Carlos Chagas
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A presidente Dilma Rousseff chega hoje a Portugal para participar da homenagem da Universidade de Coimbra ao ex-presidente Lula. Terá tempo para examinar o que acontece naquele país. Com certeza trará lições sobre o que não fazer no Brasil, exatamente o que o governo português vem tentando. Demitiu-se o primeiro-ministro José Sócrates, ainda que deva permanecer no cargo por dois meses, por conta das resistências na Assembléia Nacional ao seu plano de “recuperação econômica”.
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Assim como a Grécia, a Irlanda, a Espanha, a França e outras nações européias, Portugal quer sair do sufoco às custas do trabalhador. Para manter felizes as elites financeiras, na verdade as causadoras da crise econômica, os dirigentes portugueses estão propondo aumento de impostos, redução de direitos, a começar pelas aposentadorias, demissões em massa, interrupção nos investimentos sociais, cortes nos gastos públicos e outras fórmulas clássicas do neoliberalismo.
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Os protestos já se fazem sentir em Lisboa e no Porto. Os sindicatos estão na rua, mobilizando contingentes de prováveis vítimas da sanha do chamado mercado. Os trabalhadores não aceitam iniciativas capazes de tornar ainda pior a vida deles, mas, pelo jeito não vai adiantar muito a sua reação. Não tem adiantado em situações similares no Velho Mundo. Lá, a prevalência continua sendo das elites, na hora das decisões. São elas a base da maioria dos governos europeus.�
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Ao retornar, Dilma precisará meditar para prevenir. Não há iminência de crise, entre nós. A economia mantém-se estável, continuamos crescendo, novos empregos tem sido criados e, mais importante ainda, o governo atual não surgiu das elites e nem parece prisioneiro delas, ainda que continuem tentando dominá-lo.
Mas já se falou em aumento de impostos, no caso, a volta da CPMF. Registra-se a contenção de gastos públicos, na ordem de 50 bilhões, apesar das promessas da presidente pela preservação das obras do PAC. Mesmo assim, ressurge a ameaça de modificações no sistema de aposentadorias.
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Dificuldades são inerentes a qualquer administração. Tudo indica o modelo europeu longe de aportar por aqui, mas prevenir e prestar atenção será sempre bom. Numa palavra, resistir.
Fonte: Tribuna da Imprensa online.
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