Depois do Partido Militar, vem aí o Partido dos Empresários. Só fica faltando o Partido dos Banqueiros, mas este nem precisa ser formado, já manda em tudo mesmo.
Carlos Newton
Conforme já publicamos aqui no blog, a relação oficial do Tribunal Superior Eleitoral registra a existência de 27 partidos no Brasil, funcionando e recebendo generosos recursos públicos do Fundo Partidário. E agora aparecem outros 31 partidos em processo de organização a nível nacional, dos quais nove legendas já conseguiram registro em Tribunais Regionais Eleitorais, mas ainda estão pleiteando o registro nacional.
No meio dessa abundância partidária e eleitoral, depois do Partido Militar Brasileiro está surgindo mais uma legenda para disputar as próximas eleições. É o Partido Novo (PN), que teve o estatuto publicado no “Diário Oficial da União” no dia 17, e pode ser chamado também como Partido dos Empresários.
Formado por um grupo de executivos desiludidos, o que se pretende é um partido “sem políticos”, que possa “levar práticas da iniciativa privada para a vida pública”. O presidente do Partido Novo será o economista carioca João Dionísio Amoêdo, de 48 anos, seu principal articulador. Ele foi vice-presidente do Unibanco, hoje integra o Conselho de Administração do Itaú BBA e é sócio da Casa das Garças, centro de estudos que reúne economistas como Edmar Bacha, André Lara Resende e Armínio Fraga, que foi presidente do Banco Central. E o vice-presidente do partido será Marcelo Lessa Brandão, executivo do grupo BFFC, que controla marcas como Bob’s, KFC e Pizza Hut.
Para atrair aliados, eles já promoveram reuniões no Rio e em São Paulo, e estão enviando e-mails para empresários e profissionais liberais, com um resumo das propostas e um anexo com fichas de adesão, porque precisam reunir as 500 mil assinaturas exigidas pelo TSE para oficializar o partido. O discurso é neoliberal, e os criadores do Partido Novo se mostram decepcionados com as legendas que defendem as mesmas diretrizes, como o DEM, o PSDB, o PP etc.
“Podíamos ter criado uma ONG, mas achamos que um partido teria capacidade de ação muito maior. Existem 27 partidos aí, mas nenhum deles defende a eficiência e a redução de impostos como principal bandeira. A eficiência é a nossa principal plataforma. Os candidatos do Partido Novo terão metas de gestão e serão cobrados para cumpri-las”, anuncia Amoêdo, que afirma nunca ter se filiado a uma legenda e não revela o voto em eleições passadas.
Os fundadores já gastaram cerca de R$ 200 mil com consultoria jurídica e outros serviços. Publicitários produziram site, perfis em redes sociais e um vídeo promocional, que repete lemas como “Pense no Brasil como uma empresa” e “Se o Brasil fosse uma empresa, você seria o cliente”.
Sem garantia de que a ideia sairá do papel, Amoedo reconhece que não será fácil. “Mas sempre gostei de desafios”, diz, afirmando que foi atleta de Triátlon e no ano passado venceu sua maior batalha, ao se curar de um linfoma.
Além do Partido Novo e do Partido Militar Brasileiro, outras 30 legendas tentam se oficializar. Uma dessas siglas, curiosamente, ressurge a velha UDN (União Democrática Nacional). E outra legenda em formação é o Partido Democrático Brasileiro (PDB), que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, pretende usar como trampolim jurídico e burlar a lei, desfiliando-se ao DEM para depois, numa terceira etapa, entrar no PSB.
Existem também outras 15 organizações políticas que são consideradas partidos sem registro, que nas eleições se aliam a outras legendas, como a influente UDR (União Democrática Ruralista), o esfuziante PBM (Partido Brasileiro da Maconha) e os ultrarrevolucionários PCML (Partido Comunista Marxista-Leninista) e a LBI (Liga Bolchevique Internacional).
Ficou faltando só o Partido dos Banqueiros, mas estes nem precisam formar legenda, porque já mandam em tudo mesmo, aqui na Filial como na Matrix (EUA) e praticamente no resto do mundo, com exceção da China, Coréia do Norte, Cuba e outros países impenetráveis, digamos assim. Mas eles chegam lá.
Fonte: Tribuna da Imprensa online.
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