade política – era Serra.
As raposas mineiras liam tudo com cautela e com respeito. Dizia-me um deles:
- Serra é um estrategista, todo mundo que o conhece diz. Então seu plano com Kassab deve ter tais desdobramentos que nós, aqui em Minas, ainda não conseguimos captar. Vai levar um tempo para podermos entender seu alcance. Mas não é possível que não exista essa estratégia maior.
Na visão objetiva e simples, o que as raposas enxergavam era o seguinte:
* O DEM não tem futuro.
* Ao abrir mão de Alckmin, Serra deixou-o disponível para Aécio.
* Se Aécio avançasse em alianças com Alckmin, para não criar um inimigo forte no seu território Serra teria que fazer concessões a Alckmin.A partir daí, teria que combater em duas frentes, dentro do seu próprio partido: Aécio, no Brasil; e Alckmin, em São Paulo.
De minha parte, procurei acalmá-los com relação à sua capacidade de discernimento:
- Se vocês não estão entendendo, não se preocupem. Provavelmente, Serra também não.
Dois anos depois, os mineiros estão desconfiados de que a parte oculta da estratégia não existia.
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