terça-feira, 22 de março de 2011

ANOS DE CHUMBO - Rosário tenta identificar vítimas da ditadura.

Rosário tenta reconhecer vítimas dos
militares.

Acompanhada de familiares das vítimas, ministra visita cemitério em SP onde ocorrem buscas

Saiu no Vermelho:

Rosário: Estado foi incapaz de esclarecer crimes da ditadura

A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, acompanhou nesta terça-feira (22), em São Paulo, os trabalhos de buscas por desaparecidos políticos e admitiu que o Estado brasileiro foi “incapaz de dar respostas” aos familiares das vítimas da ditadura militar (1964-1985).

Maria do Rosário

“O Brasil tem hoje uma democracia madura, mas o grande desafio da nossa época é responder às páginas que ainda não foram respondidas. Vivemos esse período democrático também como resultado da resistência dos que lutaram, e essas pessoas não estão conosco”, disse Rosário.


Hoje, as equipes de peritos retomaram as tentativas de localizar os restos mortais de Virgilio Gomes da Silva e Sérgio Correia, ambos ex-integrantes da ALN (Ação Libertadora Nacional) e desaparecidos desde 1969. O trabalho, realizado no cemitério de Vila Formosa, zona leste da capital paulista, foi acompanhado também por familiares das vítimas e representantes do MPF (Ministério Público Federal).


Maria do Rosário lembrou que o Estado brasileiro ainda tem pendente a tarefa de encontrar os corpos dos ex-militantes que lutaram contra a ditadura e caíram em combate. Embora tenha dito que o Estado não respeita uma lei de 1995 que ordena a localização e a identificação desses restos mortais, ela ressaltou que o atual governo está fazendo todo o esforço possível, em prol do direito à memória e à verdade. “É uma dívida do Estado brasileiro com essas famílias. Nós não cumprimos a lei, mas quero dizer que todo o esforço está sendo feito”.


Governo reinicia busca por desaparecidos


A lei nº 9140, de 4 de dezembro de 1995, reconhece como mortas as pessoas desaparecidas em razão de participação, ou acusação de participação, em atividades políticas entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979. O Estado brasileiro admite responsabilidade pelo desaparecimento forçado de 136 pessoas.


A ministra disse que “dar uma resposta às famílias [das vítimas] fortalece a própria democracia brasileira” e prometeu esforços para erguer um memorial em lembrança de Virgilio, também conhecido como Jonas, e demais desaparecidos políticos.


“Queremos assumir esse compromisso. Que neste memorial se registre os desaparecidos e os mortos pela ditadura. Que se registre que o Estado torturou e matou, que se registre que as famílias nunca abandonaram seus entes queridos. Eles seguiram lutando, e nós precisamos responder a isso”, afirmou a ministra.


Ao falar sobre a Comissão da Verdade, Maria do Rosário voltou a negar qualquer atrito com as Forças Armadas ou com o ministro da Defesa, Nelson Jobim. A criação do órgão depende da aprovação de um projeto de lei que está parado na Câmara dos Deputados desde maio de 2010. “Esse governo atua unido”, afirmou.


Buscas


Nos trabalhos realizados essa semana no cemitério de Vila Formosa, o maior da América Latina, foram retiradas 15 ossadas que poderiam ser de Sérgio Correia. Todas, porém, foram descartadas de cara pelos peritos por não se adequarem às características fornecidas para as buscas.


No caso de Virgilio, a sexta e última sepultura será aberta. Mais de 30 ossadas já foram exumadas e encaminhadas para exames antropológicos. Destas, apenas três ou quatro não foram descartadas e devem ser usadas em um teste de DNA para que se saiba se são ou não os restos do ex-militante, que liderou o sequestro do embaixador americano Charles Elbrick durante a ditadura.


Isabel Maria Gomes da Silva, filha de Virgilio, afirmou que a presença da ministra no cemitério demonstra a “boa vontade” do governo ante a questão dos desaparecidos políticos. A presidente Dilma Rousseff também lutou contra a ditadura na juventude, foi presa e torturada.


“É um movimento muito importante, de resgate da memória. Não só quanto ao meu pai, mas para todos os demais desaparecidos. A sociedade não conhece essa história, e já é um começo”, disse Isabel.


Isabel, hoje com 42 anos, tinha quatro meses de vida quando o pai foi preso por agentes da repressão.Fonte: R7

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