Luis Nassif online.
Aos colegas mais açodados: cuidado com o andor nesse caso da quebra do sigilo fiscal: poderão se comprometer com os próprios leitores.
A história está mal contada. Não há certeza sobre os autores dessa façanha.
A questão-chave para elucidar o episódio é o óbvio "a quem interessa".
Não interessa à campanha da Dilma Rousseff, vitoriosa. Não interessando, o único argumento para incriminar o PT seria a existência de "aloprados" do próprio partido, sem visão estratégica, querendo mostrar trabalho. Verossímil é; não necessariamente verdadeira. Principalmente porque o desastre de 2006 deve ter traumatizado bastante o partido. Quem iria correr o risco de uma nova aventura que comprometesse sua própria candidata e que, como em 2006, jogasse no limbo da política todos os personagens envolvidos? Quando houve o vazamento, não havia candidatura de Dilma, mas Serra estava na frente nas pré-pesquisas. Há a possibilidade de possa ter sido armazenamento de munição para qualquer eventualidade.
lado de José Serra, o episódio interessa por dois motivos. O primeiro, como blindagem contra o livro de Amaury Jr. O segundo, como ferramenta de campanha, como foi em 2006 o episódio dos "aloprados".
Já afirmei aqui que o livro de Amaury Jr desestabilizou Serra, pelo receio do pós-eleições. Hoje, na Folha, a informação irrelevante de que Serra alertou Lula sobre o fato de blogs "semi-oficiais" terem divulgado dados de Verônica. Para levar o episódio a Lula, Serra deveria estar, de fato, preocupado com os desdobramentos do episódio, embora o álibi para a conversa tenha sido rídiculo.
PT e Serra têm histórico de dossiês. Em seu artigo de hojo na Folha, minha colega Eliane Cantanhêde menciona o histórico petista no caso dos "aloprados". Poderia ter ligado para sua colega, repórter (de fato e direito) Mônica Bérgamo, e indagado sobre o caso Lunus. Ou poderia ter puxado da memória e lembrado que, no caso dos "aloprados", havia duas correntes no jogo: os próprios "aloprados" (do lado do PT) e os policiais que montaram a cena em conluio com Ali Kamel (do lado do Serra).
Os jornalões vão fugir o máximo possível dos problemas ocorridos entre Serra e Aécio no ano passado, nas preliminares das eleições. Vão ignorar que o repórter Amaury Jr montou seu livro bancado pelo Estado de Minas - ligado a Aécio. Vão deixar de lado os indícios de que se tentou montar flagrantes contra Aécio e que o episódio deixou marcas junto aos seus aliados. Vão ignorar Itagiba e Márcio Fortes.
É possível que o caso tenha sido planejado por "aloprados"; é possível que tenha sido por aecistas, querendo se prevenir contra dossiês de Serra; é possível que tenha sido pela própria inteligência de campanha de Serra, buscando um antídoto contra as conclusões do livro de Amaury.
Ao cravar seco na hipótese dos "aloprados", colunistas entram no jogo apostando sua credibilidade pessoal. Enorme bobagem! Deixem esse jogo para o aquário, que tem mais recursos de edição e de manipulação de ênfases escondidos sob a falsa capa da neutralidade das reportagens.
Fonte: Blog do Luis Nassif.
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