Mário Augusto Jacobskind.
A hora da verdade está se aproximando. No próximo dia 3 de outubro será conhecido(a) o(a) sucessor(a) de Luis Inácio da Silva. Nos últimos dias, a oposição de direita – PSDB-DEM-PPS – ingressou com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral para impugnar a candidata Dilma Roussef acusando-a de responsável por violação de dados da Receita Federal ocorrida em setembro do ano passado. Nas centenas de declarações do imposto de Renda defenestradas encontram-se quatro correligionários de Serra e sua filha. A ação foi considerada improcedente e a decisão não poderia ser outra, pois tudo que foi apresentado não passou de um factóide para influir no resultado do pleito de 3 de outubro.
Na verdade, a oposição tentou jogar a eleição para o chamado tapetão, numa demonstração inequívoca de que está insegura quanto ao resultado das urnas. Seria, por assim dizer, uma reedição no século XXI do que acontecia nos anos 50 e 60 do século passado, quando políticos de direita procuravam nos quartéis impedir que candidatos a que se opunham vencessem as eleições e mesmo tomassem posse. Hoje, os políticos, que no fundo temem e desprezam a voz das urnas, têm aliados incondicionais na mídia de mercado para fazer cabeças, não sendo necessários os quartéis que, por sinal, não são mais o que eram naqueles anos da Guerra Fria.
Não se trata aqui de defender este(a) ou aquele(a) candidato(a) mas sim alertar sobre uma prática de políticos e analistas de plantão alinhados ao conservadorismo e que tentam evitar uma derrota acachapante nas urnas de 3 de outubro. Eleição não é para ser decidida no tapetão, mas no voto. E agora quem vai responder a tudo que está acontecendo serão os mais de 135 milhões de eleitores aptos a votar.
Tem mais. Alguns analistas chamam a atenção para um fato que ocorre em alguns países da América Latina: à medida que os partidos conservadores vão definhando com os resultados eleitorais, o espaço passa a ser ocupado pela mídia de mercado. Ou seja, a prevalecerem os resultados das pesquisas perdem força partidos como o Dem, o PSDB e o PPS, que serão substituídos pela mídia de mercado. Será a repetição do mesmo fenômeno ocorrido na Venezuela com a Ação Democrática, de linha social-democrata, e a social-cristã Copei, fragorosamente derrotados em inúmeras eleições e que mais uma vez tentarão voltar à cena nas eleições de 26 de setembro próximo. E quem ocupou o espaço dos partidos? A resposta é óbvia.
Se as pesquisas por aqui se confirmarem mesmo, valerá um estudo aprofundado, quem sabe na área acadêmica, sobre o papel exercido pelos meios de comunicação que visivelmente fizeram o jogo de José Serra e tentaram evitar a ascensão de Dilma Roussef, mas não conseguiram obter o resultado desejado.
Na área internacional, o mundo assiste o drama dos mineiros chilenos que estão debaixo da terra e só serão resgatados em dois ou três meses, segundo os técnicos, para evitar o desmoronamento da terra no local, que levaria todos à morte. Este drama pode servir também de reflexão sobre as condições de trabalho no Chile, o país que para muitos analistas de plantão é considerado um modelo a ser seguido na América Latina.
Em vez de se insistir no “espetáculo” midiático do drama dos mineiros, por que não mostrar as condições de vida dos trabalhadores chilenos? Por que leitores, telespectadores e ouvintes não podem ser informados, por exemplo, sobre como se encontram os aposentados e o significado das privatizações no Chile, tema tão em voga neste momento aqui no Brasil?
Já nos Estados Unidos, neste mês de setembro completam-se 12 anos de um dos maiores absurdos jurídicos dos últimos tempos: a prisão e condenação de cinco cubanos acusados de espionagem. Foram julgados em um Tribunal suspeito de Miami, sob pressão de notórios extremistas do exílio cubano.
Na verdade, Gerardo Hernández, Ramón Labañino, Fernando González, Antonio Guerrero e René González estavam vigiando grupos terroristas que agiam contra Cuba. Evitaram inclusive que atos de terrorismo continuassem a ser praticados. Os serviços de inteligência dos Estados Unidos foram avisados sobre a ação extremista que resultou em explosões de bombas em Havana sendo que uma delas matou um turista italiano. A resposta do governo Bill Clinton aos alertas detectados pelos cinco foi a prisão ilegal deles.
O tema é pouco divulgado pelos órgãos de comunicação e nos Estados Unidos para que apareça em algum jornal são necessários muitos dólares para a divulgação como matéria paga. Os jornalões brasileiros raramente divulgam a informação. Agora, para que os cinco sejam soltos bastaria uma canetada do Presidente Barack Obama. Se tivesse um mínimo de grandeza faria isso, mas como teme perder apoio eleitoral em Miami, onde reside a maioria dos cubano-americanos, dificilmente fará o gesto de grandeza.
Fonte: Direto da Redação.
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