Quem freqüenta a praia de Copacabana já a viu sempre de camisa tricolor e um galo também de uniforme. Na sexta-feira estava em frente ao Consulado dos Estados Unidos segurando um cartaz onde se lia: “Obama go home”.
Policiais militares receberam ordem expressa do governador Sérgio Cabral para impedir qualquer protesto contra Obama no Rio. Por isso investiram contra ela com spays de pimenta, prenderam-na e foi trancafiada numa cela do presídio de Bangu 8 junto com outras três mulheres que estavam no protesto. Enquanto isso 8 homens, estudantes e trabalhadores eram levados para o Presídio da Água Santa, onde foram tratados como bandidos e tiveram seus cabelos raspados no melhor estilo de truculência da época da ditadura militar.
A Vovó tricolor só foi solta no domingo à tarde, depois de passar quase 48h no presídio, graças a uma liminar. Ontem (segunda) outra decisão judicial mandou soltar os outros detidos.
Uma comissão de parlamentares, no sábado, tentou argumentar com Cabral e Beltrame sobre a arbitrariedade, mas não os sensibilizou, e insistiram em manter a ilegalidade. Os manifestantes numa velocidade inédita na polícia do Rio foram presos, fichados e imediatamente transferidos para presídios. É estarrecedor. Só faltou “instituírem um tribunal revolucionário” no estilo dos talibans e também os condenar sumariamente. Pura perseguição política típica dos regimes autoritários. Não tiveram nem direito a fiança, como nos tempos da famigerada Lei de Segurança Nacional.
Ontem (segunda), manifestantes pretendiam fazer um ato simbólico de protesto lavando a escadaria do Teatro Municipal, onde Obama discursou. Mesmo sendo uma manifestação pacífica, a PM investiu com cassetetes contra eles e reprimiu o protesto em mais um atentado à democracia e à Constituição brasileira.
A Vovó Tricolor foi solta, mas continuará a responder por crimes de lesões corporais e por ter causado desordem pública. É o que eu disse aqui antes, só falta quererem dizer que essa senhora pacata e conhecida do povo do Rio de Janeiro foi responsável por arremessar um coquetel molotov.
O mais triste nesse episódio lamentável de afronta ao Estado de Direito, é que no Rio de Janeiro, sucessivamente, vêm ocorrendo práticas ilegais e imorais por parte de autoridades, com a conivência de quase toda a mídia, que tudo esconde, e com o silêncio inexplicável de entidades da sociedade civil, que no passado sempre foram bastiões de resistência e defesa do povo
brasileiro, como a OAB, a ABI, o Clube de Engenharia e outros, que nos dias de hoje permanecem mudos, como se estivessem em berço esplêndido.
Ricardo Lafayette
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