Servidores nos EUA lutam por direitos sindicais. Iniciado em Wisconsin, o movimento ganha força. Até o cineasta Michael Moore e o pastor Jesse Jackson já entraram em cena.
João Carlos Olivieri
O cineasta Michael Moore foi a Madison, capital do estado de Wisconsin, porque, segundo suas declarações “esta é uma guerra de classes”. Os protestos foram comparados aos ocorridos no Egito por participantes e analistas como Noam Chomsky, que os definiu como “o primeiro sinal da revolta das massas trabalhadoras” contra medidas semelhantes em outros estados. O reverendo Jesse Jackson, o líder popular Jim Hightower, e importantes líderes sindicais e sociais, juntaram-se aos protestos nas últimas semanas.
A crise começou em 14 de fevereiro, quando o governador republicano de Wisconsin, Scott Walker, apresentou um projeto de lei antidemocrático, que, entre outras coisas eliminaria quase todos os direitos de negociação coletiva da maioria dos funcionários públicos, além de cortar os salários e os benefícios deste setor. O governador defendeu seu projeto dizendo que era necessário para equilibrar o débito orçamental de três bilhões e 600 milhões de dólares nos próximos dois anos.
Em resumo, o projeto de lei exige que os funcionários públicos paguem uma parcela maior de seus seguros de saúde e fundos de pensões e elimina dos sindicatos (exceto o dos bombeiros e o da polícia), o direito de negociação coletiva sobre outras questões que não sejam os salários (e este só poderá ser renegociado, se o aumento proposto estiver abaixo do nível da inflação).
Até agora, tudo indica que o principal objetivo do projeto do governador é o de destruir a união AFSCME (Federação Estadunidense de Funcionários do Estado, Condado e Município), que foi fundada em Wisconsin em 1930, destruindo também o WEAC (Conselho da Associação de Educação de Wisconsin), um dos sindicatos de professores mais fortes e mais eficazes no país (4).
Milhares de pessoas (mais de 100 mil, segundo estimativas), cercaram o Capitólio estadual, na capital Madison, cuja população total é de apenas 250 mil habitantes. O que começou como um repúdio às medidas republicanas para limitar severamente (quase anular) direitos sindicais de cerca de 175 000 trabalhadores do governo de Wisconsin, está a transformar-se numa rebelião contra a repressão aos trabalhadores em alguns outros pontos do território estadunidense.
A resistência em Wisconsin incluiu vários tipos de táticas não violentas, desde a ocupação do Capitólio estadual (em Madison) até a fuga de 14 senadores democratas do estado para tentar impedir o quorum necessário para a aprovação da lei, imposta pela direita da direita republicana, em manobra parlamentar, agora sujeita a revisão judicial.
Não seria equivocado pensar numa possibilidade de que o movimento cívico venha a se converter numa revolta, com milhares de adeptos e assim crescesse por muitos outros estados dos EUA. Aguardemos o avanço da história…
Fonte: Tribuna da Imprensa online.
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